segunda-feira, 14 de setembro de 2015

O sentido da vida...

Qual o real sentido da vida? Essa sempre foi uma pergunta latente nas minhas reflexões, até que cravou minha alma, ao tempo que eu assistia o mundo girar em slow motion. 

Era domingo e nós íamos ao Fortim, logo cedo ainda na saída da casa de Mainha pensei em desistir por duas vezes, mas achei que não seria legal da minha parte, já que nem lembro de alguma vez ter vivido um domingo de boa com meu pai e família, além da família da minha cunhada. Vou no carro ouvindo Cia do Tijolo e me convencendo que preciso viver isso, busco minha cunhada e juntas chegamos na casa de meu pai.  

Logo de cara me sinto estranha, não há sensação de pertencimento, me sinto o B-627, em contato bem próximo com um outro planeta, mas respiro e busco os pontos de similaridade, me permito viver e ser cativada por aquelas pessoas. Para o café da manhã, pizza caseira e uma chuva passageira nos leva a refletir sobre o seguir. Mas, seguimos. Precisaríamos de dois carros e eu não fazia a melhor ideia de onde eu iria, mas logo me indicaram para eu entrar em um carro grande do qual meu irmão iria dirigindo. E fomos. Posto para abastecer e comprar um chiclete e seguimos. 

Eu que estava com sono coloquei meus escuros óculos e revezava em cochilar e olhar a paisagem, entre os cochilos tive um sonho esquisito e acordei. Fiquei calada tentando identificar o som que tocava baixinho, ao tempo que prestava atenção na estrada, que se estreitava, estávamos na CE 40. Foi quando o amarelo do carro que nos cruzou, tomou a pista e seguiu, obrigando meu jovem irmão a puxar a direção, o que seria tranquilo, se não fossemos um carro grande, automático, com a direção leve, mesmo sendo pesado e carregando um jet-ski, o fato é que perdemos a estabilidade, daí pra frente foi ... o tempo não passa mais rápido quando estamos em risco. Dentro do carro eramos quatro, todos de cinto de segurança para garantia existencial de cada um. A cada giro minha cunhava gritava por Jesus, meu irmão parecia não crer no que acontecia, ao meu lado Leh que dormia quando tudo aconteceu, parecia um boneco de posto sendo jogada de um lado para o outro. E eu que olhava tudo aquilo, e o carro girando e pensava que já podia acabar aquela brincadeira sem graça. A morte em nenhum momento pareceu uma opção. Quando o carro parou de girar, nos olhamos e minha cunhada repetiu três vezes o que meu irmão acompanhou. - Vamos descer do carro! Vamos descer do carro! Vamos descer do carro! Eles saíram pela janela, nós de trás pelas portas. Havia vidro em todo lugar inclusive em nossas roupas e cabeças. 

Ao sairmos do carro desce um senhora correndo e perguntamos como estamos, e deixando claro ser médica, era a Secretária de Saúde de Fortaleza (Gratidão). Nessa hora as meninas já estavam quietas no chão, Leh era examinada, enquanto minha cunhada ligava para o SAMU, eu para que meu pai voltasse e meu irmão olhava aquilo tudo sem crer no tinha acabado de acontecer.  

E em uma rapidez assustadora apareceram pessoas de todos os lugares, carros param, pessoas traziam mantas para que colocássemos no chão e a placa onde primeiro batemos acabou servindo de sombra para os primeiros socorros. Quanto olhei, alguns juntavam os papeis e pertences que tinham caído do carro e me entregavam, um pé da minha sandália da mulher maravilha foi encontrada pelos mesmos meninos que acharam uma boa quantia de moedas, o outro foi meu irmão. Todos tentavam de alguma forma ajudar. Quem tinha visto tudo acontecer, repetia que o tinha visto. E alguns nos tocavam sem acreditar que estávamos tão bem. Também tenho dificuldades, agora que vejo as fotos. 

O carro que nos trancou voltou e logo partiu (poderia escrever um texto inteiro só sobre esse isso, mas não valeria a pena). Perderam o furo! 

Consegui falar com Arine, pedindo para que voltassem, deixando claro que estávamos bem.  
Na hora em que eu liguei minha madrasta que já pegava o celular para nos ligar, isso porque meu pai não nos via mais pelo retrovisor, já tinha um tempo. Chegam juntos, eles e o SAMU.  


Na ambulância seguimos para o hospital de Beberibe, onde pela primeira vez senti que eu também estava de alguma forma machucada, o mundo rodou e eu logo estava no soro. Vale relatar que fomos muito bem atendidos. Eu tinha a sensação de que de alguma forma todos ali pareciam saber do acidente. 

