Culpo Saturno, pois é natural encontrarmos culpados e por vezes eles nem fazem sentido, mas, Saturno Retrogrado no mês de agosto é um algo que... Apesar que agora e somente agora começa a parecer interessante, e por esse agora que foi-se… (amo escrever, mas poucas coisas me frustam tanto, pois a história se monta de forma não racional, mas o tempo que levo para racionalizada e só então escrevê-la faz com que eu faça sempre uma escolha, escrever ou curtir a viagem). Voltando ao planeta, ele em uma semana voltará para sua rotação normal, - diz a NASA. Para mim a catarse foi ontem e por ontem agradeço mais do que já era grata, agradeço agora pois temo que não haja amanhã, mesmo sabendo que ele existirá até que eu aprender a andar de mãos dadas com meus próprios medos, mas não estou aqui para falar sobre mim, por mais eu tenha começado a me achar uma pauta interessante. Certamente se eu tivesse inteligencia emocional minha vida daria bons livros, o roteirista de mim foi competente na trama, apesar de nem sempre muito atendo ao fato de que me fez sensível. Voltei pra mim, sem nem sair.
corta! edita! Começa outra vez!
Ontem por saudade mandei mensagem que foi respondida com uma informação que entendi como convite.
“Apresento hj as 20
No Alpendre”
Ok!
(O Alpendre, já não se chama Alpendre, e sim Cena 15, mas aos que viveram minimamente o Alpendre, ele ainda se configura como um, enfim).
Entendi como convite e fui. Logo de chegada pra aquietar o espirito reggae e bons abraços e então começa o espetáculo. Se me perguntar o nome, não sei e de verdade tenho entendido que os nomes me interessam cada vez menos, e por isso e só por isso não citarei nenhum nome, de modo que temos a bailarina, o parceiro, o tutor, o sonorizador, o registrador e outros tantos com mais ou menos dor.
Era a segunda seção:
Subimos juntos, sentamos quase todos do mesmo lado - explico: as cadeiras estavam posicionadas como uma quase arena - se fossemos nós em cena nosso palco estaria desequilibrado. Mas, como comunicadora que sou, preciso dizer que par as fotos institucionais, sempre todos juntinhos. O fato é que lá estávamos quando o parceiro mudou a luz e bailarina entrou em cena trazendo com ela o vento forte das noite de agosto e o sonorizador nos ambientou somado aos cheiros e movimentos. De repente já não eramos mais ali, então a bailarina começando por ela benzeu à todos e desejou desejos e nos contou histórias e nos levou para dentro de nós e pro que podemos chamar de centro. Nós, públicos, atentos e emocionados, ninguém passou imune a dança tão repleta de franqueza que a bailarina despida de tudo, nos apresentava. Já estava tudo intenso, quando ela e o parceiro comraçam a preparar a água para um lava pés.
De imediato vivo mais um saída do lugar e tempo, estou de repente vivendo o processo desafiador (pelo menos para mim) de montar o espetáculo Francisco Vive, com direção de Júlio Maciel e realização de Ana Cristina Viana, em meio a esse processo Júlio deixando claro que tipo de relação queria ter conosco nos lavou o pés. Não sei quantos de nós já teve os pés lavados e sente o seu significado, para mim é sempre um momento especial. E talvez por esse motivo ontem dispus-me a lavar dois.
Após algumas provocações que minha alma recebia no decorrer da apresentação, deixei meu medo de lado, peguei a bacia e me debrucei sobre o homem de olhos infantis, enquanto eu lavava seu pé tanto passou por mim que precisei olhá-lo, então, só então percebi seus olhos e um pouco mais, talvez. Ali enquanto lavava pés, lavava -me, esfregava lentamente cada parte dos pés do donos dos olhos e quase conseguia sentir a textura do toco de … (não só boa com nomes, acho), passando pelas paredes das minhas veias, colocando o sangue para bombear, olhei-o mais uma vez agora buscando demonstrar minha plena gratidão por ter me deixado ser ali e penso que ele entendeu. Só depois de enxugar o chão me levantei e vi a amiga - outro parentese (eu havia marcado de encontrar com a amiga para falar sobre um projeto seu, mas minha bateria acabou e eu cheguei a pensar que fosse lhe dar um bolo, mas ela estava ali. Foi bom!). - Ao vê-la me adiantei e peguei outra bacia e continuei meu ritual de lavar minha alma, digo, lavar pés. Tentei a mesma dinâmica de olhar com ela, mas ela de olhos fechados também vivia seu processo de limpar-se, talvez. Ao levantar-me percebi que o espetáculo tinha seguido. Como a vida. Sentei-me em meu lugar e observei a bailarina, fui aos campos, ao sertão, cheguei a sentir o gosto da comida feita no fogão de lenha e andamos pelo claro/escuro pelo escuro/claro que há...
Lembrei-me do amor e da música dos Paralamas do Sucesso, que diz ”saber amar, é saber deixar alguém te amar”. Só é massa quando é, disse José. Ao final o silêncio, estávamos muito mexidos para seguir as convenções, havíamos chegado muito além do aplauso naqueles instantes cheios..
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Por fim, conversamos com a bailarina e com o tutor,tentando entender, talvez, mas isso, só depois de serem todos os envolvidos apresentados e as fotos do registrador compartilhadas, para que a quem quiser levar. Eu que não tive os pés lavados, mas sai de alma fluida, escolhi o lava pés.
E ATENÇÃO! Nos dias 22 e 23 de agosto as 15 horas, vai rolar oficina de improvisação com a bailarina, Silvia Moura, no Cena 15.
foto:Jean dos Anjos
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