quarta-feira, 29 de junho de 2011

Meu Nome É Khan

Gosto muito de filmes israelenses! - disse um amigo certa vez. Depois alguém me chamou atenção para importância do cinema indiano. Eu por minha vez nada podia dizer, só havia assistido “Quem quer Ser um Milionário’ e alguns outros que apesar da boa fotografia, causaram-me sono, mas fui surpreendida com Meu Nome É Khan. E preciso admitir quero assistir outros tantos filmes indianos, eis a melhor forma de entender pelo menos um pouco dessa cultura tão repleta de fé e beleza e tão facilmente levada a “injustiças”.
O longa, é bem longo, com duração média de três horas, que nem são sentidas, devido a qualidade do filme. Interpretando o protagonista Rizwan Khan, o grande astro indiano Shah Rukh Khan, dá um show de interpretação e talento. O personagem não é fácil, por ser um autita moderado e ter sido sempre o centro das atenções da mãe e é quando a mesma morre que Khan se muda para os EUA, onde mora com seu irmão mais novo e sua esposa.

Vencendo seus problemas Khan conhece uma cabeleira, ricamente interpretada pela belíssima Shahrukh Khan e se apaixona, no caminho dessa conquista é possível se deparar com uma impressionante fotografia, repleta do olhar estrangeiro. Ponto alto ao jovem ator que interpreta o filho de Shahrukh Khan.
A questão principal é que “Não importa que abracemos o Corão, a Bíblia ou a Torá. Todos podemos conviver se utilizamos a mesma plataforma de diálogo. Um filme pode ser essa plataforma", disse o diretor Karan Johar.
O filme trás emoções e mensagens pseudo-políticas e é demasiado forte, sem deixar de ser um filme ingênuo, centrado em um homem ingênuo - um muçulmano com um leve autismo, que percorre os Estados Unidos para transmitir uma mensagem ao presidente: "Meu nome é Khan e não sou um terrorista".
As cenas distinguem claramente o mau e o bom, sem dissimulações e sintetizam o período transcorrido entre o 11 de setembro que mudou o mundo e hoje, George W. Bush e Barack Obama.
O filme é belo e reflexivo, aconselho um lenço, no caso de uma lagrima lhe fugir aos olhos.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Foi–Uma Peças aos Pedaços

Vi indicações de um espetáculo. O nome? “Foi – Uma peça aos pedaços”. Foi do verbo ir, ou do ser. Foi de ir-se, sem perceber a ida, nem tão pouco o caminho. Permitir-se? Talvez... A questão é que gostei do titulo e sou plena admiradora dos bons títulos. Dessa forma segui para o teatro. Não? Não. O espetáculo não acontece no teatro e sim na Torre Quixadá, para ser mais exata no antigo PLatoh.
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Chegar naquele edifício enorme e encontrar pessoas queridas, todos com o mesmo objetivo, “ir?”. Sobe-se 20 andares, a pressão incomoda os ouvidos, mas logo que a porta abre nos deparamos com toda aquela luz... Nossa! Como Fortaleza cresceu! 
É possível percorrer todo espaço antes que o espetáculo comece e nesse passeio além do encantamento natural pela “beleza” da cidade, é possível esbarrar em luzes, escadas, fios e, na cidade.
Como a história do autor e também diretor, Rafael Martins é contada aos pedaços, nos dirigimos todos ao primeiro pedaço. Cadeiras pretas, dois microfones, uma escada e mais uma vez.a cidade. Para onde quer que olhemos a vemos se movimentar.
Entra em cena uma mulher, que pode ser qualquer um (a), em qualquer grande cidade. Uma fêmea, mãe, profissional, ex-esposa, mulher. E ela segue sua rotina, um cotidiano que de tanto e tamanho, torna-se automático, repetitivo, caótico e... Vazio? Talvez...
É nos dado o alerta e então nos dirigimos ao segundo pedaço. Outra disposição de cadeiras, outras luzes, uma mangueira, que é ao mesmo tempo, microfone, oxigênio e luz que demarca, questiona, aponta e julga, por não julgar-se. Foi exatamente nesse segundo pedaço onde me senti mais envolvida, o ator Jadeilson Feitosa narra outra história e se diverte com a platéia que sem saber exatamente como se comportar, mantêm-se o máximo de tempo possível em estado de conforto, até que o personagem nos leva (pelo menos me levou) a sentir um quase abuso dele, uma vontade de mandar calar a boca. Sei lá.
Mais uma vez o alerta e chegamos ao terceiro pedaço é preciso admitir que mesmo    as imagens belas e chuvas de papel não prenderam a cena. Talvez a cidade no vigésimo andar talvez seja muito calada, e ter alguém suspenso como em um mirante, precisa de mais sons, ou não... A questão é que a solidão mais uma vez faz-se presente e muitas questões são levantadas.
Só ao me aproximar do quarto pedaço, que percebi que andávamos em circulo e estávamos quase voltando ao ponto “O”. E ao me dar conta disso, lembrei-me da primeira cena e ela estava ali mais uma vez, em todos, talvez... De imediato lembrei-me do chato do segundo pedaço. Quem sabe não seria ele o “Mauricio”? Mas quem é Mauricio? E Olga? Com quantos anos deixamos de ser crianças para pensarmos como gente grande? E que graça tem ser uma pessoa grande?
Percebo também no quarto pedaço que o piso anda lentamente, quase imperceptível, ele roda e leva quem nele está; assim como a vida. E passa... O que não passa?
Antes de sair do chão que me leva, olho mais uma vez a cidade acesa lembro-me de quando as luzes do céu brilhavam mais que a do chão. Nesse momento então dou um passo e opto pelo local de chegada. Ou seria de partida? O fato é que Foi!
O Monologo de Jadeilson Feitosa, com Texto e Direção de Rafael Martins, cenário de Raíssa Starepravo e figurino de Diogo Costa, é um espetáculo delicado que, no entanto, ainda precisa ser regado, com carinho e cuidado de mãos jardineiras.
Parabéns aos colegas por mais um risco corrido nessa loucura que chamamos de arte!
 