Ali naquele hospital passamos parte do nosso domingo, e quando na maca pego o celular vejo uma mensagem de minha  pedindo que tivéssemos cuidado, a hora enviada 8:55 da manhã. Pensei no trabalho e em algumas pessoas que eu não queria que soubessem de forma dramática. E simplesmente me senti bicho sobrevivente e se o objetivo do domingo era unir, o acidente talvez até tenha criado maior aliança, pelo menos entre nós quatro que estávamos naquele carro. 

De Beberibe para o São Carlos com a ajuda de um casal fofo de amigos da igreja deles, e de lá pra casa. Da hora do giro ao agora uma certa descrença de que de fato tudo tenha acontecido, se não fosse a dor no corpo e as marquinhas de guerra, e a noticias nos jornais, eu duvidaria de minha memória. 

E então, qual o sentido da vida? Minha conclusão é que o único sentido da vida é viver. 

Grata ao universo, aos deuses e deusas, grata a natureza, grata aos anjos, gnomos e fadas, grata aos humanos e ao nosso poder de dar risadas. Grata São Jorge e nossa Senhora de Fátima, grata ao amor e as missões que todos nós ainda temos de desenvolver nesta vida.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

O assalto!

Se banharam deles mesmos,
Foram pra rua,
Se olharam para fortalecer a cumplicidade,
e calados lamentaram,
Mas, não recuaram,
Era noite de assalto!

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Solo à Trois

Quarta-feira, 15 de julho de 2015, 20 :20 h/min, quando cruzo a porta do Teatro Dragão do Mar, e estão Daniel Medina e Bruno Rafael no palco, andei mais um pouco e sentei ali mesmo, no centro do teatro, lugar privilegiado dos passantes e fotógrafos. Bruno, Daniel e Gustavo revezam e compartilham o palco,  a luz dá uma ambientação criando uma dinâmica interessante e descontraída. Aprecio muito artistas que se entregam e se divertem em seu oficio.




Cada músico teve seu momento solo, o que me possibilitou, assistir três pequenos shows, Quem me conhece musicalmente sabe que sou admiradora nata do trabalho realizado por Gustavo Portela, que já entrou pra família Lugar ArteVista, (https://www.youtube.com/watch?v=NfieyorZJ1o). Sua voz acarinha almas, e a multiplicidade cênica surpreende a cada apresentação. Dessa vez não foi diferente, se mostrou como uma banda mesmo estando sozinho no palco,resultado de uma parceria com o aprendiz de mago, Júlio César que brinca com os sons, como poucos que eu já vi. E então são os três (cinco) no palco, e que delícia o encontro de quatro músicos, com pesquisas distintas que se encontram em algum lugar e seguem assim, em parceria, respeito e harmonia. O resultado dessa soma é massa..

Três músicas em especial me transportaram para um outro Lugar, que era exatamente ali; “Lágrima de Índio”, composição de Medina, que conheci na voz de Portela e que eu Bonfim, também me encantei com a versão  repleta de personalidade e visceralidade do compositor que  propõe movimento e empatia com o publico, Eu que já conhecia o trabalho, mas não tinha ainda visto ao vivo, me encantei. E tinha Bruno que eu não conhecia e que foi me convidando a ouvi-lo, a cada música. Ouvi e vibrei, mesmo sendo de alguma forma um sair do lugar comum. "Felicidade" sempre me encanta e "Cancioneta" tende a arrebatar.

Em algum momento do show, comecei a pensar em Caio Prado, Daniel Chaudon e Diego Moraes, minha tríade musical do Rio de Janeiro, ao tempo que me encantava com a tríade ali na minha frente (Bruno Rafael, Daniel Medina e Gustavo Portela), e então agradeci, a boa música por florir.

Grata aos músicos, aos deuses, as guitarras e violões, aos sons que vibram e mudam os fluxos.


Links para conhecer melhor os artistas e os sons:

Gustavo Portela: /gugaportela?fref=ts
Daniel Medina: https:/danielmedina.perfil1?fref=ts
Bruno Rafael: https://brunorafaeletal?pnref=story

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Alegre Tristeza!

Ando um pouco triste...
Não é uma tristeza avassaladora,
Nem algo que mereça enorme atenção.
Mas, o fato é que apesar do sorriso largo, tenho andado meio triste.

Não é nenhum grande drama,
Muito longe das tragédias gregas.
Apesar do amor pela filosofia que me norteia,
E desnorteia.
Também não chega a ser descrença,
Nem mesmo dor nas costas
Que só me exige equilíbrio.

Também não é solidão,
Nem desamor,
Nem tão pouco decepção.
Não é medo, ou covardia
Nem das saudades que distanciam.

