Faz um tempo que não escrevo por aqui, o último texto é de 2019. Mas ando mesmo sentindo a ausência desta escrita que depois eu encontro, essa que muito me explica sem tanto dizer, ou diz muito e nada deseja além do ato da própria escrita. E assim os dedos deslizam pelas teclas do teclado, como que brincam de correr em dupla, indo para um lado e outro,em cima , lateralidades e também para baixo, ocupam todo pequeno teclado as minha grandes mãos que escrever sem respiro nem meu, nem delas. é que a escrita é mais que um simples desejo, é uma necessidade.
E agora escrevo um misto de tantos afetos vividos apenas hoje. Este blog que tanto já foi, inclusive abandonado, é hoje para mim um lugar de depositar escritos e reflexões, que não se propõem a serem verdades absolutas, mas apenas o que são. E agora paro e penso, nossa! Percebo sobre o quanto eu poderia estar escrevendo, mas ando mais querendo escrever para me entender, uma coisa Mariana Aydar ao cantar:
EU ME ENTENDO ESCREVENDO
Hoje por exemplo entendi o quanto me doe ver meu lugar sendo mais uma vez mexido, tenho dificuldade de reconhecimento espacial, tá tudo tão igual. No caminhar incontaveis falas e observações dos que passam e pelos quais passo. E eu estava sem oculos para meus ver e ouvir e ainda sim em dada hora eu chorava e me indignava. E então cruzei olhar com o ed São Pedro e outras tantas reflexões e o que eram casas foram virando outras coisas e naturalmente me pergunto sobre os que ali moravam e que era parte do lugar. Mais tapumes, obras exigem tapumes, aqui amarelos e com a marca da prefeitura de Fortaleza, que me fazem rir ao me perceber tentando calcular quanto foi gasto só de tinta látex amarela para tanto. Ri pelo absurdo da reflexão e da ação quando estamos em Fortaleza e suas incontáveis questões que vão desde prédios de 70 andares à retirada de pedras com vida para um chão de cimento sem qualquer identidade, mas bons para se andar de bicicletas, patins… mas então para quem as ciclofaixas? E os barraqueiros aparentemente se perguntam sobre o futuro.
"E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar." Toquinho
Até chegar onde hoje é o Instituto Belchior, mas que fora antes tantas coisas, inclusive o Latratoria onde tomei minha primeira sangria da vida, ou o Cais Bar, formador musical de muita gente da cidade. O fato é que chegando ali comecei minimamente a me sentir efetivamente na praia, pela praia. Segui andando que meu destino era um mergulho no Poço da Draga e olhei para a Ponte Metálica fechada e a dos Ingleses inacabada de mais uma de suas reformas. Ali ainda um trecho com pedras Cariris colocadas outro dia depois de muita luta para que não fosse colocado, ali olho o entorno e choro com uma sensação de despedida, não passo sempre andando ali, talvez na próxima nada mais seja como está, e ainda mais distante do que já foi. E sigo andando, quando mais um tapume me impede inicialmente de seguir e onde havia chão, quebraram, já é areia, dificultando a passagem. Eu por minha vez segui até o meu destino. Olhei a ponte de perto e achei interessante que deixaram as frases afetivas.
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Entrei no Poço da Draga, abracei e fui abraçada, conversei, fotografei, conversei, tive a bolsa batizada por um gato sem vergonha e gravei com a blusa da Ivoneide, depois de ter já sorrido com Cassinha, Mari, João, Djey, Ivoneide, Benedita, Ivan, Fatinha, Izabel, Fernanda e tanto mais gerando conteúdo para transformadora Composta Poço e ainda realizei o mergulho e comi couve flor feito com amor. E segui para casa para cumprir meu papel de mãe e neta que eu também amo, e então uma passagem pelo shopping, comer comida queimada com som mais alto que o necessário, com brinquedos caros e de plástico.
SHOPPING É UM LUGAR QUE ME GERA DESCONFORTO, NUNCA SEI ONDE ESTOU NEM QUE HORAS HAVERÃO DE SER.
Em casa ler histórias africanas para filha e aprender junto sobre tanto e agradecer pelo grande do dia e então a filha dizer que é domingo e quer ir dormir na avó e eu ganho um vale noite para escrever neste blog depois de quase 5 anos para dizer que sigo amando o Poço da Draga e agradecendo a existência de cada ser que me inspira transformações necessárias, urgentes e possíveis.
Escrevi ontem, dormi antes de concluir e/ou postar… mas segue, já que este blog trata-se das minhas percepções. E agora quando decido postar um beija flor me visita e faz seu show e parte, como quase tudo nesta vida. Grata
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