* Ao final ainda teve um bolo super digno feito e oferecido por Marcelo Bonavides.
* Grata Ivina, sem você essa peça aos pedaços não teria sido sentida.

Little Ashes

 

Adoro receber boas indicações de filmes, pois sempre temo que os melhores não estejam entre os blockbuster. Quando a indicação ao filme vem de alguém que acredito ter absoluto bom gosto, a urgência em assistir, ouvir ou ler a indicação sugerida é ainda maior. E foi exatamente esse o caminho seguido para que eu me deparasse com Little Ashes. A curiosidade urgente fez-se ainda mais presente, quando soube que filme se tratava de Federico Garcia Lorca e Salvador Dali.

Com o primeiro vivi anos, interpretei alguns de seus textos, mas devo admitir que nunca explorei sua vida e seus amores, o segundo durante grande parte da minha adolescência, me acompanhou em cheiros e sonhos, pois impressionada com sua arte, sonhei com seus quadros, mas assim côo o primeiro, nunca me interessou seus por menores.

Comecei a assistir ao filme com algumas expectativas, além da forte indicação, havia o fator escândalo devido a Robert Pattinson (Série Crepúsculo), que vinha trilhando o caminho absolutamente comercial e resolveu arriscar em um filme perigoso. Logo a principio sou remetida ao Filme Sociedade dos Poetas Mortos e todo o glamour que pode haver em um centro de estado que abraça jovens gênios. Lidar com a genialidade não deve ser tarefa fácil. Mas me deixei levar.

O filme dirigido por Paul Morrison, não chega a ser um sucesso, os dados históricos não batem, mas deixando eles de lado, esquecendo-se inclusive que o filme trata sobre três grandes nomes da época, é mais fácil se deixar levar pela história, desejos, sonhos, conflitos. Para alguns críticos o filme é um fiasco. Não concordo, pois ele me levou do inicio ao fim e filmes ruins não consegue prender.

É fato de que grande parte dos comentários, positivos e também negativos, vem da participação de Robert Pattinson, que pela primeira vez me mostra que é um ator, pois o vampiro da famosa série, não havia me convencido do rela talento do artista, que interpreta Salvador Dali e por vezes dá um show de interpretação, não é uma constante, mas tem seus momentos bem marcados.
Eu no entanto me deixei levar muito mais pela sutileza e franqueza de Javier Beltrán que interpreta Federico. Impossível não falar sobre Matthew McNulty (Luis Buñuel), e Marina Gatell (Margarita). Acho forte e talvez um pouco demais a cena em que Luis Buñuel ler o diário de Federico e sai a procura de si, ao que termina em pancadaria. O filme trás uma sensualidade constante, inclusive na jovem escritora, com quem Federico tem uma bela relação.