Tudo segue como precisa seguir por hora,
Mas...
Sinto um algo de profunda tristeza.
Uma tristeza de alma
Uma quase descrença,
que se real me mataria.
Essa tal tristeza não me priva dos sonhos
Mesmo quando me obriga a coloca-los em outro lugar.

Há lugares em que ela some,
Outros em que se desenvolve.
Essa tristeza nos olhos.
Que no espelho sem o sorriso
Essa melancólica tristeza.
Tristeza de ser o outro
E poder ser tantos
Sem por vezes simplesmente...
Poder ser quem sou;
E quem sou?

Mas...
É outra coisa.

É a certeza das pseudas verdades
Que tendem a ser absolutas

O que fato é o absoluto?

E tristeza é de todo ruim?
Ou seria só cultura de nomenclatura?
Não seria seu colo um consolo?
Um aconchego, um tipo de libertação.
Em meio a tanta ‘perfeição’.
De tudo tão equivocadamente perfeito.

Que essa doce tristeza esteja comigo
Fazendo-me crer que ainda respiro e penso
Sem ajuda de máquinas...

Vez ou outra!



Roberta Bonfim (08.06.2015 casa de Mainha, após ler sobre o processo contra Zé Celso Martinez após apresentação de Acordes, na USP Sampa e refletir sobre todas as lutas, a tantas mascaras e histórias, que se tornam verdadeira a partir das conveniências)

Lugar ArteVistas

domingo, 31 de maio de 2015

QTMT - Quem tem Medo de Travesti

Semanas imaginando como seria o espetáculo, como eu reagiria a ousadia sensível das Travestidas, como o público reage...  Tentei por duas vezes, mas não chegava a tempo de conseguir comprar o ingresso! Isso mesmo! Casa cheia. Com gente voltando, inclusive eu. Coisa linda de viver. Mas, no último dia desta temporada, cheguei mais cedo e consegui comprar o ingresso. Ufa! No entanto, perdi a fila de entrada e acabei sendo uma das últimas a entrar, mas que lindo ver o cuidado do diretor Silvero Pereira em que todos estivessem devidamente acomodados de forma de não perdessem o espetáculo por todos ali desejado.
E começa o espetáculo! No áudio a dor de uma amiga ao perder mais uma parceira de vida, força e conflitos, de luta. E entra Patrícia Dourson, e logo estão em cena lindas e todas amarradas de alguma forma, por cintas, meias, toucas, bundex, sutiãs, todas sendo moldadas. O que 'ajuda' no processo de nos realocarmos. Antes mesmo de o espetáculo ganhar fôlego já havia no ar gratidão e emoção. E tudo segue em crescente.

É um ESPETÁCULO de estrelas, todos com talentos muito especiais divertem-se no palco e certamente se emocionam, isso por que ninguém no palco está falando de uma realidade que não conheça de alguma forma. Afinal, outros temas o entediam. :D  

De repente a voz de Verônica Valentino (Jomar Carramalhos) ganha os espaço e também minha alma, não bastava ser Verônica, tinha de ser em francês. Quem também está no elenco é Yasmin Shirran (Diego Salvador), com sua dança flutuante e absolutamente expressiva. Aliás, o que não falta no palco é expressão, nem poderia ser diferente, estão no palco ainda Alicia Pietá, que além desse sobrenome doce, talvez tenha sido para mim a primeira aproximação com o universo trans logo que comecei a fazer a fazer teatro. Deydianne Piaf (Denis Lacerda), seu tempo bom demais para comédia e sua budinha arrebitada enchem tudo de graça e ainda Karolaynne Carton e a voz inesquecível de Rodrigo Ferreira, a Mulher Barbada. Tudo somado a seguras interpretações.
Mas, tem também a leveza do movimento, as pernas fortes firmes em plataformas, que eu não conseguiria me equilibrar, as vozes hibridas, as histórias, a luz que as ilumina e a que brota do palco. São as purpurinadas, tratando de assunto sério e de responsabilidade social com a leveza e humor de quem entendeu que é melhor de perto, no olho no olho e assim essa turma faz todos aplaudirem de pé e com euforia. Saímos reflexivos, mas sem peso ou culpa, saímos eufóricos e confusos, saímos...
Eu por minha vez tive de voltar para abraçar os amigos, parabenizar todo o elenco e agradecer. Na certeza de que na próxima temporada estarei lá outra vez. :D

Grata de coração por fazerem esse difícil papel de cutucar a sociedade e fazerem isso de forma tão encantadora e forte. 

Para saber mais sobre esse povo que sabe Divar: https://www.facebook.com/AsTravestidas?fref=ts

segunda-feira, 2 de março de 2015

Um Domingo de sons e amor.

