Sábado 17:30 h/min e eu ainda
estava no Hospital, esperando para fazer uma ressonância, quando eu
soube que haviam ainda 3 na minha frente, não contei pipoca e remarquei o
exame, não havia a possibilidade de não assistir ao show Diálogos, com Moska e Chico.
Eles e nós. O corpo e a alma, e todos dialogando no teatro da Caixa Cultural,
em Fortaleza.
Logo que cheguei encontrei a
amiga Isabelle Vieira, responsável por eu viver esse show com tanta alegria no
meu coração. Cheguei mesmo a brincar, por sentir que estava mais nervosa
esperando esse show do que quando saltei de parapente. Sei que parece exagero,
mas explicarei rapidamente. Esses dois artistas me acompanham durante uma vida,
me nortearam, inspiraram e foram consolo em momentos em que só em suas músicas
me sentia presente e possível. E eu sou grata ao meu pai por ele ter me feito intima de Chico César. Afinal, foi
pela voz dele que primeiro ouvi o som de Chico. “E a voz da Santa
dizendo. O que é que eu estou fazendo? (...) São sons são sons de sons, são
sons são, são sons”. Com Moska, tudo começou com Incidente em
Antares, livro de Erico Verissimo, adaptado para televisão pela Globo, onde a
música “Último Dia” foi trilha. E que maravilhosas indagações pude sentir. E se
só me restasse um dia? Tudo isso para dizer que esses dois artistas juntos,
enchem meu coração de uma alegria desenfreada e foi com essa alegria que em
ótima companhia assisti, cantei, senti, chorei e dialoguei com eles através de
suas músicas e ações inspiradoras.
De começo o palco intimista
montado espera pelos dois que entram e na boca de cena interpretam “Béradêro”.
Que vozes e quanto sentimento e intimidade. Nos arremataram, daí pra frente o
show segue com, a já citada “Último Dia”, seguida de “Idade do Céu”, onde o
público cantou junto com Moska, e fortalecendo a intimidade que o projeto
convida a se ter. E como disse o próprio Paulinho, ‘intimidade é bom’. E daí Chico
apresenta, “Respeite meus Cabelos Brancos”, e essa voz tão cheia de identidade
e ancestralidade, invade as minhas memórias emotivas. Depois de pedir respeito,
o artista respeitosamente deixa o palco e a cena é toda de Moska que faz “Tudo
Novo de Novo”, “Somente Nela” e “Seta e Alvo”, músicas que eu já não ouvia
há algum tempo, e que felizmente ainda estão na ponta da língua e dialogando com a alma.
E como seta que aponta, volta
Chico ao palco e juntos entre olhares de cumplicidade, pesca sobre as notas e
boa música, eles interpretam “Mulher eu Sei”, que provocou um coral regido pelo
próprio Chico que mostrou-se um piadista e levou a plateia ao riso. E para
trazer a realidade, “Relampiano” Na sequência e “Onde estará o meu amor” e “Lagrimas
de Diamante” e é a vez de Chico César ganhar todos os espaços do palco, como “Deus
me Proteja”, música que é para mim um mantra, e “Templo”. E chama ao improviso quando troca uma música do roteiro e apresenta “Estado de
Poesia”, já conhecida da linda interpretação de Maria Bethânia.
A plateia se manifesta e há quase
um plebiscito que Moska ao voltar ao palco finda, ao explicar sobre a
necessidade de se ouvir o grave, e solicita que se trabalhe o ouvido juvenil.
Daí pra frente o show só crescia, em composições, histórias e sensações, e eu apenas sentia e o que todos sentiam, uma alegria profunda e
mesmo sem ter a lua brilhando dentro do teatro, já sentíamos essa tal saudade
bruta, pura, boa.
Ao final merecidas palmas de pé.
E ainda teria ali uma segunda seção. Vida longa aos diálogos, triálogos e o que
mais que esses caras, dessa geração tão frutífera possam fazer para que
possamos ser sempre presenteados com tão boas músicas. Grata Belle, foi massa
dividir essa magia com a sua pessoa.
Ficha Técnica:
Direção Musical: Chico César e Paulinho Moska
Operador de Som: João Damasceno
Roadie: Alex Mernilo
Produção: Free Lancer Produções
Produção executiva: Renata Tavares