terça-feira, 12 de julho de 2011

Cilada sem ponto nem com–Qualquer Gato Vira Lata

Ontem recebi um convite. Ir ao cinema. Maravilha! Qual filme? Cilada.com. Melhor ainda! O dia passou e a expectativa sobre o filme só aumentava, por fim chego ao shopping e... Cilada! Primeiro meu parceiro de cinema me aparece todo arrochadinho, depois a máquina para compra de ingressos sai do ar e por fim a seção esta esgotada. Olhamos outras opções e... Cilada! Não

tinha nada. Corremos para outro shopping, cheios de alegria no coração e ao chegar lá... Cilada! A seção também estava esgotada.

Na falta de opção assistimos Qualquer Gato Vira Lata, o longa que trás a belos; Cleo Pires, Dudu Azevedo e Malvino Salvador como o triângulo principal dessa comédia romântica. A obra inspirada na peça homônima de Juca de Oliveira conta a história de Tati que apaixonada por Marcelo, não consegue entender que ele a despreza por ela não se respeitar e esta sempre em cima. De fato ele é estereótipo do play boy, inconsequente e irresponsável. Depois de ser humilhada por Marcelo mais uma vez, ela ouve a aula de Conrado, um professor de biologia que defende a seguinte tese: as mulheres, ao irem para cima dos homens, estão acabando com anos de história evolutiva, deixando os machos perdidos. O certo, diz ele, é a mulher ficar na sua e deixar o homem tomar a iniciativa. É assim há muito tempo com os marrecos, os cavalos e os leões, por que as mulheres querem mudar isso agora?

A moça que a principio discordava do discurso machista, acaba por torna-se a tese de Conrado e começa, então a ser, por ele “treinada” e envolvida. Quem não gosta muito disso e Marcelo que ao ver a ex namorada todo tempo com o professor, começa a ficar enciumado e enfim ver o que nunca enxergou. A trama toda é bem feitinha, obedece às regras todas do gênero, com descoberta do amor verdadeiro, empecilhos e final feliz. Já a execução tem alguns problemas. A começar com a predileção nítida do diretor Tomas Portella pelos detalhes, com enquadramentos no pé, no telefone, no vestido jogado na cama e todos os símbolos que ele acredita que aquela imagem tenha.

De modo geral o filme cai no clichê água com açúcar, mas tirou sorriso da platéia com faixa etária de 18 anos. Em termos de atuação, Cleo Pires está bem e esbanja charme, enquanto Dudu Azevedo compromete apenas em algumas cenas em que tenta ser engraçado. Já Malvino Salvador erra na dose, deixando Conrado excessivamente caricato, com seu andar duro e frases prontas, que podem funcionar no teatro, mas não combinam com o cinema.

Como qualquer gato vira-lata, a comédia romântica pode até se dar bem e agradar ao público, mas como cinema a falta de pedigree pesa contra. Houve um momento que me perguntei se eu estava tão amarga que não conseguia rir, mas a questão é que mesmo a temática sendo boa a abordagem trás alguns exageros e estereótipos que chegam a irritar. Além do som que vez por outra causa um desconforto.

Isso sem contar que toda a mulecada sentou ao meu lado, e fiquei ali, assistindo ao filme não muito bom e a turminha ao meu lado que falou o filme todo uma porção de besteiras. Cilada! Saímos do cinema, vamos pagar o estacionamento, e... Cilada!

Brincadeiras a parte, o filme trás uma idéia central boa, mas uma execução que deixa a desejar. E é ai também que encontramos a diferença maçante entre teatro e cinema, pois agora nada mais pode ser feito e o que se tem é um filme como qualquer gato vira lata.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Como Esquecer

“O que será o contrário do amor?”

Eram quatro da manhã quando acordei e comecei a assistir o filme “Como Esquecer”. As quatro a luz é maravilhosa para assistir filmes e o mundo ainda se mantêm em silêncio. E só assim me foi possível ouvir com a alma os textos reflexivos, sussurrados pela atriz Ana Paula Arosio, que interpreta a triste, introspectiva e confusa Júlia, escritora e professora universitária .

Para pessoas que como eu, cresceram vendo a jovem e bela Ana Paula Arosio nas capas da revista Capricho; depois sua entrada triunfal na televisão, como linda e misteriosa Hilda Furacão, vê-la assim quase feia é maravilhosamente concentrada e competente em seu papel de Júlia, causa uma alegria profunda.