Cultura é tudo que nos constitui, a arte é aquilo que potencializa o bom de ser gente, e a música, à meu ver o canal mais eficiente entre o universo e nossas almas. E foi acreditando nisso que sai de casa neste domingo, -1º de Março de 2015. Em caminhada pela Praia de Iracema, passando pelo mercado para comprar a lata de leite, que seria trocada pelo ingresso dos shows de Gustavo Portela e Saulo Duarte e a Unidade, no anfiteatro do Centro Cultural Dragão do Mar. Na caminhada o encontro discreto com o mar, era minha alma já em preparação e sem saber direito o que encontraria. Já havia visto outros shows de Gustavo, mas, esse era lançamento do novo álbum Gustavo – em Barlavento, que eu até já havia visto uma fatia (robertabonfim.blogspot.com.br/2015/01/gustavo-em-barlavento.html). E o som de Saulo, uma absoluta surpresa, que felizmente transformou-se em outra, melhor.


Depois de uma passada cheia de bons encontros e aquisições na Feira Fuxico, que acontece todos os domingos sob o Planetário, subimos e como encontro marcado e esperado, o show começa logo que sentamos para assisti-lo. E entre os instrumentos e uma certa bagunça de cena, para deixar claro que também se tratava de um picadeiro, surge Iemanjá, olho pro céu e lembro do mar, é Gustavo Portela em cima de pernas de pau e vestido como a entidade que lhe é materna, pedindo suas bençãos, ao som de Barlavento. O som facilmente guia meus pensamentos e me leva pra um lugar de absoluto conforto interno.  Pronto! Daí pra frente as surpresas foram muitas e a confirmação de um conceito de se trabalhar de forma colaborativa. No palco além de Gustavo, estavam Júlio César Santana (para mim, sempre Pepeu), Rami Freitas e Nonato Lima, que também entram em cena. Cheguei mesmo a esperar a luta de espadas, entre os personagens. Quem também soma, especialmente na dramaturgia é Maria Vitória, com seus bonecos e movimentos, e na segurança que passa para o artista. E não me equivoco quando falo sobre dramaturgia, afinal o show de Gustavo é um espetáculo artístico, criativo, bem construído, simples, lúdico e honesto. Que em algum lugar lembrou a sempre saudosa Dr. Raiz. Em meio aos tantos citados no show, me encheu de alegria saber que se fazem presentes os queridos Rafael Martins e Zoo. <3 comment-3--="" nbsp="">


No espetáculo, a técnica testou a honestidade e a cumplicidade entre artista e público e respeitados os tempos, o artista lembra que o instrumento principal ali é ele. Finaliza o momento na garra. E sua voz chega tanto, que todos aplaudem forte e emocionadamente o regente desse momento que lembra a todos nós que o espetáculo não pode parar. O vento passa. E entra, refletindo a luz de cada um, a sempre diva Marta Aurélia, que me emocionou profundamente quando dividiu o palco com. Erivan Produtos do Morro. Outra participação cheia de ritmo, foi Hoto Jr.


O bom humor é das peças chaves do show que narra também processos de vivência e pesquisa muito fortes do artista.  Para finalizar um convite. Que olhemos o céu e entendamos que ele é para todos. Eu obedeci e quando voltei a vista pro palco, ele já estava em processo de transformação.

Mudamos de lugar, deixamos o vento passar. Comentamos sobre o show assistido e sobre o que estava para começar. Um amigo disse que Saulo seria alguém bacana para se conversar no Lugar ArteVistas. Com Gustavo conversamos e já já estará no canal. Peço para descer e me juntar ao público próximo ao palco e de lá ouvimos a primeira música, quando eu chego a primeira constatação; o cara é um Show Man.


De volta ao posto de assistir ao show, a identificação de um outro formato de palco e pegada. Desenha-se um show musical cheio de energias e alegria, no palco Saulo Duarte, Klaus Sena, Tulio Bias, Beto Gibs, Igor Caracas e Joao Leao divertem-se. Os músicos entram na pilha de Duarte, o que chega ao público que canta junto músicas que eu nunca tinha ouvido, mas arrisco no refrão. O conceito das parcerias se fortalece na noite.
No meio do show eu já estava entregue e desejando por saber mais sobre os caminhos. Algumas músicas me lembram de mim e quando a parceria com Tulipa Ruiz foi anunciada, identifiquei também a crônica.
Ao final uma alegria e leveza na alma.  Gustavo Portela – em Barlavento e Quente, de Saulo Duarte e a Unidade, sendo ouvidos ininterruptamente, até agora. :D 

Quer ouvir?
Só baixar gratuitamente.
Gustavo Portela – em Barlavento
Quente – Saulo Duarte e a Unidade.
http://sauloduarte.com.br/

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Diálogos - Chico César e Paulinho Moska


Sábado 17:30 h/min e eu ainda estava no Hospital, esperando para fazer uma ressonância, quando eu soube que haviam ainda 3 na minha frente, não contei pipoca e remarquei o exame, não havia a possibilidade de não assistir ao show Diálogos, com Moska e Chico. Eles e nós. O corpo e a alma, e todos dialogando no teatro da Caixa Cultural, em Fortaleza.

