domingo, 24 de junho de 2012

Histórias de Família – Amok


Por Roberta Bonfim
                Sábado, seis da noite chego ao CCBB, como criança olho tudo e todos ao meu redor e olho para o teto. – As construções mais antigas sempre nos presenteiam com lindos tetos, ou tinha de fato maior contato com Deus, ou havia menos merda aqui por baixo, a questão é que é sempre uma delicia admira e um exercício olhar para cima, alongando-se totalmente.
                Segundo piso, um chazinho de tantas coisas. Sentar bem acompanhada em uma esteira indígena olhando redes a balançar. Já é hora de encarar a fila para entrada no teatro três, onde estão acontecendo às apresentações de “Histórias de Família”, do Amok Teatro.
Imagens do espetáculo O Dragão.



                Na fila uma das coisas me mais me deixa feliz no Rio de Janeiro, há uma fila de tantos. Tantos tipos, idades, formas, jeitos e comportamentos. Tantos é bom demais, pois trás a certeza das tantas interpretações. Entrar no teatro; terceira fila do lado esquerdo, central, não deve haver melhor lugar para assistir esse espetáculo que fecha a trilogia da guerra, pesquisa que o grupo vem seguindo, desde “O Dragão”, passando por “Kabul. Em uma trajetória que começou no ECUM- Encontro Mundial de Artes Cênicas, onde tomaram ciência da possibilidade de reflexão sobre o teatro nas zonas de conflito. E assim surgem pergunta, tais como: Qual o papel do teatro diante do sofrimento e da violência? Como o teatro responde aos desafios e questionamentos da sociedade contemporânea? E como essa sociedade tem influenciado a criação e a busca de novas linguagens? Perguntas fortes e que tentam ser respondidas no palco.
                Os primeiros 45 minutos de espetáculo são algo que se deve lamentar perder, com cenas fortes, um corpo vivo e pulsante, uma técnica admirável e segurança ali, os atores se divertem na excursão de seus personagens e por vezes provocam um clima de tensão provocador, ao nos deparamos com um discurso tão distinto e tão próximo. Um risco que o Amok assume com maestria. Pois é preciso admitir que ao falar sobre um tema além de nossa própria identidade (já tão pouco conhecida), é preciso confiar muito em seu publico e no trabalho conjunto.
                Luz, sons, ambientação. Tudo no seu lugar, mas depois desses 45 minutos primeiros, começa a faltar (ao meu ver) ritmo, força, não sei. De repente as cenas ficam ralentadas e deixam o espetáculo cansativo, em seus 110 minutos. As cadeiras do teatro também não ajudam. Mas penso que tal tempo se ajustará logo em breve, com a repetição. No mais é um bom espetáculo, que segue em cartaz no CCBB e vai ser conferido. A temporada segue com os demais espetáculos da trilogia.

P.S. Orgulho extra por ver Christiane Góis em cena.
Ficha Técnica:
Cia: Amok Teatro
Texto: Biljana Srbljanovic
Direção e Adaptação: Ana Teixeira e Stephane Brodt
Elenco: Bruce Araujo, Christiane Góis, Rosana Barros e Stephane Brodt
Iluminação: Renato Machado
Cenário: Ana Teixeira
Figurinos e Objetos de cena: Stephane Brodt
Costureira: Dora Pinheiro
Cenotécnico: Manoel Puoci
Operador de Luz: Rodrigo Maciel
Projeto Gráfico: Paulo Barbosa Lima
Produção: Erick Ferraz – Arilson Lucas
SERVIÇO
Data: de 13 de junho a 05 de agosto (de quarta a domingo), às 19h30
Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Teatro III
Ingressos: R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia-entrada)
Classificação etária: Não recomendado para menores de 16 anos

sábado, 23 de junho de 2012

Beligerantes - Bonsons


 Se tem uma coisa que eu gosto muito nessa vida, além da própria são os sons e suas inúmeras possibilidades. E quando uma galera talentosa resolve unir alguns sons e chama-los de música, ai então começa a diversão. E foi assim que entramos sem esperar nessa diversão comandada no melhor sentido da palavra, pelos Beligerantes. Que mesmo remetendo a refrigerante, tem significado forte ao afirma-se sempre pronto à guerra, em defesa do ser e do fazer boa música..
Com estilos que se cruzam, os Beligerantes vão do reggae ao rock, passando pelo pop ou mesmo visitando, tempo e batidas que reconheci logo de cara, como os lá de casa. E nesse misto experimental, bem executado por jovens músicos, encontra-se também poesia, textos cheios de reflexão e verdade.
Alguns equívocos viram cena, pela forma descontraída em que o show acontece e de repente naquele espaço delicioso parece que todos se conhecem e conhecem aqueles sons e se torna festa de casa, reservada. E deve ser essa a proposta da Reserva + (Av. Francisco Otaviano, 67 Loja E e F, 22.080-040 Rio de Janeiro, Brazil(21) 2227-1192), que pela segunda vez me surpreende positivamente com seus domingos deliciosos. 