Quem também chama atenção é Murilo Rosa, contrariando os papeis de garanhão, mulherengo e galã que costuma fazer, no longa ele interpreta Hugo (o amigo que eu sempre quis ter.rs), um jovem ator que se recupera da morte do ex namorado e é fundamental para “evolução” de Júlia. Quem também deixa seu recado é Natália Lage que vive a alternativa Lisa. Esses três formam o que podemos chamar de família e se ajudam e respeitam, aprendem, uns com os outros.

A ousada produção traz uma protagonista lésbica, algo raro no cinema brasileiro, mas que se justifica, não a personagem, mas a iniciativa, pois é um filme que apesar de tratar sobre sentimentos, por vezes até bem difíceis e com cenas e emoções fortes, ele se mantêm leve, poético, isso além, do argumento inteligente, algo que em parte se deve ao livro no qual é baseado, Como Esquecer: Anotações Quase Inglesas, de Myriam Campelo.

Enquanto a grande maioria dos filmes, faz questão de mostrar personagens que perdem alguém e logo se consolam nos braços de alguém, Como Esquecer opta por falar sobre esse intervalo que há entre a “tragédia” e o que acontece depois. E nesse caminho, o longa-metragem de Malu de Martino vive uma relação de tapas e beijos com a dramaturgia.

O que mais me chama atenção no longa é que além da macacão impecável e do dialogo entre narrativa e personagem, é possível sentir o tempo que nos é deixado para refletir a respeito, o que por vezes é bom, mas essa cordialidade é belamente quebrada por duas personagens, que vem de fora e abalam o trio de protagonistas: a aluna de Júlia, Carmen Lygia (Bianca Comparato) e a prima de Lisa, Helena (Arieta Correa). Quando elas entram no jogo, o filme ganha outro ritimo e há uma quebra no livro de auto-ajuda que vem se criando, isso por que sobre elas nada sabemos, são incógnitas que entram e mexem, justamente porque carregam o imprevisível em suas trajetórias. Com as duas não sabemos para onde as trajetórias vão se encaminhar: elas dão aquela saudável sensação de vida.

É um filme belo, em essência e indicado aos que amam, amaram e amarão. Mesmo por que o amor segue o tempo e se prende a ele, o amor é do momento? Esta com a gente? É de verdade? E quando acaba? Como seguir? Quem se era antes de ser alguém solteiro? O que deixa saudades é o que foi sentido, a presença, ou a pessoa? “Sabe qual a diferença entre paixão e encantamento? O encantamento, dura mais!”

domingo, 10 de julho de 2011

Da PaIxÃo SoBrE bOrBoLeTaS–uMa HiStÓrIa DeScOnStRuÍdA

Sábado à noite em um processo de despedida. A pedida? Ir ao teatro, me deixar encantar por Caio Fernando Abreu, Murillo Ramos, André... É o espetáculo: Da paixão sobre borboletas - Uma história desconstruída.
Chegar a Aldeia (sede do grupo Expressões Humanas), sinto uma alegria tremenda e um orgulho bom, de ver grupos e artistas cearenses conquistando seus espaços. As 19:20h/min começa. Atravessamos a cortina preta ouvindo uma bela música, que não consigo lembrar, por ter ainda na lembrança a expressão do personagem, a fita de bloqueio, cones, fitas e... Borboletas.
Sem mocinhos nem bandidos, a trama é reflexiva em seu centro, pois é da memória, da saudade e dos devaneios que o julgamento é feito e a culpa compartilhada. Se por um lado temos um casal de rapazes vivendo suas emoções intensamente em anos de turbulência, por outro temos o narrador que apresenta a história e a avalia, buscando talvez o aval do receptor E, consegue.
A mim tocou mais uma vez, me fazendo enxergar borboletas por todo lugar. Causou-me outras tantas reflexões, que se somadas a toda aquela completude... Nem sei! O que sei, é que quase acreditei que também me saiam borboletas da cabeça. E não podia ser diferente, quem ler Caio Fernando Abreu (habito que adquiri graças a Silvero Pereira, João Paulo Pinho, Murillo Ramos e Magno Carvalho – sempre grata a todos), começa a perceber o dom que ele tem de nos falar baixinho, ao pé do ouvido, nos levando a sentir identificação com suas dores e amores, como se fossem nossas.
O espetáculo é resultado de uma pesquisa iniciada em 2005, pelo ator e diretor, Murillo Ramos. Hoje mais maturado, emociona e nos leva a reflexões humanas necessárias e tantas vezes evitadas. A naturalidade do ator em cena é algo que me chama muita atenção, principalmente ao narrar e “viver” histórias tão fortes.
Se entrarmos em um asilo hoje, ainda sairemos chocados e mexidos, imaginemos nos anos 70. Imaginemos toda dor e alegria de ter borboletas saindo de seus cabelos, borboletas filhas da mente, liberdade reprimida transformada, em... Loucura? Liberdade plena? Pisco! Colocando a vírgula em meus pensamentos e lembrando o olhar e o movimento do narrador ao dizer: “O tempo não para!”
Da Paixão Sobre Borboletas está em cartaz na Aldeia nos fins de semana de julho. Um experimento que deve ser vivido por todos, pois ao estar percebe que o espaço cênico é humildemente dividido com todos e assim o teatro se assume como um encontro entre pessoas; humanos.
Em tempos de homofobia e heterofobia, Caio, Murillo, André, o protagonista e o narrador nos explica, e sente sentires e sentir vai muito além de rótulos, afinal, a vida não é azul.
Serviço: Da Paixão Sobre Borboletas – Uma história Desconstruída
Local: Aledeia - RUA BARÃO DE ARATANHA 605,PRÓXIMO DA AV.DOMINGOS OLÍMPIO.
Hora: 19h
Valor: R$10 (inteira) R$5 (meia)