O fato é que ao tratar de artistas tão emblemáticos, precisaria de mais carga emocional, por parte dos atores, assim como da direção. Por vezes o filme fica estranho, talvez pelo fato de que falarem inglês, não sei ao certo.

No mais, é um bom filme, se não levamos muitas questões em conta. Aos admiradores desses artistas indico a leitura de "Lorca-Dali, o amor que não poderia ser," afinal não se pode afirmar categoricamente que a relação Lorca e Dali foi além da amizade, como alega o filme.

A questão então poderia entrar para outro viés, o da importância do cinema como comunicador. Por fim, penso que seja um filme para se assistir para refletir sobre as dificuldades vencidas, mas pouco fala dos artistas que se submete a expor.

domingo, 12 de junho de 2011

FeLiZ dIa DoS nAmOrAdOs!

Hoje me mandarei flores, escolherei as mais belas e talvez também as mais caras, optarei pelo melhor, pois a presenteada serei eu. Eu que nunca gostei de flores, que espirro ao mais sutil contato com as rosas, eu que sempre me disse anti - romântica. Estou sentindo dentro de mim uma vontade imensa de me fazer um agrado.

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Estou sendo tomada por um desejo sutil de amor por mim mesma, talvez motivada pelo dia dos namorados. Troco a festa dos solteiros por uma bajulação a mim, escolho-me flores, as mais minhas, as que me escolher, sejam vermelhas, brancas, rosas amarelas e que sejam lindas, já que não são eternas.

Escolho as flores e penso nos casais, quais quer que sejam eles, penso no par, na dupla, na camaradagem, penso na cumplicidade e na liberdade de ser. E pergunto-me: Do que temos medo? Relacionar-se não é tão difícil, basta que tentemos aprender todos os dias a respeitar as diferenças, o que nem de longe é tarefa fácil.

Eu, solteira por opção nada tenho contra esse dia, na realidade com o passar dos anos esse agendamento obrigatório e tão comercial foi perdendo sentido pra mim, dia das mães, dos pais, dos índios, Natal,dia dos namorados, são apenas mais um dia e esses homenageados devem ser lembrados todos os dias, para que se compartilhe sempre o que há de presente.

O Dia dos Namorados nada mais é que uma homenagem aos deuses Juno e Lupercus, conhecidos como protetores dos casais. No dia 15 de fevereiro, faziam uma festa a estes em agradecimento da fertilidade da terra. Como os casais apaixonados eram impedidos por suas famílias de casarem-se, um padre de nome Valentino passou a realizar os matrimônios as escondidas, para que os casais não fugissem sem a benção de Deus. Com isso, o dia 14 de fevereiro passou a ser considerado o dia de São Valentin (Valentine’s Day), em homenagem ao padre, sendo comemorado nos Estados Unidos e na Europa como o dia dos namorados.

No Brasil, João Dória, que havia chegado do exterior foi o responsável pela absorção dessa homenagem, que foi absolutamente bem aceita pelos representantes do comercio, usaram-se desse agendamento para aquecer as vendas, para isso alteraram a data para 12 de junho, pela proximidade com o dia do Santo Casamenteiro, Santo Antônio.

E assim mais uma data que deveria ser de troca de amor, passa a ser um festival de gastos e presentes, onde acaba por se esquecer o principal...

Ainda sigo a idéia de que é na proximidade que a relações se constroem, em uma proximidade de almas, de verdades, e é fato que as verdades costumam ser cruéis, mas não se pode esquecer que a não verdade pode ser é ainda mais. Venho tentando ser obediente ao meu intimo. Atividade complexa, mas absurdamente saudável.

Então aos namorados que se amam e se respeitam, que se ouvem e se admiram, aos que são parceiros, amigos e amantes, cúmplices, a esses que optaram por se amam apesar de, desejo um dia lindo, como devem ser todos os outros, os qu estão juntos, apenas para não se encarem eu desejo mais coragem.