Logo que cheguei encontrei a amiga Isabelle Vieira, responsável por eu viver esse show com tanta alegria no meu coração. Cheguei mesmo a brincar, por sentir que estava mais nervosa esperando esse show do que quando saltei de parapente. Sei que parece exagero, mas explicarei rapidamente. Esses dois artistas me acompanham durante uma vida, me nortearam, inspiraram e foram consolo em momentos em que só em suas músicas me sentia presente e possível. E eu sou grata ao meu pai por ele ter me feito intima de Chico César. Afinal, foi pela voz dele que primeiro ouvi o som de Chico. “E a voz da Santa dizendo. O que é que eu estou fazendo? (...) São sons são sons de sons, são sons são, são sons”. Com Moska, tudo começou com Incidente em Antares, livro de Erico Verissimo, adaptado para televisão pela Globo, onde a música “Último Dia” foi trilha. E que maravilhosas indagações pude sentir. E se só me restasse um dia? Tudo isso para dizer que esses dois artistas juntos, enchem meu coração de uma alegria desenfreada e foi com essa alegria que em ótima companhia assisti, cantei, senti, chorei e dialoguei com eles através de suas músicas e ações inspiradoras.

De começo o palco intimista montado espera pelos dois que entram e na boca de cena interpretam “Béradêro”. Que vozes e quanto sentimento e intimidade. Nos arremataram, daí pra frente o show segue com, a já citada “Último Dia”, seguida de “Idade do Céu”, onde o público cantou junto com Moska, e fortalecendo a intimidade que o projeto convida a se ter. E como disse o próprio Paulinho, ‘intimidade é bom’. E daí Chico apresenta, “Respeite meus Cabelos Brancos”, e essa voz tão cheia de identidade e ancestralidade, invade as minhas memórias emotivas. Depois de pedir respeito, o artista respeitosamente deixa o palco e a cena é toda de Moska que faz “Tudo Novo de Novo”, “Somente Nela” e “Seta e Alvo”, músicas que eu já não ouvia há algum tempo, e que felizmente ainda estão na ponta da língua e dialogando com a alma.
E como seta que aponta, volta Chico ao palco e juntos entre olhares de cumplicidade, pesca sobre as notas e boa música, eles interpretam “Mulher eu Sei”, que provocou um coral regido pelo próprio Chico que mostrou-se um piadista e levou a plateia ao riso. E para trazer a realidade, “Relampiano” Na sequência e “Onde estará o meu amor” e “Lagrimas de Diamante” e é a vez de Chico César ganhar todos os espaços do palco, como “Deus me Proteja”, música que é para mim um mantra, e “Templo”. E chama ao improviso quando troca uma música do roteiro e apresenta “Estado de Poesia”, já conhecida da linda interpretação de Maria Bethânia.

A plateia se manifesta e há quase um plebiscito que Moska ao voltar ao palco finda, ao explicar sobre a necessidade de se ouvir o grave, e solicita que se trabalhe o ouvido juvenil. Daí pra frente o show só crescia, em composições, histórias e sensações, e eu apenas sentia e o que todos sentiam, uma alegria profunda e mesmo sem ter a lua brilhando dentro do teatro, já sentíamos essa tal saudade bruta, pura, boa.

Ao final merecidas palmas de pé. E ainda teria ali uma segunda seção. Vida longa aos diálogos, triálogos e o que mais que esses caras, dessa geração tão frutífera possam fazer para que possamos ser sempre presenteados com tão boas músicas. Grata Belle, foi massa dividir essa magia com a sua pessoa. 


Ficha Técnica:
Direção Musical: Chico César e Paulinho Moska
Operador de Som: João Damasceno
Roadie: Alex Mernilo
Produção: Free Lancer Produções
Produção executiva: Renata Tavares