sábado, 9 de julho de 2011

Inversão

 

Fui absorvida pela imagem de capa do filme, com uma sinopse que diz: Doze de maio de 2006. O “onze de setembro brasileiro”. (Fiquei passada com a minha falta de memória a respeito do 11 de setembro brasileiro.aiai...) (Algumas) Cidades inteiras são atacadas por uma organização criminosa (PCC), (“)aterrorizando a população e mobilizando a força policial(“). Toda a mídia volta as suas lentes para o caso. Porém, várias outras formas de violência continuavam a acontecer, longe do foco da imprensa, e recebendo muito menos atenção da Polícia (como acontece todos os dias). Um tipo de violência cometida por criminosos acima de qualquer suspeita: a classe média. É neste contexto que uma delegada recém formada (classe média) tenta resolver o desaparecimento de um poderoso empresário. Mergulhada em um mundo liderado por homens, pressionada por tudo e por todos, a garota será obrigada a abandonar tudo aquilo que acreditava na vida para aprender a conviver com o mundo do crime e com a atordoante inversão de valores da sociedade.

É... Você deve pensar agora,: Que apelativo! Eu quando li a primeira vez, resolvi pagar pra ver. Comecei a assistir ao filme que a principio, super me chamou atenção, com suas imagens hora tremidas, outras invertidas. A questão é que o que a principio parece atrativo e mesmo moderninho e impactante, acaba tornando-se bem chatinho. Em um misto de Lost tupiniquim e sei lá, alguma dessas séries policiais, quase teen. E para completar, trás como slogan, os dizeres: “um filme baseado em fatos não reais”.

A questão é que o diretor Edu Felistoque não soube equilibrar, imagem, montagem, som, e... Deixando explicito que existe uma preocupação maior com a forma do que com o conteúdo. A trama que gira em torno de um sequestro, mostra duas histórias correndo em paralelo.

Na primeira, um grupo (que inclui Rubens Caribé, Giselle Itié e Alexandre Barilari) sequestra um empresário (Tadeu di Pietro). A outra trama gira em torno de uma jovem delegada (Marisol Ribeiro) e dois policiais (Rodrigo Brassoloto e Wander Wildner) que investigam o sequestro. Mas de fato, nada sabemos sobre nenhum dos personagens.

O tema, como remete o título, é a inversão de valores – ou um pensamento exagerado: os bandidos estão na rua e a classe média está acuada dentro de casa. Ou ainda os próprios ricos são obrigados a se tornar bandidos para sobreviver? Quem é bandido e quem é mocinho? O burguês até quando tá sendo bandido passa por doido, ou vitima? Morte aos que traem e silêncio sobre sua classe? Burguês perde a noção, fica doido, pobre é sangue frio? E a jovem delegada, é uma santa, ou mais uma absolutamente corruptível? E os policiais despreparados, são os conscientes? E o que diabos o ataque do PCC em São Paulo, em 2006, tem a ver?