Lembro do espetáculo De Repente (http://robertabonfim.blogspot.com.br/2012/03/encontrar.html) que também muito me encantou, assim como essa banda. E digo mais, se a Orbita fosse por aqui, tenho certeza de que essa banda também tocaria por lá.
Bem, quem souber mais sobre a banda me passa. Nesse domingo vou tentar chegar lá pela Reserva outra vez, para novas surpresas.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Doidas e Santas



Nesses últimos dias recebi visita de casa e com isso assumi minha função de guia turística e claro que uma das paradas obrigatórias foi um teatro. Um espetáculo que não fosse chato, nem de difícil compreensão. Sou muito as favor do experimental, mas é preciso aceitar que o experimental é para quem experimenta das mesmas experiências. A questão é que fomos assistir ao espetáculo “Doidas e Santas”, vulgo, “O espetáculo da Cissa”.


Optamos por comprar o ingresso ainda à tarde, para que não corrêssemos o risco de ficar sem essa programação e lá fomos ao Teatro Vanucci, compramos quatro ingressos e quando estávamos saindo escutamos um nada delicado e com forte sotaque. – “Não cheguem depois das 21:30h que as portas fecham e não entra ninguém!” Eu, imediatamente pensei: - “ Não é o que , é o como.”
De noite: Entramos no Shopping Gávea e a fila para entrar no Teatro Vanucci já existia, chegamos ao seu final e logo entramos. Eu que nunca havia ido aquele teatro bem gostei do espaço, mesmo tendo sido negativamente surpreendida com uma vendinha de balas, pipocas e afins logo na entrada. Tudo isso pode até ter sido organificado no cinema, mas no teatro... Por favor!
Já sentados todos conversavam, mais parecia uma feira. E descuidados comuns em produções ditas amadoras, se repetem no que temos por profissional. Uma representante do Retiro dos Artistas, falou um pouco sobre a casa, achei salutar a informação, e acredito que entes de todas as apresentações ou melhor, nos agradecimentos deveria ser levado a publico essa realidade
Toca o delicioso terceiro sinal e inicia o espetáculo. Ali a nossa frente apesar da boa interpretação eu não conseguia deixar de ver a garota que quebra o corpo mais não arrebenta a sapucaia, mas fui do riso à fortes reflexões várias vezes e com tamanha facilidade que penso ser interessante a todos que experimentam assistir mais espetáculos simples que usam uma formula antiga de falar sobre o cotidiano.
Com um cenário interessante que se reconfigura, uma luz que ambienta bem e uma trilha sonora envolvente mais um texto de Martha Medeiros conquista os teatros brasileiros. O primeiro a ganhar cena, foi Divã, tendo como protagonista a talentosa Lilian Cabral, esse eu só pude assistir no cinema.
 Com um elenco gostoso de se ver, vemos também Cissa Guimarães, no limiar, e de alguma forma isso provoca algo forte do qual não saberia dar nome. Talvez o ponto fraco seja a direção de Ernesto Piccolo que deixa o entremeio um tanto cansativo, talvez pela repetição e entradas e saídas. Mais como um todo sai feliz do espetáculo e penso que essa também seja a missão do teatro comuinicar, provocar e divertir, afinal, a vida já nos é muito cruel.
O elenco se diverte em cena e isso nos diverte ao assistir, Cissa em seu delicioso limitar leva dignamente sua personagem, Giuseppe Oristanio cai como luva como o marido. Mais é Josie Antello, que se divide entre a mãe, a filha e a irmã, e beirando ao  caricato que provoca riso e dá leveza quando se fala de algo tão delicado como as possíveis realidades. É assim: quem estiver afim de uma comédia bacana "Doidas e Santas" é garantia de bom divertimento. Leve! 

Azul da cor do Céu

No dia 23 de março  estreamos o projeto Arte ConVida, do Grupo MIrante de Teatro Unifor, com o esquete  "Azul da Cor do Céu", text...