sexta-feira, 29 de agosto de 2014

No Terreiro lá de Casa

Uma quinta chuvosa no Rio de Janeiro, é passar pela Lapa e não ver inúmeras pessoas na rua. Conseguir enxergar a beleza dos prédios antigos que se misturam aos modernos. E eu fui pra rua ver a Lapa chuvosa, e por que há tempos minha alma e meu corpo pediam uma Terreirada Cearense. Além de que, coisa boa é um forrozinho para aquecer.
A Terreirada aconteceu no Parada da Lapa, um anexo da Fundição Progresso, um lugar definitivamente interessante. Logo de chegada, as luzes e a voz gostosa de Geraldo Junior (pra mim, sempre Junior Boca), alguns bons encontros* e abraços que nunca faltam nas Terreiradas. Papos em dia, vamos chegando com respeito no salão. O som é ótimo, e o show é “PHoda” de bom. Impossível(pelo menos pra mim), não ganhar músicas admirando a banda, que se movimenta e se diverte no palco. O sotaque carregado que Geraldo mantém com amor e orgulho, bem como seu estilo e desenvoltura no palco, fazem do show um grande espetáculo, dividido em dois atos.



E foi no segundo ato, que chegaram os convidados para deixar mais bonita a festa. Um monte de gente boa cantando música boa. E o Ceará que é carioca, cantando o Pará, foi mágico. Quando já nos encontrávamos todos dançantes no meio do salão a rabeca de Beto Lemos, somando-se a Geraldo Junior, e toda a banda me levou pro Cariri, pra Fortaleza, pra outro planeta estando exatamente ali. Quebrou-se o tempo.
Fico imaginando como vai ser no dia 06 de setembro, as 20 horas, na Feira de São Crsitóvão (Feira de Tradições Nordestinas), quando esses meninos estiverem homenageando Luiz Gonzaga e contando com a participação de caras como Jefferson Gonçalves e Glaucus Linx. Bem como imagino quão doce será o casamento com a Pietá, no dia 08 de outubro, no Teatro Odisséia.
Muita luz, inspiração e força na luta pra vocês meninos. Eu por aqui, sou só alegria, orgulho e amor por vocês e por esse trabalho lindo que realizam.
*Doce encontro com os meninos da Cia do Tijolo, que estão em cartaz aqui no Rio, no Sesc Ginástico, as 19 horas, este final de semana com o espetáculo Safadezas do Samba, que eu tive a grata satisfação de assistir no início do processo (http://robertabonfim.blogspot.com.br/2011/03/safadezas-do-samba.html) e já era uma delicia. Não perco por nada e se você estiver aqui pelo Rio também não devia perder.

*Link Terreirada Cearense https://www.youtube.com/watch?v=CG35oD-FoyM

*Dinho sempre uma delicia papear com a sua pessoa. :D
*Deliciosas companhias. <3 p="">

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Dalí – Salvador


O nome invertido, é por que é assim que o vejo, leio-o, admiro-me, e sinto.  Dalí me salva da realidade, da loucura, da ambição, de alguns medos. Mesmo com toda sua solidão. Cruel sina a de ser artista, caminho de solidão esgoelada na alma e esse vazio tão cheio de vida, imagens, sons, cheiros, movimentos, possibilidades, a arte nos supre e nos absorve, mas é tão sutil que deixa o artista em completa solidão compartilhada. Deve ser difícil ser artista e me dói pensar em tanta solidão que também é minha.


São muitos Dalí(s), tanto quantos foram Fernando(s) e todos contam alguma história, que por mais surreal que seja representa, comunica. Nada em sua obra é silencioso, aos mais atentos a exposição pode mesmo ser uma fabulosa aula de história da arte, e do Surrealismo, já que o próprio Dali dizia; “O Surrealismo sou eu!”. Eu penso sermos nós.