As vezes me assusto sobre os caminhos, mas acredito que o final é a soma de todas essas experimentações. Tem mais é que arriscar, e outra, o filme entedia, mas te leva junto até o final. É o cinema brasileiro dando espaço aos artistas de tentarem, e isso é bem legal!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

A Ópera do Malandro

 
Quinta feira é um bom dia para ir ao teatro, especialmente um teatro novo, um pouco distante, é fato. Mas preciso admitir, o teatro tem cacife, com direito a salão de entrada, sem contar o aparato técnico e a deliciosa acústica. E foi nesse teatro que estreou o musical A Opera do Malandro, montagem de conclusão do curso de licenciatura em teatro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).
A Ópera do Malandro, de Chico Buarque de Holanda, estreou em junho de 1978, no Rio de Janeiro. O texto é baseado na Ópera dos Mendigos (1728), de John Gay, e na Ópera de três vinténs (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill. Aqui no Ceará, sob a direção de Thiago Arrais, ela é remontada e remexida.
O espetáculo que tem em média duas horas e meia de duração; é originalmente ambientado em um bordel e narra à história de um típico malandro, Max, contrabandista e o ídolo dos bordéis. Colocando em cena a rivalidade entre dois contrabandistas, que tem como pivô Terezinha (Liliana Brizeno), filha do dono de prostibulos Fernandes Duran (José Sarubby), o espetáculo se desenrola e justifica nas composições do inigualável Chico Buarque de Holanda. Personagens como Geni e “Margot” *(Marina Brito) também chamam atenção.
Originalmente o cenário dessa história é a Lapa, mas no musical dos formandos do IFCE, é a Praia de Iracema que ilustra a cena e o imaginário. Outras características cearenses se mostram presentes, o humor que em alguns momentos força demais barra, ambientações e comentários. Bacana a proposta de aproximar o publico estabelecendo pontos em comum, mas penso que seja preciso estar atento. Outro recurso que não entendi bem foram os vídeos.
Destaque para atriz Liliana Brizeno que mostrou a que veio e encantou com sua bela voz, outro destaque é a atriz Marina Brito, é nítida a segurança das duas em cenas e assim elas crescem. Tanto que a meu ver as cenas mais fortes são as que elas contracenam, especialmente a da cadeia. Incomodou-me um pouco a feminilidade de alguns personagens que estavam ali para serem malandros, mulherengos, garanhões.
O que por vezes falta ao elenco, sobra na banda, que dá um show, propondo uma roupagem mais atual, sem perder a qualidade das canções de Chico. OUtro ponto auto são as imagens formadas nas sombras que ambientam e dão ritmo. No mais gosto do espetáculo e respeito à iniciativa, sou plena fã de musicais e esse como diz um amigo: Esse tem fôlego, mas precisa de mais energia.
* Não estou bem certa do nome da personagem.
SERVIÇO
ÓPERA DO MALANDRO
Quando: Terças e quintas de julho, às 20h
Onde: Teatro Via Sul (Av. Washington Soares, 4335 – 3º piso)
Quanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10,00 (meia)
Info.: 3404 4027 ou operadomalandroifce.com
P.S. Se alguém tiver fotos do espetáculo me envia por favor. Grata!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

De Porta em Porta

Quando vi o nome desse filme de imediato lembrei-me de histórias antigas, de pessoas queridas que venderam livros, anuários e até tampas de sanitários de porta em porta em um tempo em que internet era apenas um sonho, e telemarketing, talvez uma idéia distante na mente de alguém.

A questão é que, além disso, muito mais nos é apresentado, pelo longa-metragem dirigido por Steven Schachter, baseado na história real de Bill Porter, no filme interpretado dignamente por William H. Macy.

O homem com paralisia cerebral e todas as limitações da doença; prova que limitações são bobagens e que nada é capaz de nos impedir de viver, se assim quisermos. Com o apoio integral da mãe, que dedica ao filho amor absoluto, ele aprende que pode fazer qualquer coisa. Uma das cenas mais interessantes, e bela por sua simplicidade; é quando Bill desmotivado e irritado pela recusa em seu primeiro dia de trabalho como vendedor “de porta em porta”, vai lanchar e se depara com os dizeres “paciência” e “persistência” no sanduiche feito por sua mãe.

A relação entre mãe e filho é belíssima e nos leva a várias reflexões, principalmente quando a mãe começa a sofrer com esquecimentos, é o Alzheimer. Isso poderia ser a “desgraça” dessa família linda e tão atípica, mas, mais uma vez Bill surpreende e se de divide entre seu trabalho e a responsabilidade com a saúde da mãe que comenta ser um fardo, ao que ele retruca: - “Então, estamos quites!”

Além dessa linda relação outras tantas se estabelecem, tanto com seus clientes que cada vez mais acostumados e conquistados pelo carisma desse homem que tão bem ouve e possibilita assim ser ouvido.

