segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Gustavo em Barlavento

  Era terça feira, o trânsito em Fortaleza estava ácido, o dia havia sido produtivo e era essencial fechar a noite em boa companhia, bom som e muito estilo.  A pedida foi o pré-lançamento do álbum Gustavo em Barlavento, no Sesc Senac Iracema.
 Cheguei ao Centro Cultural Dragão do Mar e mais uma vez fiquei feliz pelo fluxo de pessoas se utilizando dos espaços públicos da cidade. Felizmente venho sentido isso muito fortemente, talvez por conta de projetos como; "Cidadania Sustentável - Para Viver a Cidade", Bicicletar, dentre outros, assim como dos esforços dos artevistas Rodrigo Oliveira, Thais Andrade e todos que pedalam e entendem que mais que vias e viadutos, precisamos de mobilidade publica de forma sustentável. Meu eterno agradecimento!
Voltando... 
  O fato, é que quando chegamos ao teatro o show-espetáculo já havia começado, mas não há muito. Nos acomodamos e logo eu já estava inundada das experiências vividas por Gustavo Portela e os seus. Na sequência a exibição do vídeo Para Todos (http://gustavoportela.com.br/clipe-paratodos), e então inicia-se uma performance do artista ao tempo que os músicos (não me recordo o nome de todos, quem souber me ajuda por gentileza. Grata) vão ganhando seus espaços, até que começa. E somos todos por fim levados pela música, pelo show, pelo vento e é quase possível sentir-se caminhando sobre os passos já deixados.
  O show espetáculo é intimista, simples e delicioso. Gustavo afirma que o show completo será diferente, eu torço para que não seja tão diferente assim. Ao final abraços, agradecimentos, sorrisos e consegui marcar um Lugar ArteVistas com ele. Alegria! Alegria!
Um CD Gustavo em Barlavento, chegou as minhas mãos, presente da amiga de vida e inspiração de profissional Ivina Passos. (Grata!)E logo me pus a ouvir o CD ininterruptas vezes, curtindo e me surpreendendo com cada nova faixa, que traz propostas diferentes e cheias e personalidade. O CD começa com BailarVento, uma narrativa do vento e do movimento individual-coletivo da vida, e da música produzida, experimentada. E quando estamos quando em êxtase entra Carnaval, cantando a alma, de pés no chão, e cabeça na lua, mas com outra batida, e o corpo começa a despertar.  Foguete blues é para mim um momento de encontros sonoros, coisa de música que se permite. Penso eu. E entra uma voz infantil, como cantiga de casa, de rua, cantiga, que diz “eu tenho pena, eu tenho dó. Eu tenho pena do amor que mora só...” e que me deixa saudosa com o que nem sei se foi vivido. Na sequência, o arrasta-pé de Avuadora, e e a narrativa cinematográfica de Caminho de Mar.
Em outro tempo Gustavo canta Negra, e Lágrima de Índio apresenta outro viés da pesquisa musical do artista, um dos caminhos que mais curto, especialmente porque falam sobre Fortaleza, dando identidade a uma música que pode ser de todo lugar, sendo nossa. “Ceará, será?”.  Para Todos é a inspiração do primeiro vídeo deste novo álbum, que como diz o artista é para todos, como é o céu. Barlavento, faixa titulo, é um carnavalzinho, daqueles que você ouve mexendo o corpo de forma involuntária e me remete a um som que não consigo identificar com exatidão, mas é anos 80/90. (sei lá!).
E finaliza com “é hora, é hora, meu benzinho vamos embora, pra quem mora perto é cedo, pra quem mora longe é hora...”, e ainda rola um rock circense. 
Gustavo em Barlavento, é um álbum criativo e instigante e que promove a estreia do jovem Uirá Carvalho, responsável pela lúdica ilustração do encarte. Se tenho alguma ressalva é o tamanho da fonte do mesmo, me pareceu pequeno até pra quem enxerga melhor que eu. :D
Quem quiser saber mais é só entrar no site: http://gustavoportela.com.br/caminhada-barlavento



E tá rolando financiamento e você bem pode ser um fortalecedor do trabalho artístico cearense: https://beta.catarse.me/pt/gustavoembarlavento

Já falei sobre Gustavo Portela por aqui. http://robertabonfim.blogspot.com.br/2014/02/vendo-tudo-colorido-e-preto-e-branco-e.html 
Vale conferir também este som.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Ouvi Dizer que Lá Faz Sol - Lorena Nunes

Desde a adolescência lembro de presentear e ser presenteada com música. Antes gravamos fitas cassetes com nossas predileções e compartilhamos com os amigos mais próximos, isso porque a música que gostamos fala muito sobre quem somos e no que acreditamos. O ano de 2014, foi em definitivo um ano de muitos presentes musicais, conheci novos artistas, com novos sons e tons. E Lorena Nunes, foi um presente da amiga e parceira de trabalho, Duda Lemos. Grata Duda, desde que recebi ouço esse álbum pelo menos duas vezes por semana, e danço além de cantar junto.

