quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Para o Novo o novo


Hoje é dia 27 de dezembro, estou deitada na cama do João, enquanto conversamos sobre nosso ano, sobre nós e sobre a saúde, física, psíquica, espiritual. Falamos e nos calamos sem nenhum pudor. Penso sobre o tempo, que tão rápido é tão cheio de tantas coisas, situações pessoas. Somos tantos, então. E com todos essas diferenças possíveis e nem tão possíveis assim. E a amizade se conquista, ou apenas nos reconhecemos? Ou será tudo química? Paro e me pergunto: - Como nos tornamos amigos? – Simplesmente aconteceu, sem que precisasse de muitos agrados, apenas nos permitindo ser, exatamente quem somos.
Esse ano vai terminando entre nuvens e um calorrrrrrr quase insuportável... Penso que seja para aquecer a alma e nos cantos frios... Bem, que seja para esfriar os solos.  Dia 21 de dezembro o mundo ia acabar, mas aparentemente não acabou, pelo menos não como se esperava, mas penso ainda que alguns mundos se findaram mesmo. A questão é que ele não acabou pra mim, graças a Deus a vida continua, com sonhos para realizar, com contas pra pagar, e atitudes á tomar. Então, é seguir.
De 2012 ficam as boas lembranças, o aprendizado com as dores e tropeços, ficam os novos que por química, escolha ou reencontro surgiram no decorrer desses trezentos e sessenta e tantos dias. Ficam também os filmes, os espetáculos, ficam os livros e os papos. Ficam...
E que venha 2013, que venha forte, doce, leve, que venha diferente, poeta... Que venha e nos fortaleça, que venha e nos transforme, as mutações precisam ser permanentes, é assim... Que 2013 nos venha trazendo o que queremos e batalhamos por e para, e que possamos sempre encontrar um bom colo para aquele choro guardado para uma ocasião mais dramática.
Aos amigos desejo seus desejos e muita saúde, paz, verdade e leveza.
Abraços dos bons e cheios das melhores energias.
Aos mais queridos  todo meu amor, carinho e respeito.

Roberta Bonfim

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Matador - Mirando al tendido


Era uma sexta feira com horário de verão. Não sei você, mas eu tenho sérios problemas com ele. A questão é que após perceber que já eram quase sete horas da noite, isso é, meus planos haviam sido frustrados. De imediato busquei algum espetáculo pelas redondezas e achei o “Matador” no Parque das Ruínas e assumo nem vi quem estava no elenco, o nome do Herson Capri tá com moral comigo, pois ao ver que tinha sua direção não hesitei nem por um minuto.
Chegando ao Parque das Ruínas, um certo ar de desorganização. É que dois dos seus espaços estavam sendo usados e a bilheteria deu problema, enfim, e foi ai que fomos ao café do Parque olhar O visual e aquietar a alma para então conhecer esse matador. Só nos minutos que antecedem o terceiro sinal tomei conhecimento que se tratava de Daniel Dias conterrâneo que já pude prestigiar o trabalho como diretor no Porão do Laura Alvin e Gustavo Falcão que fez também As Mães de Chico. Enfim, tomada pela surpresa começa o espetáculo e entra na arena, digo em cena, o toureiro El Niño e depois como não podia deixar de ser, o touro, Matador. No espetáculo também houve alguns contratempos, com luz e som, que se seguiram por todo espetáculo. Mas é preciso admitir, quando acertavam todos juntos... Que show!
O bate bola entre os atores e a força de cena de Gustavo Falcão e Daniel Dias chamam atenção e prendem o público ao texto denso e existencialista, do dramaturgo venezuelano Rodolfo Santana. O texto é inteligente e levanta muitos questionamentos entre os universos de touros e homens, que podem ser transpostos para conflitos cotidianos de qualquer relação, isso tudo com boas doses de humor. Pena eu ter pego uma plateia não tão animada, pois tive de conter alguns sorrisos, como na cena em que El Niño explanar sobre o defecar, ou ainda as meias cor de rosa, mas é especialmente nos momentos mais trágicos e reflexivos que o texto faz rir pela ironia.
E entre homens e touros, ambos com vidas, histórias, destinos, bagagens e sonhos, as diferenças entre patrão e empregado, chefe e subalterno, enfim os contrastes de relação se personificam naquelas figuras, um homem e um animal, um animal e um homem. Como seja, indico e reafirmo minha alegria em assistir tão despretensiosamente a tal espetáculo – Matador!

O ESPETÁCULO SEGUE EM CARTAZ NO PARQUE DA RUÍNAS.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

7 dias em Havana


Sete dias em qualquer novo lugar tende a ser bom, aos que gostam do novo, mas, “Sete Dias em Havana” com personagens tão pulsantes, paisagem viva, música gostosa e força religiosa, não tem preço, especialmente quando se trata de um longa-metragem dirigido a sete mentes e tão ricamente interpretado. Pena que não seja o tipo de filme que entre no circuito comercial, penso que seja uma importante realidade a se conhecer, e garanto; o filme só aumentou minha vontade de conhecer esse lugar o quanto antes.

Como uma formula já conhecida, diretores se uniram para produção de um longa para falar sobre uma cidade. E o resultado é um misto de gestos, símbolos, ritmos e paisagens. Logo na segunda – feira temos a sorte de principiante do ator porto-riquenho Benicio del Toro, que estreia na direção. Os demais dias da semana, já que é assim que o filme de costura e divide, tem suas direções assinadas por; Gaspar Noé e Pablo Trapero ("Família Rodante"), o espanhol Julio Medem, o palestino Elia Suleiman e o francês Laurent Cantet (vencedor em Cannes com "Entre os Muros da Escola") e é Juan Carlos Tabío ("Morango e Chocolate") o único cubano do grupo, além do também cubano Leonardo Paura, que assina o roteiro.

O filme é bom, por que Cuba é um cenário natural, assim; Cuba está para o cinema alternativo, no melhor sentido da palavra, como o Rio de Janeiro está para as novelas. As discussões acabam sendo as mesmas e no que diz respeito a filmes bons, ficamos muito exigentes.Mas, Havana é a última capital comunista do Ocidente, sobrevivente e cheia de sonhos e disparidades, é viva de gente possível que pulsa, grita é passional, sente até o fim e troca a segurança financeira pelo amor. É que a essa segurança por mais forte símbolo de segurança que seja não esta em suas essências, talvez. São ruínas, mar, espera e doar.

É na observação aos contrastes que a poesia se faz, na espera pelo Comandante, na força do sincretismo, nas cores, imagens, nos tons e sons, no amarelo da Madrinha Oxum. Um filme forte, do tipo bom, apesar das repetições.

Leci Brandão a potência de sua Geração

Por Roberta Bonfim O samba, o tambor, o pandeiro mexem com meu corpo, mas a voz de Leci mexe mesmo é com minhas memórias infantis e juveni...