Feliz Dia dos Namorados para Todos!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

As Horas



Hoje serei mais pessoal mesmo por que acabei de assistir o filme “As Horas” do diretor Stephen Daldry. Se não me falhe a a memória foi a terceira vez que assisti ao filme, antes já havia lido o livro de mesmo nome,  autoria de Michael Cunningham, . O livro ganhou o prêmio Pulitzer (o maior prêmio da literatura) e foi aclamado pela crítica. E não poderia ser diferente, pois é em absoluto genial, sendo um dos melhores livros que já li, por conseguir nos transportar para história.
Lembro que quando li o livro, comentei que ele estava pronto para ganhar as telonas, por ser em si um roteiro. Hoje ao assistir “As Horas”, fui mais uma vez tomada pela história dessas três mulheres, cada uma em seu tempo, sentindo tão intensamente que se torna possível sentir junto.
O filme mais uma vez me leva a reflexão da fortaleza que há na entrega, na dor que há na não compreensão, quando se tem muito amor e não se sente merecedora de tanto, é o amor sufocante, em horas intermináveis. E assim como o livro, é uma bela história de infelicidade. Apesar de toda a sincronia alegre que as três protagonistas insistem em fazer em vários momentos do filme, nos pensamentos suicidas, nas suas estórias de vida que as marcam, nas suas doenças, nas suas manias e nos seus traumas que cativam, com um sentimento contagiante, tudo isso exalando tristeza intensa, desde os diálogos interessantes e corridos até o figurino de cores mortas.
O filme é dividido em três partes principais. A primeira conta sobre a história da maravilhosa escritora Virginia Woolf (Nicole Kidman), uma escritora doente e depressiva, que tem constantes idéias suicidas o que dificulta que mantenha a calma perto das pessoas e se concentrar para escrever suas obras; a segunda ocorre 28 anos depois, em 1951, com Laura Brown (Julianne Moore), a esposa de um ex-soldado que planeja fazer uma festa para ele, mas após alguns acontecimentos do dia começa a pensar sobre toda a sua ligação conjugal; e, em 2001, um dia especial para Clarissa Vaughn (Meryl Streep), uma editora que vive em Nova York e planeja dar uma festa a seu antigo amante, Richard (Ed Harris), que ganhou um prêmio por escrever um livro sobre sua vida com a AIDS. Todas estão interligadas pelo romance Mrs. Dalloway. Virginia o escreve, Laura o lê e Clarissa o vive.
A atuação do filme é um espetáculo a parte, Nicole Kidman que ganhou o Oscar de melhor atriz por esse filme, está irreconhecível e passa fortes emoções; Juliane Moore,emociona e encanta com sua beleza triste; Meryl Streep, é quem menos chama atenção, talvez por sua tristeza ser mais cotidiana , ou apenas por expectativa frustrada. Quem também chama muita atenção é o ator mirim que interpreta o filho de Juliane Moore, e muitos méritos Ed Harris que interpreta o escritor Richard, escritor que foi amante de Meryl no passado e hoje está com Aids e morrendo. Muito mais poderia ser dito a respeito, mas daí você perderia o prazer de uma boa revelação.
Todo mundo merece se deixar envolver pelas Horas.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Shortbus

            As vezes me pergunto que serei eu um espírito evoluído, pois como ser humano estou deixando a desejar. 
Como falar sobre "Shortbs" sem falar da primeira cena? Fazer isso seria tirar 20% do impacto inteligentemente causado no espectador, que ao se permitir entrar na história e aceitar que são possibilidades já não sente tanto o impacto das cenas.
O desconcertante nu frontal provoca e comprova a sua honestidade. É tudo tão leve e possível que apesar das cenas quentes não há excitação de fato e sim um caminhar junto com essas pessoas que ali se apresentam, nenhum ator já consagrado do cinema mundial e talvez por isso mesmo, tão a vontade nas câmeras.
Nesse sentido, "Shortbus" assume as várias dimensões das suas personagens, apresentando-os em cenas de sexo explícito, onde a ideia do pornográfico surge de imediato, mas rapidamente se dilui para um entendimento, por parte do espectador. O que se vê são momentos que cada um de nós pode viver na sua intimidade, sendo por isso natural, e onde o contraste entre as figuras tipo do filme, apesar da sua excentricidade, reproduzem anseios, dúvidas e desejos que são comuns a todo o ser humano.

