quarta-feira, 27 de março de 2013

VII Festival das Artes Cênicas - Uma Colcha Cultural



O VII Festival das Artes Cênicas apresentado pelo Ministério da Cultura e Centro Cultural Banco do Nordeste, e patrocínio Banco do Nordeste, contou com a realização da ATO Marketing Cultural, apresentou espetáculos grandiosos de todo todo Nordeste e também da região sul e sudeste que dialogam com o nordeste. O intercâmbio cultural aconteceu e terceu uma colcha de cultura e arte.

Segue nota de alguns espetáculos, logo mais falo sobre os demais que assisti.

Pela Janela
Começou oficialmente o VII Festival das Artes Cênicas, no Cariri essa abertura ficou por conta do espetáculo Pela Janela, do grupo Caixa Cênica, de Sergipe. Com um texto denso os atores se movimentam em um quartinho que é montado em cima do palco. Um casal, e tanta solidão.
A dramaturgia é repleta de literatura, o que vez por outra deixa o espetáculo um pouco cansativo, até o momento em que a talentosa atriz, Diane Veloso. entra em que resolvi chamar, momento epifânico.  O espetáculo como um todo me lembrou Clarice Lispector e mesmo havendo momentos em que o espetáculo me pareceu longo, eu pensava na dificuldade de fazer um teatro naturalista e os admirei por fazê-lo.
foto Saullo Dannylck

Pela Janela nos apresenta a intimidade de um casal que há tempos não são parceiros.  Que vivendo uma relação triste e cheia de sonhos frustrados, pouco se falam mas por qualquer razão, que entendi como medo de uma solidão ainda maior, não se largam.
Ao final do espetáculo aconteceu um bate papo interessante e repleto de curiosidades e emoções explanadas.

Salmo 91
Seguindo a programação do VII Festival das Artes Cênicas, senti uma dor rasgante, uma emoção torturante e uma provocação constante e tanto mais ao assistir o espetáculo Salmo 91, do Ateliê Voador Companhia de Teatro, da Bahia. O espetáculo me desperta atenção, logo na primeira cena, quando me levam a está no Carandiru, a ouvir depoimentos de detentos. Ouvi cada um com atenção e pesar, mas ao mesmo tempo com admiração aos atores. Fábio Vidal, eu já havia visto em cena e gostado muito por seu trabalho de corpo, mas ver esses atores tão competentes, viscerais e de corpos e vozes tão disponíveis, ali, em cena me encheu o coração de uma emoção muito forte.
Saullo

Com direção de Djama Thurler, o espetáculo Salmo 91, tem texto de Dib Carneiro Neto, inspirado no livro Estação Carandiru, de Draúzio Varela. No elenco, uma equipe talentosíssima. Juntos, relatam os últimos momentos do Carandiru, a partir do depoimento de algumas pessonas. Quem assistiu ao filme Estação Carandiru e/ou leu o livro de mesmo nome, vai encontrar no espetáculo personagens já conhecidos, sendo interpretados de outros modos, e muita organicidade.
São duas horas de espetáculo, e histórias de dez detentos do Pavilhão 9,  entre lágrimas, risos, sobressaltos, e fortes reflexões sobre a sociedade, sobre a humanidade, somos apresentados a alguns condenados. Um especial me chamou atenção o senhor na cadeira de rodas, onde quase perdi a compostura. Estranho ainda agora hoje, quatro dias depois lembrar de algumas cenas, falas, sensações e tantas vidas perdidas
Em plena alegria por ver produto artístico tão circular. Outro ponto alto do espetáculo é a iluminação que proporciona ambientação, o cenário é simples e impactante, e para completar, sobra musicalidade que provoca outros tons e sempre eu pensava que ali ficaria linear, vinha outro personagem e mudou tudo. Parabéns a VII Festival das Artes Cênicas por tão bom espetáculo. Bom! Bom! Muito bom!

Quincas
Na segunda 18 de março foi a vez do grupo OsFodidário da Paraíba subir ao palco no Centro Cultural Banco do Nordeste, de Juazeiro do Norte, com o espetáculo Quincas, inspirado na obra A morte e a Morte de Quincas Berro D’agua, de Jorge Amado.
Saullo

Logo de cara muitas risadas, o sotaque paraibano ajuda e a desenvoltura dos atores em cena ajuda o entendimento e provoca o riso com facilidade. O espetáculo é reflexivo, forte e divertido, um sucesso de costuras complementares que fazem de Quincas um grande espetáculo.
Assisti o espetáculo duas vezes no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Juazeiro do Norte, com palco italiano e surpresas bem guardada pelo bru do teatro e sua caixa cênica, em Fortaleza no entanto, a apresentação foi no SESC SENAC Iracema e remeteu ao teatro de rua, assim assisti dois espetáculos mesmo tendo assistido o mesmo.
A musicalidade permite a movimentação dos atores que usando dos elementos cênicos, preparam os cenários as novas cenas. No palco quatro atores experientes e irreverentes, que se utilizam bem das mascaras e trazem em suas partituras fortes características dos palhaços.
Com direção de Daniel Porpino, Quincas conquistou as três cidades por onde passou no VII Festival das Artes Cênicas.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Não Verás País Nenhum – O Musical, direção Júlio Maciel



Era domingo. E domingo me parece um dia teatral, assim, seguimos para o SESC SENAC Iracema para assistir o que me pareceu ser a estreia da nova montagem de “Não Haverá Pais Nenhum”, com direção do sempre inspirado Júlio Maciel. Logo de chegada o encontro com pessoas queridas, conversas na fila e... - Entramos.

Minha primeira impressão não foi boa, o fato é que só no decorrer do espetáculo se começa a compreender o contexto da primeira cena e a força da mesma. A primeira música apresentada no musical me fez arrepiar, pela energia do som e da batida que me fez sentir muito em casa. E ali também o primeiro reencontro. É Luiz Pedrosa, ator bom demais. Daí pra frente o texto é costurado por cenas fortes em sua maioria para contar a história do esquema, do sistema, da política, do capitalismo, da omissão, afinal cada um pode fazer a diferença para o desenvolvimento dessa história sócio educacional, florestal, e fazem isso de forma musical.

No entanto, me pareceu mais um teatro com som, mas me alegra demais ver-nos desenvolvendo-nos e apresentado nossos melhores.  O texto inspirado no romance de Ignácio Loyola Brandão é forte, mas por vezes torna-se cansativo, assim o espetáculo parece ser grande demais. Cenas como a da parede da felicidade quebram um pouco a tensão escura do espetáculo e dá ares de crítica bem humorada, mesmo por que se trata de temas muito delicados.

Assim, o espetáculo, mostra uma visão futurista sobre o Brasil com um cenário repressivo, conta com um elenco no geral competente, e músicos talentosos, mas ao meu ver ainda não me parece pronto, espero assisti-lo de novo daqui um tempo e ver o espetáculo que ele se propõe a ser.

Azul da cor do Céu

No dia 23 de março  estreamos o projeto Arte ConVida, do Grupo MIrante de Teatro Unifor, com o esquete  "Azul da Cor do Céu", text...