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Gustavo em Barlavento

  Era terça feira, o trânsito em Fortaleza estava ácido, o dia havia sido produtivo e era essencial fechar a noite em boa companhia, bom som e muito estilo.  A pedida foi o pré-lançamento do álbum Gustavo em Barlavento, no Sesc Senac Iracema.
 Cheguei ao Centro Cultural Dragão do Mar e mais uma vez fiquei feliz pelo fluxo de pessoas se utilizando dos espaços públicos da cidade. Felizmente venho sentido isso muito fortemente, talvez por conta de projetos como; "Cidadania Sustentável - Para Viver a Cidade", Bicicletar, dentre outros, assim como dos esforços dos artevistas Rodrigo Oliveira, Thais Andrade e todos que pedalam e entendem que mais que vias e viadutos, precisamos de mobilidade publica de forma sustentável. Meu eterno agradecimento!
Voltando... 
  O fato, é que quando chegamos ao teatro o show-espetáculo já havia começado, mas não há muito. Nos acomodamos e logo eu já estava inundada das experiências vividas por Gustavo Portela e os seus. Na sequência a exibição do vídeo Para Todos (http://gustavoportela.com.br/clipe-paratodos), e então inicia-se uma performance do artista ao tempo que os músicos (não me recordo o nome de todos, quem souber me ajuda por gentileza. Grata) vão ganhando seus espaços, até que começa. E somos todos por fim levados pela música, pelo show, pelo vento e é quase possível sentir-se caminhando sobre os passos já deixados.
  O show espetáculo é intimista, simples e delicioso. Gustavo afirma que o show completo será diferente, eu torço para que não seja tão diferente assim. Ao final abraços, agradecimentos, sorrisos e consegui marcar um Lugar ArteVistas com ele. Alegria! Alegria!
Um CD Gustavo em Barlavento, chegou as minhas mãos, presente da amiga de vida e inspiração de profissional Ivina Passos. (Grata!)E logo me pus a ouvir o CD ininterruptas vezes, curtindo e me surpreendendo com cada nova faixa, que traz propostas diferentes e cheias e personalidade. O CD começa com BailarVento, uma narrativa do vento e do movimento individual-coletivo da vida, e da música produzida, experimentada. E quando estamos quando em êxtase entra Carnaval, cantando a alma, de pés no chão, e cabeça na lua, mas com outra batida, e o corpo começa a despertar.  Foguete blues é para mim um momento de encontros sonoros, coisa de música que se permite. Penso eu. E entra uma voz infantil, como cantiga de casa, de rua, cantiga, que diz “eu tenho pena, eu tenho dó. Eu tenho pena do amor que mora só...” e que me deixa saudosa com o que nem sei se foi vivido. Na sequência, o arrasta-pé de Avuadora, e e a narrativa cinematográfica de Caminho de Mar.
Em outro tempo Gustavo canta Negra, e Lágrima de Índio apresenta outro viés da pesquisa musical do artista, um dos caminhos que mais curto, especialmente porque falam sobre Fortaleza, dando identidade a uma música que pode ser de todo lugar, sendo nossa. “Ceará, será?”.  Para Todos é a inspiração do primeiro vídeo deste novo álbum, que como diz o artista é para todos, como é o céu. Barlavento, faixa titulo, é um carnavalzinho, daqueles que você ouve mexendo o corpo de forma involuntária e me remete a um som que não consigo identificar com exatidão, mas é anos 80/90. (sei lá!).
E finaliza com “é hora, é hora, meu benzinho vamos embora, pra quem mora perto é cedo, pra quem mora longe é hora...”, e ainda rola um rock circense. 
Gustavo em Barlavento, é um álbum criativo e instigante e que promove a estreia do jovem Uirá Carvalho, responsável pela lúdica ilustração do encarte. Se tenho alguma ressalva é o tamanho da fonte do mesmo, me pareceu pequeno até pra quem enxerga melhor que eu. :D
Quem quiser saber mais é só entrar no site: http://gustavoportela.com.br/caminhada-barlavento



E tá rolando financiamento e você bem pode ser um fortalecedor do trabalho artístico cearense: https://beta.catarse.me/pt/gustavoembarlavento

Já falei sobre Gustavo Portela por aqui. http://robertabonfim.blogspot.com.br/2014/02/vendo-tudo-colorido-e-preto-e-branco-e.html 
Vale conferir também este som.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Ouvi Dizer que Lá Faz Sol - Lorena Nunes

Desde a adolescência lembro de presentear e ser presenteada com música. Antes gravamos fitas cassetes com nossas predileções e compartilhamos com os amigos mais próximos, isso porque a música que gostamos fala muito sobre quem somos e no que acreditamos. O ano de 2014, foi em definitivo um ano de muitos presentes musicais, conheci novos artistas, com novos sons e tons. E Lorena Nunes, foi um presente da amiga e parceira de trabalho, Duda Lemos. Grata Duda, desde que recebi ouço esse álbum pelo menos duas vezes por semana, e danço além de cantar junto.