O "projeto para um filme de sexo" de Mitchell começou ainda nos anos 90, quando diretores como a francesa Catherine Breillat, de "Romance", resolveram explorar o erotismo em seus filmes , deixando de lado acensura sutil do fantasma da Aids. Mas Mitchell queria não somente ousar na representação, para fazer contraponto ao sexo sem suor de Hollywood. Para ele, sobrava negatividade no sexo cinematográfico, associado à frustração ou violência, e faltava humor. E um viés político.
"O sexo aparece integrado às vidas dos personagens", disse Mitchell à Folha, durante a apresentação de seu filme no Festival de Toronto.
O filme ao mesmo tempo que trás peso psicológico e cenas fortes de  sexo, consegue também usar-se do humor, o que fica clara em cenas, como a que três rapazes entoam o hino nacional americano durante um ménage à trois.
"Shortbus" --nome daqueles ônibus escolares amarelos e também de uma festa mensal que acontece em Nova York, onde acontecem os conflitos amoroso-sexuais de sete personagens: uma terapeuta sexual que nunca teve um orgasmo (Sook-Yin Lee, apresentadora de TV canadense) e seu marido (Raphael Barker), uma dominatrix solitária (Lindsay Beamish), um voyeur (Peter Stickles), um casal gay (Dawson e PJ DeBoy, namorados na vida real) que não consegue transar, e Ceth (Jay Brannan), jovem que parece ser o vértice ideal para um eventual triângulo deste casal.
Junto com todo esse conflito existe ainda muito forte a lembrança do 11 de setembro. "Shortbus" é um filme sexual e forte, mas acima de tudo reflexivo,. É o humano em busca de sua plenitude.
Para maiores de 18 anos.

Título original: (Shortbus)
Lançamento: 2006 (EUA)
Direção: John Cameron Mitchell

Sei que Vou te Amar

Existem alguns muitos bons filmes que por algum motivo não se encaixam no setor comercial, o que me assusta é que sempre que me deparo com um desses me pergunto o que leva o setor comercial a gostar tanto do enlatado em detrimento dos bons filmes. Eu Sei que Vou Te Amar, é um desses filmes ótimos que infelizmente não recebeu o publico, nem a atenção necessária.
O longa da australiana Elissa Down, “Sei que Vou Te Amar”, (The Black Balloon - título original), foi aplaudido pela crítica, mas não alcançou as salas de cinema merecida, mesmo sendo uma dessas pérolas que a gente descobre nas prateleiras das locadoras é um filme que merece ser descoberto, sua existência deve ser alardeada com o máximo de barulho possível, por tratar de temas comuns a todos, em especial a aceitação das diferenças.
Em uma época como a nossa em que as diferenças se expõem, mais e mais a cada dia, faz-se preciso entendê-las e respeitá-las e de alguma forma é a essa reflexão que o filme nos remete ao narrar a história de uma família australiana na década de 1980, cujo filho do meio Thomas Mollison (Rhys Wakefield), tem de lidar com todas as angustias da adolescência e junto a isso encarar as “injustas” condições impostas por sua vida familiar. Com a gravidez conturbada de sua mãe Maggie Mollison (Toni Collette), o jovem Thomas assume junto com seu pai Simon Mollison (Erik Thomson ) a responsabilidade de cuidar da casa e de seu irmão mais velho Charlie Mollison (Luke Ford), que sofre de autismo e TDAH.
Além da família Mollison, é possível se deixar envolver por Jackie Masters (Gemma Ward), garota compreensiva e órfã de mãe que encontra na família que para Thomans parecia complicada um lugar para se sentir em casa, mas também um lugar repleto de uma pseuda agressividade, já que o mais existe na família Mollinson é amor.
É preciso deixar claro que o filme trás um autista, mas, não é ele foco da história, pois mesmo quando o jovem Luke Ford dá um show de interpretação, ou quando percebe-se que seu personagem é o centro de atenção da família, é pela perspectiva de Thomas que a narrativa acontece. É sua solidão e angustia chamam atenção desde o primeiro instante, com toda intensidade de acontecimentos desta fase da vida.
Sei que vou te amar é um longa-metragem de impacto, extremamente delicado e humano ao tratar de relações familiares, da maturidade, da tolerância e especialmente das diferenças. O filme conta com a contribuição de um elenco excelente. Outro ponto alto do longa é a sua fotografia que nos remete a época.
“Sei que Vou Te Amar” é um filme que leva a reflexão por sua sensibilidade e sutileza ao tratar de assuntos delicados.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O Noivo da Minha Melhor Amiga