Questões como o adultério, a depressão, a homossexualismo, a posse e o advento da internet nos são apresentadas de forma leve e cotidiana. Mas de alguma forma sobre a ótica de Bill, são seus conselhos os mais simples e compreensivos. Bill é um piadista, que não aceita caridade, e por conta disso acaba por nada aceitar por pensar ser caridade.

Impossível assistir De Porta em Porta sem se emocionar, sem se envolver. Cenas como a da primeira venda de Bill à uma alcoólatra depressiva, Gladys Sullivan (Kathy Baker) e o desenrolar dessa relação, a descoberta do amor frustrado e os sinais de pedido de socorro…

Por mais de 40 anos Bill caminhou 16 quilômetros por dia e para isso contou com sua mãe e com Shelly (Kyra Sedgwick).

Como a história é baseada em fatos reais as emoções são ainda maiores, lembro ter sentido algo semelhante ao assistir “A Procura da Felicidade”. De Porta em Porta é um filme para toda família. Mas aviso as mulheres que como eu choram assistindo filmes, se preparem, pois a lágrimas vão rolar até dos não tão sensíveis.

Título original: (Door to Door)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Chega de Saudade

 
Ontem recebi a visita de um amigo muito querido, conversamos, sorrimos nos atualizamos de nossas vidas, para minimizar caminhos, discutimos sobre vida e comentamos sobre aquelas pessoas que seremos e queremos ter aos nossos lados bem mais na frente. Com o passar do tempo, minimizamos nossa euforia pelo encontro, e veio a sugestão: - Que tal um filme?
Optamos dentre muitos, pelo nacional “Chega de Saudade”, talvez pelo apelo do título, talvez por ser nacional, ou por que foi o que pensamos ser o mais próximo de um musical. E melhor opção não podia ter sido feita naquele momento, o filme de Laís Bodansky é o que posso chamar de filme delicia, onde é possível sentir tantas e tão contrarias emoções.
Chega de Saudade é o retrato de uma noite em um salão em São Paulo, mas a mim poderia ser em qualquer lugar. Lembrei-me absolutamente de minha avó (Fernanda Severiano Bonfim), ela sempre gostou muito de um baile e dançava lindamente, nunca competiu, mas tinha seus pares fieis e na falta deles, não hesitava em abrir a carteira e jogar charme. O importante era dançar e se divertir, as amigas iam junto e cada uma ao seu estilo e ritmo fazia de suas noites de festa, noites mais felizes. Eu por minha vez comecei a sonhar de olhos abertos sem esforço algum, pelos olhos da personagem de Maria Flor. Só por isso o filme já me teria valido muito a pena, mas o que pra mim estaria bom, pra ele certamente seria muito pouco.
O longa tem um roteiro... Como posso dizer? Maravilhoso! O elenco é um festival de grandes talentos o que faz com que o ator Paulinho Vilhena pareça destoar. Stepan Nercessian e Cassia Kiss são maravilhas a parte. E entre tantos olhares, pés, pernas, sentimentos e histórias, a bandinha de baile, que tem no vocal feminino Elza Soares, interpreta grandes clássicos dançantes da cultura popular, que narram as histórias de todos e de cada um do baile; a viúva, o viúvo, a “figurinha carimbada”, o conquistador, a sonhadora, o amante, a amante e a esposa e o marido.
Há cuidado e atenção na estrutura dessas muitas histórias, mas não se esperava nada diferente de Laís Bodansky que se lançou com o longa “Bicho de Sete Cabeças”. Ambos filmes de roteiro espetacular. Enfim, “Chega de Saudade” é um filme brasileiro capaz de prestar uma bela homenagem à nossa cultura, sem apelar para nossas mazelas, mas também sem fugir delas. E tudo isso embrulhado em uma deliciosa embalagem. E eu e meu amigo não estávamos de todo errados, de alguma forma o filme é um grande musical.
Ao fim uma certeza boa, de que amar não tem idade e ter medo também não.
Ficha Tecnica:
direção: Laís Bodanzky
roteiro: Luiz Bolognesi
produção: Caio Gullane e Fabiano Gullane
música: BiD
fotografia: Walter Carvalho
direção de arte: Marcos Pedroso
figurino:
edição: Paulo Sacramento
Elenco:
Tônia Carrero
(Dona Alice)
Cássia Kiss
(Marici)
Paulo Vilhena
(Marquinhos)
Elza Soares
(Elza Soares)

Corpos Velhos: Para que servem?

Por Roberta Bonfim Tudo que se vive é parte do que somos e do que temos a comunicar, nossos corpos guardam todas as memórias vividas, muit...