Lorena Nunes, canta o Brasil e mais, canta minha Fortaleza, me faz voltar pra dentro do ônibus pegue rotineiramente na adolescência, de Parangaba à João Pessoa. No álbum tenho predileções, como as músicas Doido Por Mim que tem um ritmo gostoso demais, com movimento, um misto de reggae e forro em meus movimentos ao ouvir; Ai de Mim, tem uma batida legal e traz uma composição reflexiva e honesta, com bom humor. Águas de Mamãe Oxum, mexe com minha ancestralidade, e me remete a minha entrada de ano na Chapada Diamantina com muitos banhos de cachoeira e “crença no sim”. Mas é Corpo Solto a minha música deste álbum, com composição de Bruno Rafael. O álbum tem como primeira faixa Alegria Amarela, que já deixa claro a base dessa cantora de voz tão audível; Procê Sambar é o que costumo chamar de música gostosinha e Bem Ali parece a princípio jingle de propaganda feliz, mas traz um letra reflexiva e atual.
O fato é que o álbum Ouvi Dizer que Lá Faz Sol é leve e descontraído, e tipicamente cearense, provocando essas sensações com estilo, classe e sem rótulos.

Grata Dudenha! Grata Lorena! Grata meu Ceará!


Ouça a música:http: //www.lorenanunes.net



quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Não Recomendados

Impossível ser imparcial em se tratando desses meninos e desse show. 
Impossível entender como estreia o que já me tomou como rompante em algum verão passado, e já está na ponta da língua, dialogando facilmente com a alma. Já fui tomada pela arte individual de Caio Prado, Daniel Chaudon e Diego Moares, mas mesmo nos individuais eles se completam em um leve coletivo, que me alegra. E talvez esse seja o grande diferencial do show ao meu ver, eles se divertem, cantores e músicos estão a vontade no palco e em plena harmonia com as músicas interpretadas, tanto no lado A, como no lado B do show. São eles os Não Recomendados, mais bem recomendados que já cruzaram sonoramente minha alma tão de perto.
Mas, tentarei:
Foram dois dias de apresentação no Teatro Ipanema – RJ. Eu assisti no segundo. Chovia no Rio, mas nada me impediria de viver aquele momento, ver a continuação da realização. Houve um atraso razoável, mas facilmente esquecido a cada novo encontro no salão de espera.  O show começou, cada um apresentou seu timbre e daí pra frente começa a brincadeira. A diversão do palco contagia a plateia que rir e interage. Os músicos são ótimos, os interpretes livres e leves e com vozes que se encaixam e daí o show-espetáculo, transformou-se em uma grande festa de sons, possibilidades, vontade e amor pelo que se faz.
Como todo bom inicio de processo, existem questões em aberto, que os jovens trataram de resolver com bom humor, como quando o funk não entrou e a banda, junto com os meninos tiveram de improvisar e se superam de forma maior do que o demarcado.

Não Recomendado é um dos shows mais bem recomendados por mim nos últimos tempos, por ser um show completo, ainda sem as pompas que haverão de ter no futuro próximo.
Se ainda não conhece o som dessa turma, vale muito conhecer esse projeto tá com financiamento coletivo rolando no: https://partio.com.br/projeto/nao-recomendados/. Indico também que busquem os artistas em seus trabalhos individualmente, para fazer ainda mais sentido essa união.
No Lugar ArteVistas tive a satisfação de conversar com Daniel e Caio e já estou na torcida por um bom papo com Diego e com tantos mais.

Pra completar, a música "Variável Eloquente", está na lista dos 100 melhores discos de 2014. Eis a lista do "Embrulhador 2014" por Ed Felix


Links papos Lugar ArteVistas: https://www.youtube.com/watch?v=_k0oa22G5XE
https://www.youtube.com/watch?v=xT1QiNymP4s
https://www.youtube.com/watch?v=5E5WGl-7ZUY


Elis, O Musical

Era domingo e o dia tinha ficado pequeno para tantos quereres, assim chegamos aos 45 do segundo tempo ao teatro Oi Casa Grande, para assistir ao espetáculo Elis, O Musical, de Nelson Motta e Patrícia Andrade e direção de Dennis Carvalho. Logo que descemos do taxi, demos de cara com Miguel Falabella, de quem eu particularmente sou fã e tive de me segurar para manter a postura e seguir para o meu destino. Subimos. E subimos mais um pouco, ficamos na penúltima fila do teatro. Quem já foi ao Oi Casa Grande e observou suas dimensões vai entender o que isso quer dizer. Ele é grande, e eu mais uma vez me impressionei com seu tamanho e com a deliciosa lotação do teatro. Um público diverso transita entre as fileiras apertadas. Todos querendo ver a talentosíssima Laila Garin, todos querendo ver nela a inesquecível Elis Regina, a pimentinha.
E começou o espetáculo, a narrativa sobre uma Elis e seu desenvolvimento e recomeços. Talvez pela distância espacial, ou conceitual, mas tiveram momentos em que tive extrema dificuldade na conexão com o espetáculo. A técnica, luz, cenário, corpo de baile são bem bonitos, mas o espetáculo tenta ser engraçado a partir de alguns estereótipos. E se tem uma combinação que não é de todo digesta é Elis e rótulos.