 
Em uma época em que criar o novo é praticamente impossível, “O Noivo da Minha Melhor Amiga”, nos remete ao divertidíssimo “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, mas de fato não o alcança. O que não quer dizer que esteja aquém, é apenas, um igual diferente. A questão acaba que vai além, com o mar de clichês, muito presente nas comédias românticas.
Dessa forma, o esforço feito pelo diretor Luke Greenfiled na busca de pouco de originalidade, pode e deve ser elogiado, ainda que nem tudo tenha dado certo. Sem dúvida, é um avanço na carreira do diretor Greenfield, que tem no currículo os fraquinhos "Um show de vizinha" (2004) e "Animal" (2001).
A partir do roteiro de Jennie Snyder, baseado num livro de Emily Giffin, desenvolve-se a trama do trio principal, as amigas de infância Rachel (Ginnifer Goodwin) e Darcy (Kate Hudson) e o noivo, Dex (Colin Egglesfield).
A história que fala do poder da escolha e das decisões, narra o amor entre Dex e Rachel, que desde a faculdade de direito acontecia por detrás do medo de se expor e mais, do de machucar o outro. Na contra mão desses medos está a exuberante Darcy que, fisgou o rapaz e marcou o casamento.
Como de prate, quando os preparativos do casamento entram na reta final tudo se desenrola. A mal-disfarçada atração entre Rachel e Dex acaba saindo do controle. É no aniversário de 30 anos de Rachel, que após algumas bebidas, confissões e sintonia, ambos se soltaram e rola uma noite de amor.
Mas logo cedo são despertados pelo telefone e quem era? Darcy. Sem saber o que fazer vão levando a história no “banho maria”, apesar da vontade de contar tudo a Darcy, mas há também o medo de magoá-la. . Dex acha uma desculpa para o seu sumiço a noite toda e a vida segue. Os sentimentos divididos, bem como a culpa, não saem da cabeça do noivo e da melhor amiga da noiva.
Outro personagem marcante e estimulador das ações de Rachel é Ethan (John Krasinski), amigo leal que a todo instante tenta injetar um pouco de auto-estima na moça, ele rouba a cena diversas vezes - uma das melhores, num jogo na praia.
O filme, no entanto, não se livra, dessa espécie de código moral dúbio das comédias românticas de Hollywood, segundo o qual dormir com o noivo da amiga até pode - se ela não souber - mas dar-lhe umas duras, nunca. Quem também tem seus momentos Claire (Ashley Williams), uma assanhada crônica que tenta de todo jeito conquistar Ethan. Para livrar-se desta marcação, ele até finge ser gay, o que rende algumas sequências divertidas.
Outro que marca presença é Marcus (Steve Howey), um amigo de Dex, típico cafajeste profissional, que joga seu pseudo-charme grosseiro para toda mulher que se aproxime - Rachel é uma de suas vítimas, com apoio da amiga Darcy, que acha que ela está solitária demais.
Como muitas idas e vindas o longa segue até a decisão final sobre o casamento. Alguns dos desdobramentos são até um pouco mais sérios do que a média das comédias românticas. A personagem de Kate Hudson, especialmente, tem nuances meio inesperadas na parte final.
É um filme leve, um típico romance americano, mas penso que seja uma boa pedida e sem via de duvidas leva a reflexões simples sobre o relacionar-se, indiferente da relação, seja familiar, amigável e/ou romântica. Vale a pena conferir!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Se Beber Não Case 2

Acostumados com as sequências que acabam não sendo tão boas, o publico assim como eu, entrou no cinema despretensiosamente. Afinal não seria uma surpresa se o filme “Se Beber Não Case 2”, não conseguisse atingir o mesmo sucesso do primeiro. Usando-se da mesma história, contando com o mesmo elenco e provavelmente as mesmas reviravoltas. O que nos surpreende é perceber que o filme é tão bom quanto o primeiro.
A diferença aqui é que, o primeiro filme se esforçou para desconstruir um gênero que essa continuação, mesmo sendo uma copia exata, tanto em termos de estrutura, quanto narrativos, de personagens e situações, ainda continua sendo moderna e diferente de tudo.

