sábado, 23 de fevereiro de 2013

A Mão na Face, do Grupo Bagaceira de Teatro


"Eu não consegui ser inteira em nada até agora. 
Eu não fui inteira em nada. Eu fui toda pela metade."

Ontem assisti a um ESPETÁCULO. E você me pergunta: - Pra que as letras garrafais? E eu te respondo: Por que há tempos eu não assistia algo tão forte e real no teatro brasileiro. A grande alegria desse encontro com o espetáculo “A Mão na Face” é que além de ele apresentar um texto forte, visceral e humano, trás a cena dois atores surpreendentes com personagens tão repletos de vida e vivências e mais, conseguem, apesar do intimismo da cena nos transportar para outro lugar, de repente estamos todos no camarim de um cabaré de periferia com Mara, uma prostituta veterana, lindamente interpretada pela forte e expressiva Marta Aurélia que abre os shows da noite, enquanto o jovem travesti, Gina, interpretado pelo talentoso e pulsante Démick Lopes (que dá um show de interpretação), se arruma para subir ao palco, dublando a colega.
Foto extraído do blog de Danilo Costa
Mas, é quando estão ambos no camarim que de fato começa o show, dividido em diálogos que oscilam entre o patético, comovente, amoroso, agressivo, intenso e superficial, os personagens vão revelando seus infortúnios existenciais, suas magoas e fragilidades e o quanto tudo isso pode mexer com a psique das pessonas, ao tempo em que o publico se envolve na história desses dois personagens maravilhosamente sofridos e reais.
E a vida? O que é a vida pra você? Perguntou-me Gina em um de seus momentos eufóricos, ao que eu apesar da voz grave, respondi timidamente “Boa!” ele me pediu pra repetir, e assim o fiz, sentindo o peso da minha palavra e naquele momento quase crendo que ao dizer isso algo poderia ser transformado na trajetória desses personagens que admitem amor um pelo outro, entre dores, medos e feridas abertas, assumem-se e falam sobre dignidade, sem perder os sonhos que precisam crer, para não desistir. E sobre o amor, "a outra metade da laranja... bichada!"
O texto de Rafael Martins é maravilhoso e é nítido o amadurecimento do dramaturgo, e do ser, que consegue tratar de temas tão tensos com doses de leveza e humor, a direção de Yuri Yamamoto é  sólida. Outro ponto auto é o jogo de luz, operado pelos próprios atores em cena, e espelhos que possibilitam ao publico ver os personagens por pontos de vistas distintos e simultaneamente. Esplêndida mutabilidade do ser.
Meus parabéns repletos de admiração e orgulho ao Grupo  Bagaceira de Teatro, que sob produção de Rogério Mesquita, tem conquistado novos públicos e apresentado o bom teatro cearense.
A temporada desse espetáculo no Rio de Janeiro acabou ontem, nessa semana, mas hoje e amanhã o Bagaceira apresenta: “Lesados”, as 19h, no Teatro Glauce Rocha, e eu desde já confirmo minha presença no domingo. E na Semana que vem terão mais duas apresentações de A Mão na Face, quinta e sexta, as 19h, no Glauce Rocha.
Curiosidades: Ontem foi preciso fazer seção extra, para satisfazer o publico.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O Voo, Robert Zemeckis


Puta que o Pariu Deise Washington! Foi essa minha primeira expressão ao terminar de assistir o filme, ao tempo que a lágrima escorria pelo meu rosto e as reflexões borbulhavam em minha mente. O Voo, filme de Robert Zemeckis, com maravilhoso roteiro de John Gatins é emocional e emocionante, por tratar da vida com todas as suas possibilidades e do homem com toda fragilidade de ser. Certamente precisavam de um ator forte e Denzel Washington, caiu como luva.


 Whip Whitaker (Denzel Washington) um ótimo piloto de aviões, que pilota voos comerciais, divorciado, só, alcoólatra, usuário de drogas, e que se torna o grande queridinho da mídia, visto mesmo, como um herói norte-americano, após conseguir pousar uma aeronave em inúmeras condições adversas, depois de uma pane no sistema. Alguns dias depois, a ficha cai para outras versões dos fatos: ele estava sobre a influência de drogas e álcool no momento do acidente, daí começa outro conflito para o personagem, que descontrolado afasta tudo que lhe é grato e é ai que aparece a genialidade dessa equipe que consegue fazer acontecer quase que organicamente toda essa dualidade humana.

