domingo, 23 de junho de 2024

Celebrando Festivais Teatrais

Por Roberta Bonfim Querido Festival de Teatro de Fortaleza conheci tantas maravilhas ao viver-te. Lembro que foi em uma de suas edições que assisti uma dos espetáculos mais emblemáticos da minha vida, Macunaíma, interpretado por Tomaz de Aquino onde vi em cena pela primeira vez Katiana Monteiro e Lua Ramos, duas atrizes que eu admiro infinitamente, sob a direção da inspiradora Herê Aquino, no Teatro São José. Naturalmente outras maravilhas foram vividas neste festival, mas ele foi também se depurando para mim, e não cabe neste texto o questionamento, ou mesmo outras lembranças seja com o festival de teatro da cidade, ou com o lugar Teatro São José, que eu frequento desde a escola, quando a avó de uma amiga fazia dança lá e nós íamos vê-la dançar, ou nos shows de humor com Paulo Diógenes, Luana do Crato, ao acompanhar meu amado Roberto Falcão. Mas… Nostalgias à parte, quero mesmo é falar desse encontro nos últimos dias, onde aconteceu a XV edição do Festival de Teatro de Fortaleza, que nesta edição trouxe no seu corpo organizacional figuras relevantes para produção e fruição cultural do estado já a muitos anos. Falo de Sidney Malveira, do Teatro Novo, William Mendonça, da WM Cultural, Elizabeth Fernandes, da Betha Produções e a Deusa Dane de Jade, da ONG Beatos. Quem é do teatro ou simpatiza com a classe nos últimos anos, sabe da relevância desses nomes para o desenvolvimento cultural e projeção do estado por onde passam. Eu poderia escrever um livro só com as contribuições de cada um não só no campo da produção e gestão, difusão, circulação, curadoria … mas também e especialmente são artistas da cena e trabalham com essa artesania. O fato é que individual ou coletivamente são potências, nossas joias da casa. E aí você que me lê, pensa comigo; um festival gerido por eles naturalmente estava repleto de outras pessoas competentíssimas que convidaram aquilo que conhecemos como classe teatral. Tinha muita gente querida junto! Benza Deusa! Foram mais de 50 espetáculos, nos mais diversos modos e espaços de arte da cidade, além de escolas e centros culturais, em 12 dias de festival. Eu particularmente só consegui acompanhar de perto a estreia e o encerramento. Mas fiquei atenta às redes sociais do festival gerida pela minha criativa cumadi Mayane Andrade e sua linda equipe. Inclusive convido você que está lendo este texto a depois que terminar a leitura e de um copo de água ir visitar e seguir o instagram do festival. @festivalteatrofortaleza ai já aproveita e segue também a @lugarartevistas Falarei primeiro sobre a estreia, onde eu vivi só ser espectadora, cheguei já para a solenidade e o espetáculo convidado "Mãe de Santo", um solo importante encenado pela atriz Vilma Melo. E que alegria o reencontro com pessoas importantes para nossas vidas, tal hora pensei mesmo em mudar o mood e começar a gravar papos com geral, para registrar memórias, mas ando em transição de tudo e então optei por não tirar o celular da bolsa, não fiz qualquer registro digital, apenas afetivo. Ali no primeiro dia reencontrando rostos de outros festivais, celebrei e agradeci estar de novo neste lugar, onde sou atriz e pensei inclusive que na próxima edição quero ter um espetáculo dentro do festival. Nossa… cada encontro, abraço, trocas, infinitas memórias. Foi como abrir a máquina do tempo e passear por entre camadas. O teatro é mesmo um pouco isso. Mas, voltemos à abertura oficial da XV edição do festival de teatro de Fortaleza. A solenidade foi leve, mas longa, como são as solenidades. Na sequência a performance de Maken foi bonita, em algum momento lembrei até de Gal, talvez pelo vestido branço e os cabelos esvoaçantes em uma luz amarela com vozes incríveis. Na sequência iniciou o espetáculo, que é um monólogo, e não sei se pelo avançar da hora, pela minha relação espacial com o palco, a dor na lombar, pelo excesso de texto, em alguns momentos me perdi