segunda-feira, 31 de março de 2014

alma leve, de lidia maria.

Era uma noite chuvosa e eu encontrava um amigo que amo muito e que conhece muito do que me toca musicalmente. Daí veio o presente e a surpresa positiva de um som tão bom e simples, e tão perto. Era o CD de Lidia Maria,  “alma leve”,  o nome do álbum nem poderia ser outro, pois é isso que a música transmite e proporciona a quem ouve.

Foram dias ouvindo e encontrando referências, lembrei-me de Marisa Monte, Maria Rita, Mariana Aydar ( quanto M, que se unem ao de Maria) Foram dias que me fizeram pensar sobre cada faixa. Logo de cara a música “o tempo e o vento”, com composição de Lidia, conta poesia e tranquiliza. A segunda faixa é difícil falar, pois rola uma memória afetiva e vejo rostos (Sidney, Ângela, Ivana e Fabíola), assim pulamos para faixa três, que é exatamente a música titulo do álbum, “alma leve”, que de forma muito particular mexe comigo, ouvindo-a e cantando vou pra outro lugar e chego mesmo a visualizar o piano de calda e de repente uma praia, serra, lagos e estrada... É que a alma viaja, flutua em mim, de tão leve.  “nós dois” é um carinho. Mas, é “dança na chuva” que me faz canta junto fazendo caras e bocas. Poderia mesmo falar de cada música em particular, “a sós” é saudosista e bela, “pedras que cantam” me surpreende, não sei ainda onde, “forró escondidinho” me recupera, me colocando pra dançar, além de me lembrar Mariana Aydar (que eu amo!) E como quem tece um fio condutor de música, “não causas em mim”, vem com uma pegada anos 80/90, e o arremate com “beijos salgados” e “mais amor por favor”.

O que mais  chama atenção são as letras compostas em sua maioria por essa jovem que tem um dom de chegar ao coração de forma leve e simples. Vou seguir ouvindo por aqui e acho que todo mundo merece uma pitada de Lidia Maria.


Grata William Mendonça.:D

http://lidiamaria.com.br/

segunda-feira, 17 de março de 2014

O Mordomo da Casa Branca

Passei algum tempo ouvindo várias pessoas falando a respeito do filme, mas eu andava meio sem paciência com esses filmes “americanos” por demais. Já tinha mesmo esquecido dele, quando o encontrei entre uma lista de filmes para assistir e daí, assisti.

De modo geral é mais um filme de superação que tenta, sem sucesso recuperar a aura por trás de Obama, trazendo o lúdico de ter sido eleito um presidente negro, em um país tão cheio de preconceitos. O filme, tenta nos fazer crer que esse momento foi um marco absoluto na luta contra o racismo no país. E foi , mas não dentro de tanto romance. Não sou uma conhecedora da história norte americana e seus presidentes mas, glorificar Dwight Eisenhower (Robin Willians) e John F. Kennedy (James Mardsen), enquanto a Lyndon Johnson (Liev Schreiber) cabe uma cena no vaso sanitário, tempo que fazem de Richard Nixon (John Cusack) um vilão chinfrim.

Como disse não sou conhecedora e nem defensora dos padrões norte americanos, e para além disso, gosto do filme, ele me a leva refletir sobre vivencias, indiferente de cor, credo, presidência. Cenas como a violência cometida contra negros dentro de uma lanchonete ou o incêndio cometido pela Ku-Klux-Klan no Alabama, apesar de alguns cortes abruptos, são muito chocantes, chocantes e reflexivas. Mas, é Cecil Gaines (Forest Whitaker) o grande astro dessa história, livremente inspirada da trajetória real de Cecil, desde quando saiu de uma opressora fazenda de algodão no sul dos EUA até chegar à Casa Branca trabalhando como mordomo durante as décadas de 1950 a 1980. Nesse período, ele presencia decisões importantes para a melhoria da situação dos negros no país. Enquanto isso, o protagonista terá que enfrentar uma crise familiar quando vê o filho mais velho optar pelo combate ostensivo ao preconceito racial, enquanto o mais moço vai para guerra. A fiel parceira de Cecil, sua esposa, interpretada por Oprah Winfreyfaz, é quem segura às pontas em casa, enquanto o marido trabalha, mas tem problema com bebida.


O longa utiliza todo o contexto histórico americano para passar a mensagem do quão importante é a presença daquele homem na Casa Branca. E seria uma boa ficção se não tentasse parecer real, especialmente no final, com processo de eleição e candidatura de Obana.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Rosa Morena, de Carlos Augusto de Oliveira.


Era uma noite quente no Rio de Janeiro. Para alguns, carnaval. Pra mim, apenas mais uma noite de insônia, ou dias que madrugam. O fato é que eram três da manhã e eu queria continuar deitada apesar de não sentir mais sono. Foi ai, que entre filmes encontrei “Morena Rosa” e me deixei levar por ele e no geral gosto do filme, mas ele me causa certo mal estar.