Lorena Nunes, canta o Brasil e mais, canta minha Fortaleza, me faz voltar pra dentro do ônibus pegue rotineiramente na adolescência, de Parangaba à João Pessoa. No álbum tenho predileções, como as músicas Doido Por Mim que tem um ritmo gostoso demais, com movimento, um misto de reggae e forro em meus movimentos ao ouvir; Ai de Mim, tem uma batida legal e traz uma composição reflexiva e honesta, com bom humor. Águas de Mamãe Oxum, mexe com minha ancestralidade, e me remete a minha entrada de ano na Chapada Diamantina com muitos banhos de cachoeira e “crença no sim”. Mas é Corpo Solto a minha música deste álbum, com composição de Bruno Rafael. O álbum tem como primeira faixa Alegria Amarela, que já deixa claro a base dessa cantora de voz tão audível; Procê Sambar é o que costumo chamar de música gostosinha e Bem Ali parece a princípio jingle de propaganda feliz, mas traz um letra reflexiva e atual.
O fato é que o álbum Ouvi Dizer que Lá Faz Sol é leve e descontraído, e tipicamente cearense, provocando essas sensações com estilo, classe e sem rótulos.

Grata Dudenha! Grata Lorena! Grata meu Ceará!


Ouça a música:http: //www.lorenanunes.net



quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Não Recomendados

Impossível ser imparcial em se tratando desses meninos e desse show. 
Impossível entender como estreia o que já me tomou como rompante em algum verão passado, e já está na ponta da língua, dialogando facilmente com a alma. Já fui tomada pela arte individual de Caio Prado, Daniel Chaudon e Diego Moares, mas mesmo nos individuais eles se completam em um leve coletivo, que me alegra. E talvez esse seja o grande diferencial do show ao meu ver, eles se divertem, cantores e músicos estão a vontade no palco e em plena harmonia com as músicas interpretadas, tanto no lado A, como no lado B do show. São eles os Não Recomendados, mais bem recomendados que já cruzaram sonoramente minha alma tão de perto.
Mas, tentarei:
Foram dois dias de apresentação no Teatro Ipanema – RJ. Eu assisti no segundo. Chovia no Rio, mas nada me impediria de viver aquele momento, ver a continuação da realização. Houve um atraso razoável, mas facilmente esquecido a cada novo encontro no salão de espera.  O show começou, cada um apresentou seu timbre e daí pra frente começa a brincadeira. A diversão do palco contagia a plateia que rir e interage. Os músicos são ótimos, os interpretes livres e leves e com vozes que se encaixam e daí o show-espetáculo, transformou-se em uma grande festa de sons, possibilidades, vontade e amor pelo que se faz.
Como todo bom inicio de processo, existem questões em aberto, que os jovens trataram de resolver com bom humor, como quando o funk não entrou e a banda, junto com os meninos tiveram de improvisar e se superam de forma maior do que o demarcado.

Não Recomendado é um dos shows mais bem recomendados por mim nos últimos tempos, por ser um show completo, ainda sem as pompas que haverão de ter no futuro próximo.
Se ainda não conhece o som dessa turma, vale muito conhecer esse projeto tá com financiamento coletivo rolando no: https://partio.com.br/projeto/nao-recomendados/. Indico também que busquem os artistas em seus trabalhos individualmente, para fazer ainda mais sentido essa união.
No Lugar ArteVistas tive a satisfação de conversar com Daniel e Caio e já estou na torcida por um bom papo com Diego e com tantos mais.

Pra completar, a música "Variável Eloquente", está na lista dos 100 melhores discos de 2014. Eis a lista do "Embrulhador 2014" por Ed Felix


Links papos Lugar ArteVistas: https://www.youtube.com/watch?v=_k0oa22G5XE
https://www.youtube.com/watch?v=xT1QiNymP4s
https://www.youtube.com/watch?v=5E5WGl-7ZUY


Elis, O Musical

Era domingo e o dia tinha ficado pequeno para tantos quereres, assim chegamos aos 45 do segundo tempo ao teatro Oi Casa Grande, para assistir ao espetáculo Elis, O Musical, de Nelson Motta e Patrícia Andrade e direção de Dennis Carvalho. Logo que descemos do taxi, demos de cara com Miguel Falabella, de quem eu particularmente sou fã e tive de me segurar para manter a postura e seguir para o meu destino. Subimos. E subimos mais um pouco, ficamos na penúltima fila do teatro. Quem já foi ao Oi Casa Grande e observou suas dimensões vai entender o que isso quer dizer. Ele é grande, e eu mais uma vez me impressionei com seu tamanho e com a deliciosa lotação do teatro. Um público diverso transita entre as fileiras apertadas. Todos querendo ver a talentosíssima Laila Garin, todos querendo ver nela a inesquecível Elis Regina, a pimentinha.
E começou o espetáculo, a narrativa sobre uma Elis e seu desenvolvimento e recomeços. Talvez pela distância espacial, ou conceitual, mas tiveram momentos em que tive extrema dificuldade na conexão com o espetáculo. A técnica, luz, cenário, corpo de baile são bem bonitos, mas o espetáculo tenta ser engraçado a partir de alguns estereótipos. E se tem uma combinação que não é de todo digesta é Elis e rótulos.