O roteiro é forte ao falar sobre Deus e nos milagres da vida, mas que mesmo esses para que aconteçam, antes precisa de que seja feita uma escolha. Assim, o grande centro das atenções do filme fica mesmo por conta das indagações e dúvidas sobre a vida que o personagem principal leva. Whip sabe que a vida que leva é desregular e que pode colocar muitos em risco. A grande questão é: será que ele quer mudar? Há a tentativa óbvia de abandonar esse passado cheio de álcool e drogas, mas algumas situações o levam ao caos emocional o que gera mais consequências. Essa briga teoricamente interna, ganha a tela, e quem assiste sofre junto com ele, e com os demais personagens que o rodeiam como; a ex mulher e filhos, amigos, admiradores, a namorada, a amiga e parceira de trabalho e com a verdade sobre si e as fraquezas que trazemos conosco, mas também com toda fortaleza possível. Herói dos outros, vilão de si mesmo? Assim é o personagem? E não são assim todos? J

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Lincoln, Steven Spielberg



Passei grande parte da minha vida ouvindo falar sobre Lincoln, nos filmes seu nome sempre citado, na história americana figura fundamental e se pensamos que hoje os Estados Unidos da América têm como presidente da republica reeleito um negro. É possível até mesmo dizer, que Ele, Abraham Lincoln, foi o  que abriu os mares e mudou a perspectiva de seu País.


O longa tem na direção, ninguém menos que Steven Spielberg e narra a história desse presidente amigável, desse homem reflexivo e sofrido, em seus últimos dias de vida quando lutava pela aprovação da 13ª   ementa, que promulga a abolição da escravatura nos Estados Unidos da América,  antes do atentado que o levou a óbito. Lincoln foi um homem de grandes atos e demasiada intimidade com a oratória, assim, os diálogos do filme seguem uma linha que me pareceu possível e me fez crer em cada um dos personagens tão ricamente interpretados por; Daniel Day-Lewis, Sally Field, David Strathairn, Joseph Gordon dentre outros não menos interessantes. Gosto do jogo entre os tantos personagens, nenhuma persona aparece no filme inutilmente. O escuro das cenas me cansou a vista, mas me deu também a sensação de ambientação temporal.

O filme de Spielberg recebeu várias e merecidas indicações ao Oscar e certamente arrastará muitas delas, mas para além da riqueza histórica, da inteligência dos diálogos, o filme é de alguma forma repetitivo e perde o ritmo, mas certamente um filme à ser visto por todos. Pelo que a história conta e pelo estimulo ao respeito das diferenças, tão iguais.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Django Livre, Tarantino


O 8º filme dirigido por Quentin Tarantino, Django Livre (Django Unchained, 2012) marca a realização de um sonho do cineasta, dirigir um longa metragem ambientado no Velho Oeste. Mas, apenas ambientado, já que estamos falando sobre Tarantino e sua antítese ao convencional.

O enredo se desenrola em 1859, no Sul dos Estados Unidos, dois anos antes da grande Guerra Civil, e da libertação dos escravos nos estados yankees. Na trama Django (Jamie Foxx) e sua esposa Broomhilda (Kerry Washington) fogem de uma fazenda sulista e são brutalmente castigados após serem resgatados. E são vendidos separadamente.

No caminho para sua nova morada Django e seu grupo são surpreendidos por, Dr. King Schultz (Christoph Waltz), um caçador de recompensas que encontra em Django a melhor forma de chegar aos procurados Schultz. Assim, se estabelece uma relação desses dois homens um alemão justiceiro, o outro negro libertado em busca de sua mulher. Libertador e Libertado!

Django Livre é o segundo filme de um acerto de contas histórico, iniciado pelo cineasta em Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, 2009). Onde um grupo de judeus enfiando a porrada em nazistas, e uma judia fugitiva queima, os grandes chefes nazistas. Bastados Inglórios foi um dos melhores filmes que já assisti, e precisa até fazer às vezes de poliglota, tanto que não parece filme americano. Em Django, mais um acerto de contas, agora o personagem é um caçador de recompensas negro metendo bala em escravocatas sulistas, tornando-se um símbolo em época de escravidão. É o cinema mais uma vez se vingando das injustiças históricas.

E apesar das inúmeras cenas de sangue, o Tarantino mantêm os diálogos forte e o humor irônico. Cada vez me encanto mais com a genialidade de Quentin Tarantino.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O Lado Bom da Vida - Silver Linings Playbook



A primeira conclusão a que se chega ao começar a assistir “O Lado Bom da Vida”, longa dirigido por David O. Russell é de que a vida normalmente não segue de acordo com nossos planos. O filme que recebeu nada menos que oito indicações ao Oscars, e não estamos falando de indicações a prêmios secundários, como mixagem de som ou figurino, não. Silver Linings Playbook, título original da produção, foi indicado a; melhor filme, diretor, ator, atriz, ator e atriz coadjuvante, roteiro adaptado e edição. 