O filme se divide em duas partes, começa colocando em pauta a adoção, suas possibilidades pela ilegalidade e seu comércio para estrangeiros. Anders W. Berthelsen  interpreta Thomas, um dinamarquês que vem ao Brasil visitar velhos amigos. E logo confessa seu desejo em adotar um filho. Por ser homossexual, tem dificuldade em fazê-lo na Dinamarca. Desestimulado pelos meios legais, busca orientação de um advogado de ética duvidosa que lhe apresenta outras possibilidades. Nenhuma delas legais. Thomas recusa. E ai começa a segunda parte do filme, onde ele encontra Maria, grávida, pobre, e, faz um negócio. Ele paga trezentos mil e ela o dá a criança. Thomas acompanha a gravidez e acaba por se envolver com Maria (Bárbara Garcia), seus outros filhos e com a comunidade. Cria-se ali uma relação improvável, entre o estrangeiro bem sucedido e a jovem pobre da periferia. Mas, essa relação ganhará contornos inesperados, levando os personagens a se confrontarem.

Rosa Morena é um filme gringo rodado no Brasil e não é um filme ruim, mas causou-me certo mal estar que só identifico sua origem agora ao refletir sobre o filme. Ele vem dos estereótipos, todos os personagens. O dinamarquês bonzinho, rico e cheio dos valores familiares; a moradora de favela sem estrutura psicológica, desorientada e sem controle de sua libido; a mulher de classe média politicamente correta vivida pela atriz Viviane Pasmanter, e por ai vai. Não existe nenhum tipo de aprofundamento sobre os personagens que nos ajude a compreender suas realidades, ou nos propor que nos envolvamos com eles, nem o dinamarquês, ou Maria, ou mesmo os moradores de favela. Não existe nenhum aprofundamento sobre o lugar favela, é qualquer favela, como se todas fossem exatamente a mesma. Os personagens são rasos (os atores bons), os lugares rasos (a fotografia forte), os conflitos apesar da seriedade da temática também acontecem de forma superficial. O que me leva a pensar que talvez o filme reforce alguns preconceitos já suficientemente difundidos sobre "gringos europeus" e moradores de comunidades.

Mas, o fato é que o filme me provocou e por isso preciso dá-lhe os méritos.

Um dos grandes prazeres do filme é encontrar a talentosa atriz cearense Georgina Castro em mais um longa. A atriz interpreta a irmã de Maria. 

quinta-feira, 6 de março de 2014

Resistir é Preciso.

 
 Era o último final de semana antes do carnaval e uns amigos me chamaram para um bloco em Paquetá. Eu que não conheço o lugar gostei da possibilidade de experimentar. Mas quando cheguei a Praça XV e vi tantas pessoas e tão cheias de uma alegria diferente da minha (nem melhor, nem pior, apenas diferente). Enquanto ensaiei pegar a fila, me senti entre duas estações. Era preciso sintonizar, então sai de lá. Segui para o CCBB, onde pude andar entre salas e todas com muitas informações e possibilidades desse país chamado Brasil e sua história tão cheia de buracos, arte, verdades, vergonhas e glórias.


Falo da exposição, “Resistir é Preciso”, apresentada e patrocinada pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e Ministério da Cultura, 'mostra' a trajetória de uma imprensa de resistência que visava conseguir restabelecer o que nunca houve neste país, democracia. A exposição é bonita e logicamente trás à foco a construção política social do Brasil. Com o vermelho predominante, conta a história de pessoas muitas pessoas, onde algumas morreram, outras surtaram, tiveram os exilados, os sobreviventes, os guerreiros utopicos e também os espertos.

Olhando atentamente a exposição percebi que vivi o final dessa história e mesmo sendo muito nova na época, algumas imagens me são ainda vivas e fortes. Vendo a exposição percebi que sou uma filha da ditadura e que isso explica muito mais coisa do que eu posso supor. Mas para, além disso, lembrei-me de mim na escola, cantando Maria Bethania, comprando o partido desses artistas, anti a qualquer coisa, eu adolescente passional nessa outra possibilidade. Outra lembrança que não me saia da mente, são as campanhas em favor do Lula, a crença da mudança absoluta. De alguma forma romanticamente esperávamos a Revolução.

Mas também não consegui deixar de me perguntar sobre ao real motivo do relembrar palpavelmente a ditadura em momentos de manifestação. Seria uma forma de aproximação dessas pessoas dessa realidade? É querendo amedrontar pelos rumos que as coisas podem tomar? É tentando deixar claro que somos todos um? O que se quer dizer? O que ainda precisamos aprender com o passado antes de deixa-lo em seu lugar para então começarmos a desenhar um país diferente, onde as pessoas se olham, onde nutrimos menos medos. Por fim me pergunto se perguntaram esses por quês. E se houve a pergunta; quem à fez. Gostaria de saber. 



Mas o que mais me chamou atenção na exposição foram as obras produzidas, alguns quadros dizem tanta dor e outros tanta crença, mas tudo parecia cinza. Anos difíceis! A exposição permanece no CCBB até 28 de abril (quarta a segunda - 9h-21h) onde também é possível visitar a exposição AMOR (Coleção da Maison Européenne de La Photographie – Paris (até 31 de março), ambas com entrada franca..






























Corpos Velhos: Para que servem?

Por Roberta Bonfim Tudo que se vive é parte do que somos e do que temos a comunicar, nossos corpos guardam todas as memórias vividas, muit...