A performance do elenco é boa, especialmente Laila que tem uma energia cênica que poucas vezes vi tão de perto. O espetáculo emociona a plateia em momentos diferentes, a mim, o ponto auto é quando canta O Bêbado e o Equilibrista. Mas, no geral o espetáculo traz a cena uma Elis mais mocinha e sensata do que se sente em sua voz.
Ao final a certeza da grandiosa produção e da dificuldade de falar sobre personalidade tão emblemática. Por isso as palmas foram quase incessantes e algumas pessoas estavam bem emocionadas. Antes sair como de costume, me pego lendo repetidas vezes uma frase sobre democracia na de entrada do Oi Casa Grande.
A volta pra casa com o coração cantando Elis, com a alma buscando senti-la.


*Espetáculo assistido em dezembro.

Companhia

 Era domingo e lá estava eu em ótimas companhias, no Teatro Sesc Emiliano Queiroz, onde íamos assistir à um espetáculo e fomos surpreendidos pelo musical “Companhia”, apresentado pelo grupo Ás de Teatro. Eu que não conhecia o grupo, de cara achei ótimo.
Logo na fila eu buscava rostos conhecidos, ao tempo que lembrava de quando todos os eram. E confirmando a teoria do teatro cíclico, ali tinha um novo público, talvez sedento de um novo teatro. E um musical naquele espaço, feito por jovens tão dedicados, me encheu de alegria. Movimento, vozes, tons, estilos, tudo tão diferente do que eu entendi como teatro cearense, lembrei de muitas cenas vistas ali, tantos artistas que admiro profundamente...

O fato, é que durante algum tempo eu assisti a vários espetáculos, e alguns não estavam no plano físico. Lembrei também do Rio de Janeiro e seus grandes musicais e alguns atores ali na minha frente não deixavam a desejar em seus potenciais aos das grandes metrópoles. A grande diferença estrutural aos meus olhos, foram as proporções, eu nunca tinha visto um musical em um espaço tão intimista, bem como nunca havia pensado o Teatro Emiliano Queiroz como intimista, mas o texto pede e o teatro se torna uma sala. Só penso que talvez fosse interessante que nós enquanto plateia, já que estamos em um espaço reduzido, também pudéssemos de alguma forma nos sentir nesta sala. Mesmo porque a narrativa trata de um tema comum a quase todos os grupos de amigos em qualquer lugar do mundo. Isso porque a trama gira ao redor de Bobby, suas três namoradas e cinco casais casados que são seus melhores amigos. Eu mesma em algum momento, pensei ser mesmo só uma questão de troca de vogais, tanto que me senti Roberto, sendo eu Roberta. Enfim, curti o exército de um musical em pequeno espaço.
A livre adaptação feita pelo diretor Glauver Sousa, do musical com libreto de George Furth e música e letra de Stephen Sondheim,Company, originalmente intitulado Threes,  apresenta através de uma série de insights, que contam a história de Robert, ou Roberto, onde são apresentadas à plateia situações de companheirismo e amor por parte desses amigos, assim como brigas, inseguranças e frustrações, tudo isso na comemoração de seus 35 anos, onde o personagem reflete sobre o fato de ainda não está casado.
No palco, uma luz que cumpre seu papel, um sofá preto, mobile e oito atores que dão vida aos personagens. Preciso dizer que o ator que faz o Roberto é assustadoramente parecido com o querido diretor de fotografia Felipe Romano. Tecnicamente o espetáculo me surpreende positivamente, saio feliz com o desenvolvimento do espaço do teatro no Ceará, que sempre foi, e é celeiro de bons artistas. No entanto, visceralmente o todo não me chega. A cidade que o autor se refere no texto original é Nova York, mas no espetáculo esse lugar da cidade parece sem solo certo, sem relações afetivas verdadeiras entre esses personagens que falam tanto desta cidade que poderia sim ser qualquer uma, Nova York, São Paulo ou Paris, mas podia também ser Fortaleza, gerando assim maior identificação entre obra e público.
Algumas vozes trago comigo, bem como o desejo de que alguns amigos o assistam e se identifiquem. E que viva o amor junto ou não. O espetáculo continua em cartaz durante os finais de semana do mês de janeiro, no Teatro Emiliano Queiroz, as 20 horas. Vale muito conferir.

P.S. Gostaria de ter recebido a ficha técnica, para saber mais sobre o grupo, o espetáculo e os artistas que o constituem.

Azul da cor do Céu

No dia 23 de março  estreamos o projeto Arte ConVida, do Grupo MIrante de Teatro Unifor, com o esquete  "Azul da Cor do Céu", text...