O filme começa e logo de cara a conversa entre Phill (Bradley Cooper) que consegue está ainda mais lindo e a mulher de Doug (Justin Bartha, pivô do desassossego do primeiro). E textos como: “Aconteceu outra vez”, “O que há com vocês três?” e “é um pouco pior que isso.”, criando assim a expectativa no desastre cômico.
Como o esperado tudo começa com a preparação de uma casamento, dessa vez ´Stu, o dentista travado, vivido por Ed Helms que irá se casar com uma Tailandesa, na Tailândia. Na mala os dois melhores amigos e Alan (Zach Galifianakis),o psicótico e atrapalhado, responsável por ter colocado droga na bebida dos amigos no primeiro filme, acaba indo ao casamento como um favor.
Como Doug está recém casado e grávido junto com sua mulher, quem completa o quarteto é o cunhado de Stu, um geniozinho de dezesseis anos. O mais “louco” é se dá conta que toda a confusão hilariante começou em uma inocente fogueira à beira da praia e chegou a Bangcoc e a pedida e se sentar na poltrona de forma relaxada e se divertir nessa viagem insólita.
È inegável que Ken Jeong e os amigos passam por momentos divertidíssimos, desde acordar em um quarto estranho a tudo que vão descobrindo pelo caminho sobre a noite anterior. Lembranças que vão completando esse mosaico que se cria na noite perdida e é pintado com um macaco fumante e traficante, dançarinas travestis, mulheres de peito como diz o próprio personagem, monges e tatuagens e assim Stu lembra onde está o cunhado e dessa forma podem voltar para o casamento.
Se Beber Não Case 2 é isso, uma procura desenfreada pelo limite ou falta dele. A questão é que quem se divertiu com Se Beber Não Case, certamente tem uma segunda chance de passar por mais essa noite sem sentido em companhia desses figuras.
Como no primeiro, ver as fotos ao final é uma diversão a parte.

Pão com Mortadela

Hoje o site Porta Curtas, me possibilitou assistir um curta que eu ansiava assistir já há algum tempo, “Pão com Mortadela”, de Georgina Castro e Marcos Mello.
O curta mostra a lembrança de um jovem homem. Ele pensa sobre sua história com Helena, paixão da adolescência. Entre cartas, lembranças e a promessa de um livro com final.
Sabe quando você passa um tempo querendo assistir a um filme e ele simplesmente não passa? Nem tá no cinema e nem chegou ainda nas locadoras? Sim, claro, eu poderia baixar na internet e pronto. Mas e quando o filme que você quer, é um curta-metragem? Posso garantir que as coisas ficam um pouco mais difíceis.
Hoje (ontem) felizmente fui informada que tal curta está disponível, no site “Porta Curtas”, onde já me deparei com algumas maravilhas. Como criança ansiosa para abrir os presentes da árvore de Natal ou ainda, como a namorada ensandecia tentando adivinhar, o que ganhara do seu amado; entro no site e espero minha internet que nunca foi tão lenta, carregar. Devo admitir: não sei se a net estava lenta ou era apenas a minha louca ansiedade transformando segundos em horas.
Assisti três vezes seguidas e me encantei todas às vezes. A história é tão simples que a mim pareceu palpável, como se fosse uma amiga vivendo isso, essa emoção. Fui levada a sentir junto com Leo (Fernando Alves Pinto), os sons, as lembranças, as descobertas, o som da voz de Helena (Georgina Castro), com quem viveu uma intensa paixão na adolescência; tudo isso ao tempo que espera por um pão com mortadela.
E entre risadas, mortadelas, poemas e memórias, “Pão com Mortadela” mostra um casal, que ao se reencontrarem, anos depois. Tão parecidos no passado, já não conseguem reconhecer no outro o que fez com que se amassem um dia.
É possível ver no rosto da atriz, que é também roteirista e diretora, todos os sentimentos e até uma certa frustração por não achar em Leo um bom motivo para ficar e após uma conversa leve e repleta de emoções do passado, a vida segue em frente.
Com uma fotografia inspiradora e tempos de imagem bem estabelecidos, o curta de 15 min, foi premiado como melhor curta-metragem no IV Premio FIESP; SESI-SP do Cinema Paulista. E participou de outros Festivais e Mostras de cinema.
O estranho é que a atriz e diretora Georgina Castro, é cearense, tem um trabalho lindamente digno e não esta no Cine Ceará, que começa essa semana. Mas já desisti de entender, nossa capacidade de não estimular os nossos.
“Pão com Mortadela” é um curta leve e uma boa pedida para estimular as reflexões sobre os relacionamentos, as vésperas dos dias dos namorados.