completamente e precisei de algum esforço para voltar, e fiz o esforço pelo interesse pelo tema, e demais questões ali apresentadas, mas a mim pareceram muitas informações e eu não consegui fazer as concatenações necessárias naquele momento. O assistirei de novo em havendo oportunidade. E eu simplesmente amei os turbantes no cenário e criei uma expectativa de que eles fizessem parte da cena, para além de serem o cenário do programa de auditório. Ao final algum receio na saída até o carro por falta de iluminação pública qualitativa no entorno do teatro São José e de quase todas as ruas da cidade. O festival seguiu por toda semana com uma programação bonita que só, com muitos atores e atrizes que eu quis muito assistir, mas na rotina da vida não consegui, na sexta do encerramento fui, e agora em dois papéis. É que no encerramento fui até apresentadora e tive a grata honra de apresentar "Quem Matou Zefinha" espetáculo da Trupe, que foi fundamental na minha vida. Era a primeira vez que eu ouvia falar de temas tão sérios e atemporais, como moradia, injustiça social, machismo, dentre outros de modo tão… tão… não havia encontrado antes e nem terei a pretensão desta adjetivação agora. O fato é que ali assistindo Ana Marlene tive flashes de outros momentos. O Teatro é efêmero, mas é eterno na alma de quem por ele foi atravessado. E que alegria sinto na alma ter tido a grata honra de ter assistido este espetáculo com atores e em momentos diversos e tão iguais do existir. Eu poderia aqui também escrever um livro só sobre a relevância da Trupe para o que conheço por teatro de rua aqui em Fortaleza, em atuação. São mais de 30 anos de arte na rua. E não sei se você já se expôs de algum modo na rua, além de andando pela cidade. Aqui inclusive preciso abrir um parêntese MUITO importante. (Como os equipamentos se relacionam com o ambiente em que estão? Como a cidade colabora para fruição deste? Como o poder público pensa a acessibilidade desses lugares? Pois moro perto e poderia tranquilamente ir a pé, da minha casa ao São José e seria um passeio incrível, mas as ruas logo que o sol baixa ficam muito escuras e isso gera insegurança, e nem vou entrar no mérito de ser mulher e essas coisas. Minha questão é: como falar sobre acessibilidade no amplo sentido da palavra? Se mesmo morando perto não me sinto segura para ir andando, e quem já me ler, ou me conhece sabe que se há uma coisa que amo muito é bater perna na rua, então como posso pensar que a garota de 16 vai ter permissão de seus pais de ir sozinha andando para o teatro pertinho de casa. A cidade funciona de noite e precisa ser mais bem iluminada para permitir travessias seguras.Falo do São José, mas cabe para muitos equipamentos públicos da cidade). Não vou me ater mais a esta questão. Jogar-se ao outro, na rua com arte é grandioso e talvez venha daí a minha questão sobre porque não foi em praça pública, se há ali uma com moradores de rua que têm o mesmo direito ao teatro. Sei que aqui abre para outras complexidades sobre o crack, o período, os equipamentos alugados, a falta de um carro de polícia ali parado como param em muitos lugares pela Praia e ficam por tempos. Outras questões se abrem. Voltarei para o Festival em três, dois um. Ao final da apresentação da Trupe, inicia o Baile Bufa, eu mesma convidei as pessoas para seguirem para fila, os com interesse e maiores de 18 anos, que ali foram surpreendidos pela aparição de alguns personagens. Eu vi a maravilhosa Mica Macaca pela primeira vez. Desde o curso na Varanda Criava, ou mesmo antes na Oficina do Riso, quando sua bufa foi citada que eu desejava este momento, em que ela confirma que é babado. Fiquei na fila e Ivan Lourinho lindo fez as devidas apresentações. E eu entrei para o Baile. De cara me perguntei porque ele não era a última atração do festival, já que acabar um baile deste é quase uma heresia. Desculpe a ironia. O fato é que vamos entrando e a festa já começou, nos pedem que