O filme é surpreendente, forte, estranhamente leve e ambicioso, pois ao contrário dos filmes que giram em torno de uma única questão central, seja, a dança, a morte, o esporte, ou o funcionamento da mente humana, “Silver” mistura tudo e se sai muito bem, também por ter um elenco talentoso.
É que não se espera que um filme sobre um rapaz que se descobre bipolar possa ter cenas de dança e mostrar o quanto as pessoas são fanáticas pelos Eagles na Filadélfia e fazer com que tudo isso tenha sentido e se encaixe bem. Pat Solatano é o protagonista interpretado por Bradley Cooper. Retirado de uma instituição para pessoas com problemas mentais por sua mãe (Jacki Weaver), ele vai para casa onde precisa conviver com seu pai (Robert De Niro), que tem transtorno obsessivo compulsivo. Assim, conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), uma jovem viúva que também está com problemas para se comportar na sociedade.
Particularmente penso que a força do filme venha da identificação real, afinal, todos passamos por isso. Perdemos: amor, emprego, respeito, pessoas. Pat perdeu a cabeça quando encontrou a mulher com o amante no chuveiro e lhe deu uma surra. Quem pode dizer que está acima disso? Quem pode dizer do que seria capaz em uma situação limite?

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O Mestre – (S)



Que eu amo assistir filmes, quem acompanha esse blog, já sabe, mas é que quando o filme é inteligente, tudo fica melhor ainda, assim acontece com o longa-metragem “O Mestre”, de Paul Thomas Anderson. Ele que já havia me surpreendido em “Magnólia”, por um lado experimental, que ao mesmo tempo que tem força cinematográfica, trás de volta a sutileza ao trabalhar o marketing no cinema. Onde o filme se vende. Assim, PT Anderson, apresenta um filme dúbio e quase contraditório. Que expõe a humanidade, a força e a fragilidade, de ser quem se é. O filme trata também de fé, e muito lembra à cientologia que tem como garoto propaganda Tom Cruise.

No longa protagonizado por Joaquim Phoenix, que vive Freddie Quell, um veterano de guerra da Marinha, que sem muito controle emocional e com sérios problemas com álcool, caminha sem rumo na vida, abandonando pessoas, lugares, empregos e criando confusões gratuitas. Uma delas o fez conhecer o pensador e escritor Lancaster Dodd, ricamente interpretado por Philip Seymour Hoffman, vem ganhando popularidade a partir de suas técnicas de terapia, onde busca traumas em vidas passadas. Juntos, de alguma forma esses homens tão humanos se completam e estabelecem uma relação de mestre e discípulo. Outra força marcante e que vem sendo recorrente nos roteiros, é a força das mulheres. O filme trata de dois homens em busca de suas verdades e uma mulher que interpreta o racional dessa pirâmide.



 Phoenix e Hoffman, também se completam, já que sem Hoffman a tilintar seu carisma na figura de Dodd, a presença turva e hesitante de Phoenix não teria a mesma força. Da mesma maneira que se Phoenix não fosse tão convincente em sua reação a Dodd, este não teria o impacto que ostenta na plateia. E como os atores, roteiro e imagens o filme busca o equilíbrio das possibilidades e suas dualidades E deixa em mim a pergunta: Somos capazes de viver a vida com plena liberdade?

Super indico filme e discussão. :) 





segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Porta Curtas


Hoje recebi e-mail de sugestão do Porta Curtas, quem já acompanha minhas postagens, certamente já ouviu falar desse site, quem ainda não, tenho o prazer de lhes apresentar http://portacurtas.org.br/.  
A questão é que depois de um dia de muitas emoções e trabalho, eu bem precisava aquietar um lado do cérebro, e assim comecei assistindo, “Tudo Dominado” http://portacurtas.org.br/, com direção, roteiro e montagem de Bruno Viana, o filme trás bons atores, e algumas criticas sociais, além da sensação de reconhecimento do centro do Rio de Janeiro, que está além do cartão postal. Como estamos falando de curta, resolvi então assistir mais três que estavam como destaques da semana;
“Tempo de Criança” http://portacurtas.org.br/filme/?name=tempo_de_crianca, com direção de Wagner Novais; “Deus é Pai”, de Allan Sieber e o mais maravilhoso dos curtas desde “Sete Vidas”, com narração de Selton Melo. O “Cego Estrangeiro”, de Marcius Barbieri http://portacurtas.org.br/filme/?name=o_cego_estrangeiro.
Tempo de Criança é forte e até seria triste, se não fosse tratado com tanta leveza. E traça o cotidiano de uma menina que precisa ser gente grande quando a mãe não esta por perto. A atriz que faz a Lara é uma coisa de fofa.
Deus é Pai, quase me diverte, mas esperei um dialogo mais rico, no entanto, não posso deixar de parabenizar pela ideia da animação sobre essa relação, mas penso que, sei... Mas, O Cego Estrangeiro, é algo assim, como posso dizer? Lúdico, lindo, imagético, inspirador e emocionante. E o mais lindo é que além de ser uma estimulo a leitura é também a prova da eterna força magnética da contação de histórias. Estou maravilhada!
Bem, espero que alguma dica sirva para te fazer trabalhar outros lados.

Leci Brandão a potência de sua Geração

Por Roberta Bonfim O samba, o tambor, o pandeiro mexem com meu corpo, mas a voz de Leci mexe mesmo é com minhas memórias infantis e juveni...