Roteiro: Georgina Castro

Fotografia: Marcelo Trotta
Direção de arte: Bia Pessoa
Montagem: ZéTó Sé
Música original: Martin Eikemeier
Direção de produção: Vanessa Montenegro
Produção executiva: Patrick Leblanc e Arturo Querzoli
Companhia produtora: Superfilmes & Cavallaria Filmes
Elenco: Fernando Alves Pinto e Georgina Castro
Som direto: Gabriela Cunha
 
Saiba Mais:

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Dzi Croquettes

Quem são os Dzi Croquettes? E não estou usando o tempo errado não; a pergunta é quem são mesmo. Onde os vemos? Na Claudia Raia, no Miguel Falabella, na força gay, no humor, na dança e no teatro. Quem foram? Devíamos saber, mas, somos brasileiros, e como tal, portadores de uma espécie de mal de Alzheimer social.
E não é possível culpar a geração, pois foi descuido com a história do teatro, da música e da arte política, descuido com nós mesmos e com esses homens que com graça, talento e inteligência deixaram seu recado e driblaram a ditadura. Felizmente existem pessoas que prezam por cuidar do que para muitos deve ser esquecido e foi nesse resgate histórico que Tatiana Issa e Raphael Alvarez, montaram Dzi Croquettes . Especialmente para Issa (filha de Américo Issa, que fora cenógrafo do grupo), que viveu sua infância entre os Dzi 




A prova de que as novas gerações gostam de conhecer suas histórias são os prêmios ganhos no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2001: Melhor Montagem , dado a Raphael Alvarez, e principalmente pelo - Premio de Melhor Longa Documentário. - esse segundo no voto popular. Os que tiveram a chance de assistir ao documentário, com certeza ali tiveram mais uma das boas aulas de história e conheceu mais sobre a dança, os amores, as Chacretes e sobre a Bossa Nova ao falar sobre Lennie Dale (coreografo e bailarino que nasceu nos Estados Unidos e apaixonou-se pela sonoridade brasileira).
Era 70 e o Brasil vivia ainda momentos de ditadura quando o performático grupo carioca Dzi Crocrettes desafio ao regime militar com purpurinas e irreverência. Eis os grandes ícones do movimento gay no Brasil e também na Europa, onde fizeram sucesso absoluto e influenciaram muitos artistas.
A trupe formada por Cláudio Tovar, Carlinhos Machado, Paulette, Wagner Ribeiro, Bayard Tonelli, Lennie Dale, Cláudio Gaya, Ciro Barcelos, Roberto Rodrigues, Bene, Eloy, Reginaldo e Rogerio de Poly, tem sua história contada através de mais de 40 depoimentos, imagens de arquivo e até imagens captadas por um Super-8. Com entrevistas de Pedro Cardoso, Betty Faria, Geraldo Carneiro, Nelson Motta, Marília Pêra, Jorge Fernando passando por Liza Minelli (fã incondicional do grupo) e Elke Maravilha (Personagem que sempre desperta minha curiosidade). As entrevistas são entrecortadas, dessa forma, vez ou outra, é possível sentir emoções distintas com a mesma história. Os depoimentos são ricos e informativos, o que constroem uma narrativa simples e entusiasmada, pela “verdade” com que são apresentadas. Durante o filme, aqui e ali Tatiana entra em off para organizar (situar o espectador) os depoimentos que, aliás, a levam de Paris a Nova York.
Penso que talvez seja ela, Tatiana o elo que aproxima perguntas de respostas, ela que cresceu nos bastidores dessa trupe. E penso que seja exatamente essa aproximação entre quem pergunta e quem responde que faz transbordar um sentimento em candura de interesse pelo objeto documentado. E assim a força do Dzi se revela na inocência e na leveza dos relatos, são em absoluto relatos sem culpa, eram uma família.
Cabeludos, travestidos, fortes e unidos optaram por entrar na guerra com as armas da arte e conquistaram admiradores, fãs entregues e seguidoras fervorosas, além de se tornarem referência para muitos dos ótimos artistas.
(Dzi Croquettes, Brasil, 2009)
Roteiro de Tatiana Issa
Direção de Tatiana Issa e Raphael Alvarez
Com Marília Pêra, Geraldo Carneiro, Betty Faria, Jorge Fernando, Elke Maravilha, Claudio Tovar, Bayard Tonelli, Lennie Dale, Ciro Barcelos, Liza Minelli, Pedro Cardoso, Nelson Motta, Ney Matogrosso, Miguel Falabella
http://www.youtube.com/watch?v=Otch5bIi8L8

Corpos Velhos: Para que servem?

Por Roberta Bonfim Tudo que se vive é parte do que somos e do que temos a comunicar, nossos corpos guardam todas as memórias vividas, muit...