Um curso de crítica teatral e a partir
dele pegar a quarta feira e ir ao CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil)
assistir ao espetáculo “Prazer” do grupo mineiro Luna Lunera para escrever uma
crítica a respeito do espetáculo. Cheguei de corpo e coração abertos já que o
último espetáculo do grupo “Aqueles Dois” foi o que posso chamar de emocionante
e não digo isso só por mim, já que foi opinião unanime de todos que o
assistiram.
Ao entrar no teatro os atores já
em cena escrevem com giz na parede que completa o cenário, frases como “Basta
um copo de mar para agente navegar”, “A vida não é de brincar, em pleno dia se morre”,
“Eu queria ser eu mesmo por mais feio que isso fosse”, ou ainda “o gozo é o
domínio do aqui e agora”. Enquanto eles escreviam eu seguia seus ritmos e
transcrevia as frases que me roubavam a atenção. É que vez ou outra era tomada
pela lembrança de que teria de escrever uma crítica a respeito.
Mas é apenas após o terceiro
toque que a cena se desenha, e o espetáculo, bem... O espetáculo demorou um pouco
mais para começar pra mim, assim fiquei nessa gangorra por uns dez ou quinze
minutos, tempo que o espetáculo foi ganhando folego a medida que se desenrolava
e me fisgava. Houve um momento em que quase me deixei perder, devido a repulsa
ao sotaque e forte interpretação de dois dos atores, mas optei por experimentar
a ideia de me assumir em quem sou e aceitar o que eram, afinal não era esse o exercício
estimulado pelo espetáculo? Cada personagem com suas particularidades. O
inventário de uma vida e os tesouros que colhemos no caminho. Mas quem somos além
da mascara social?
As questões cotidianas, conversas
por e-mails, amigos que não menos perdidos do que o resto de nós tentavam
descobrir-se e ser feliz. Mas o que é a felicidade? E o que nos condiciona a
ela? Uma vida na mochila e países desnudos aos alhos de um rapaz que precisava
admitir amor, um país desiludido por um médico que se sentia menos humano, sem
perceber que se humanizava; uma jovem artista talvez um tanto egoísta desejosa
pelo amor incondicional e um comissário de bordo abandonado por Laura, sua
esposa e aprendendo a se relacionar com o cachorro ali deixado por ela.
Dentro da cozinha fazendo pão de
queijo que bem deu vontade de comer também esses amigos conversão, abrem-se na
medida do que podem, apesar de seus medos, se percebem e transformam, todos e cada um. E até as vozes que a principio me
incomodavam, parecem entrar em um tom mais harmônico. Algumas frases escritas a
giz no cenário ganham vida na encenação e emocionam, me emocionam em suas
tantas epifanias e descobertas. E questões tão cotidianas e humanas entram em
cena, reflexões ganham corporalidade e por vezes quis sentar de olhos fechados
com a cabeça pra trás e lembrar coisas lindas já vividas.
Mas talvez o mais interessante é
que além do já dito, trás também para cena um estudo corporal, a música ouvida
e cantada pelos personagens, e a tecnologia a partir das projeções, tudo absolutamente
misturado, e sem perder a naturalidade do cotidiano. O texto por vezes
engasgado também me pareceu cotidiano. Nesse espetáculo inspirado em textos de
Clarice Lispector, especialmente em Um Aprendizagem ou Livro dos Prazeres, com
direção compartilhada e colaboração da atriz Roberta Carreri, do grupo dinamarquês
Odin Teatret, o videoartista Éder Santos, o bailarinos Mário Nascimento e o
dramaturgo Jô Bilac, além dos próprios atores e do Observatório de Criação,
onde o público também adentra.
Tanto mais poderia escrever sobre
Prazer que me provocou prazer e lágrimas em suas duas horas de espetáculo, onde
Camilo, Isadora, Marcos e Ozorio vivem seus momentos externa e internamente e o
espectador é seu maior confidente.
Ao final a música volta com um
banho de mangueira, a morte de um tipo de relação para o nascimento de novas
possibilidades são brindados com canção e água e ali, personagens e atores se
libertam. Para mim Prazer poderia também chamar-se Amigos. Quanto a critica,
bem tentarei escreve-la com a dificuldade de quem sentia demais para tal
tarefa, mas tentarei acha-la em mim e logo que conseguir compartilharei aqui.
Fui aberta a proposta do espetáculo, mas fiquei meio assim sabe...
ResponderExcluirA ideia inicial e o fato de terem buscado inspiração em textos e obras literárias de Clarice Lispector gostei, mas ficou meio assim sabe...
Adorei o cenário, achei muito rico, mas o resto ficou meio assim sabe...
Esperava mais angústia existencial, uma exploração melhor do drama, mas ficou meio assim sabe...
Sou um ser humano reflexivo e diante dessa peça, fiquei meio assim sabe...
Como sempre, se todo mundo bate papo, todo mundo bate palma.
Como sempre, se a mídia fala que é muito bom, todo mundo fala que é muito bom e assim bate-se palma.
Tiveram momentos de risadas, outros momentos de gargalhadas, desnecessários por sinal, pois angústia é angústia.
O finalzinho da peça ficou até bonitinho, para quem busca isso. O final foi impactante. Representou mais um momento barulhento de jovens.
Embora a maioria vai falar que gostou, inclusive os ditos "críticos R$" e comentaristas R$, acho que eles deveriam buscar opinião em outro universo.
Obrigada por ter me oferecido esse espaço.
Realizando um avaliação sobre o espetáculo, acho que deixou a desejar. É muito barulho externo e pouco efeito interno.
ResponderExcluirAchei o personagem (do sexo feminino) muito cansativo e chato. Necessita trabalhar mais o tipo de voz, pois havia momentos que era irritante. O texto da mesma poderia ser tão mais rico, acho que ela é capaz de mais e pode mais.
Olá,
ResponderExcluireu realizei vários comentários externalizando minha opinião e reflexão a respeito do espetáculo. Não os encontrei? Foram todos rejeitados?