A performance do elenco é boa, especialmente Laila que tem uma energia cênica que poucas vezes vi tão de perto. O espetáculo emociona a plateia em momentos diferentes, a mim, o ponto auto é quando canta O Bêbado e o Equilibrista. Mas, no geral o espetáculo traz a cena uma Elis mais mocinha e sensata do que se sente em sua voz.
Ao final a certeza da grandiosa produção e da dificuldade de falar sobre personalidade tão emblemática. Por isso as palmas foram quase incessantes e algumas pessoas estavam bem emocionadas. Antes sair como de costume, me pego lendo repetidas vezes uma frase sobre democracia na de entrada do Oi Casa Grande.
A volta pra casa com o coração cantando Elis, com a alma buscando senti-la.


*Espetáculo assistido em dezembro.

Companhia

 Era domingo e lá estava eu em ótimas companhias, no Teatro Sesc Emiliano Queiroz, onde íamos assistir à um espetáculo e fomos surpreendidos pelo musical “Companhia”, apresentado pelo grupo Ás de Teatro. Eu que não conhecia o grupo, de cara achei ótimo.
Logo na fila eu buscava rostos conhecidos, ao tempo que lembrava de quando todos os eram. E confirmando a teoria do teatro cíclico, ali tinha um novo público, talvez sedento de um novo teatro. E um musical naquele espaço, feito por jovens tão dedicados, me encheu de alegria. Movimento, vozes, tons, estilos, tudo tão diferente do que eu entendi como teatro cearense, lembrei de muitas cenas vistas ali, tantos artistas que admiro profundamente...

O fato, é que durante algum tempo eu assisti a vários espetáculos, e alguns não estavam no plano físico. Lembrei também do Rio de Janeiro e seus grandes musicais e alguns atores ali na minha frente não deixavam a desejar em seus potenciais aos das grandes metrópoles. A grande diferença estrutural aos meus olhos, foram as proporções, eu nunca tinha visto um musical em um espaço tão intimista, bem como nunca havia pensado o Teatro Emiliano Queiroz como intimista, mas o texto pede e o teatro se torna uma sala. Só penso que talvez fosse interessante que nós enquanto plateia, já que estamos em um espaço reduzido, também pudéssemos de alguma forma nos sentir nesta sala. Mesmo porque a narrativa trata de um tema comum a quase todos os grupos de amigos em qualquer lugar do mundo. Isso porque a trama gira ao redor de Bobby, suas três namoradas e cinco casais casados que são seus melhores amigos. Eu mesma em algum momento, pensei ser mesmo só uma questão de troca de vogais, tanto que me senti Roberto, sendo eu Roberta. Enfim, curti o exército de um musical em pequeno espaço.
A livre adaptação feita pelo diretor Glauver Sousa, do musical com libreto de George Furth e música e letra de Stephen Sondheim,Company, originalmente intitulado Threes,  apresenta através de uma série de insights, que contam a história de Robert, ou Roberto, onde são apresentadas à plateia situações de companheirismo e amor por parte desses amigos, assim como brigas, inseguranças e frustrações, tudo isso na comemoração de seus 35 anos, onde o personagem reflete sobre o fato de ainda não está casado.
No palco, uma luz que cumpre seu papel, um sofá preto, mobile e oito atores que dão vida aos personagens. Preciso dizer que o ator que faz o Roberto é assustadoramente parecido com o querido diretor de fotografia Felipe Romano. Tecnicamente o espetáculo me surpreende positivamente, saio feliz com o desenvolvimento do espaço do teatro no Ceará, que sempre foi, e é celeiro de bons artistas. No entanto, visceralmente o todo não me chega. A cidade que o autor se refere no texto original é Nova York, mas no espetáculo esse lugar da cidade parece sem solo certo, sem relações afetivas verdadeiras entre esses personagens que falam tanto desta cidade que poderia sim ser qualquer uma, Nova York, São Paulo ou Paris, mas podia também ser Fortaleza, gerando assim maior identificação entre obra e público.
Algumas vozes trago comigo, bem como o desejo de que alguns amigos o assistam e se identifiquem. E que viva o amor junto ou não. O espetáculo continua em cartaz durante os finais de semana do mês de janeiro, no Teatro Emiliano Queiroz, as 20 horas. Vale muito conferir.

P.S. Gostaria de ter recebido a ficha técnica, para saber mais sobre o grupo, o espetáculo e os artistas que o constituem.

Corpos Velhos: Para que servem?

Por Roberta Bonfim Tudo que se vive é parte do que somos e do que temos a comunicar, nossos corpos guardam todas as memórias vividas, muit...