O fato é que a exposição Salvador Dalí fica no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil – RJ), até 22 de setembro e quem ainda não foi ver, precisa. Por ser Dalí, por ter história, por ser belo e estimulante, mas especialmente pelos símbolos. Afinal, quando nos pegamos de frente à uma obra de Salvador Dalí, invariavelmente nos deparamos com imagens que instigam nosso olhar. São muitos os elementos presentes na obra do artista, desde os conhecidos relógios derretidos, formigas, leões, ovos*, borboletas, chaves, tudo buscando desafiar ou abrir focos perceptivos na nossa racionalidade estática.

A exposição é o que posso chamar de imperdível e no foyer ainda tem espaço para se fotografar em meio ao surrealismo de Dalí, provocando a interatividade. Vale muito conferir de perto e se permitir.

sábado, 9 de agosto de 2014

O Mercado de Notícias, de Jorge Furtado.


“O poema ensina ou delicia.
Ou ambos,
          E este é o que vicia.”
 (Horácio, em “A Arte Poética)

Era sexta feira, o Rio estava frio, nós tínhamos visto ao pôr do sol do Arpoador. Às 22 horas começaria o filme, chegamos na hora exata, compramos a pipoca e entramos, fileira H, cadeiras centrais laranjas (8,9, 10).

Começa a sessão. Nos trailers bons filmes brasileiros, sentimos um orgulho bom ao encontrar referências e já combinávamos a próxima sessão, até que as cortinas se abriram. É isso. Na tela gigante as cortinas abriam para os bastidores da informação, e do próprio exercício ficcional e real de passar a mesma. Responsável pelos longas-metragens; O Homem que Copiava, Meu Tio Matou um Cara e Saneamento Básico, todos criticas ficcionais, além dos docs. curtas Ilha das Flores e Esta Não é a sua Vida, Jorge Furtado retorna a não-ficção fora da TV, com o longa O Mercado de Notícias. E nós esperávamos que o documentário fosse o suprassumo, mas ele mesmo cita a tal da expectativa, em cenas teatrais que mais parecem reais.
O fato é que o filme quase cansa, os depoimentos dos treze jornalista covidados, para comentar as funções do repórter, a relação com as fontes, a partidarização política e a dependência econômica dos meios de comunicação, e claro que também falar sobre as mudanças da era online, não trazem nada de muito estimulante, no entanto, a costura com o espetáculo The Staple of News, de Ben Jonson, o segundo grande dramaturgo  na Inglaterra, o primeiro era William Shakespeare, montado no Theatro São Pedro, de Porto Alegre, deixa as claras a discussão sobre a  imprensa atual, bem como a maestria do diretor. Escrita em 1625 como uma sátira ao crescimento dos negócios jornalísticos e ao capitalismo britânico nascente, a peça apresenta, Pila Jr. um jovem milionário dissipador, que associa-se a uma agência de notícias cujos personagens se chamam Tagarela, Expectativa, Censura, e por aí afora. Tanto Pila Jr. quanto o dono da agência aspiram à mão de Pecunia, uma riquíssima herdeira.
Uma das coisas mais engraçadas, ao meu ver é o quanto os discursos são similares aos estereótipos românticos juvenis, mas de alguma forma também se privam da auto critica. Quem assistir ao doc. verá que há entre eles os mais diversos tipos que invariavelmente em algum lugar trazem discursos semelhantes, talvez, apenas Jânio Freitas, da Folha de São Paulo, ouse tocar em feridas.

Eleito melhor documentário pelo júri oficial e popular do 18º Cine PE, Mercado de Noticias é um bom filme, especialmente aos estudantes de jornalismo e curiosos sobre a comunicação, mas de alguma forma bebendo dos caminhos da tal agencia de noticias. 

O filme tá em cartaz e o site no ar: http://www.omercadodenoticias.com.br/a-peca/

Corpos Velhos: Para que servem?

Por Roberta Bonfim Tudo que se vive é parte do que somos e do que temos a comunicar, nossos corpos guardam todas as memórias vividas, muit...