ocupamos os espaços, depois que circulamos por ele, entre cachaça e canjica, falas nos motivam ao movimento, até o convite ao miar, latir e infantilizar, seguido pelo sentar, todos ali buscando espaço entre outros para ver um homem normal. Depois a boa de rima e de tempo para o riso, que por vezes me vez lembrar da diva querida Karla British, e então divando a Mumutante e as demais, tal hora tanto é dito, o público participa ativamente e há um diálogo livre entre todes..Precisei sair antes do fim, que se prolongou, e atrasou a programação. Também pudera - trata-se de um Baile Bufa. Ali no centro do espaço eu e Ivan falamos sobre o Festival, o teatro, a programação, honramos os que nos deixaram e saudamos aos vivos e ali presentes Ana Marlene, Silvia Moura e Ricardo Guilherme. Eu não apresentei o catálogo virtual, já havia mais de uma hora de atraso ao previsto e teria ainda mais falas dentro do teatro, então apenas convidei a todos a seguirem as redes sociais do festival onde será disponibilizado o link do catálogo virtual. Acho importante citar neste texto que me senti feliz com o encontro com a turma do Mirante ali, assistindo teatro junto. E aqui vale dizer que eu e Ivan ali juntinhos foi um modo do festival saudar aos 40 anos do Grupo MIrante de Teatro da Unifor e olhar ali a diretora Hertenha Glauce emocionada, foi pensar… Se houvesse tempo poderíamos chamar ela e os integrantes e ex integrantes ali presentes para uma foto oficial, mas o tempo estava curto não cabia tamanha quebra de protocolo. Após a apresentação fui abraçar Mica e Alisson pelo Baile, depois entrei no teatro já acontecendo o cerimonial, fomos chamados ao palco, fizemos fotos oficiais, daquelas que se guarda para sempre, tamanha a alegria e potência dos encontros. Olhando a plateia de cima me emocionei ao ver especialmente Gyl Giffony e Tomás de Aquino, porque eles são incríveis e eu os amo profundamente. Bonito e emocionante foi também estar ali naquele palco, naquele momento com tantas pessoas que fazem muita parte da minha história e que essas mesmas, e parece que de algum modo também faço eu faço parte desse todo que somos e estamos juntos em serviço da arte. E por falar em arte mais uma homenagem, agora no palco aos incríveis Ana Marlene, Silvia Moura e Ricardo Guilherme e foi linda a homenagem com Márcio e Orlângelo da Dona Zefinha, de Itapipoca, onde o pai de Gerson do Balé Baião foi o fazedor da cadeirinha de Silvia. Eu amo essas histórias todas, mas assumo que ali talvez pela fome que começava a se anunciar, ou pelo incômodo na coluna pelo tempo, ou o sono chegando, pois sou estagiária da roça, gosto mesmo é de dormir e acordar cedo, talvez porque a noite me prive da liberdade do ir e vir sem depender do carro. O fato é que ali eu naquele momento lembrei de mim na estreia, e resolvi sair do teatro, lavei o rosto, caminhei um pouco pelo teatro. Achei bonito observar que as pessoas estavam ali dedicadas, e assistiam efetivamente a solenidade de homenagens. Ali andando de novo pendeu na ordem dos fatores da hipotenusa, se o baile tivesse como última programação tava tudo certo. E me perguntei: Estou bem para entrar e assistir a estreia do Otacílio? Nossa, monólogo. Monólogos são difíceis. E me respondia: Mas o texto é o Marcos Barbosa e porra Roberta o Otacilio é uma potencia fora do palco, imagina em cima dela e depois de tantos anos. E ele disse que seria seu presente. E a quantos anos você não assiste seu amigo? Me perguntei de modo cruel. Eu achei. O fato é que entrei no teatro de olhos e orelhas atentas, viu-o afinando a luz, apertando as quentes mãos de seu parceiro de cena, indicando que as suas estavam frias. Que bonito ele ali. Começou o espetáculo e eu fui entendendo o que ele dizia e questionando um milhões de outras possibilidades da mesma história, caminhando de mãos dadas com José. E pensando: Eita como ele bom. Nossa quanto texto. Que reflexões incríveis! Em alguns momentos, no entanto, eu perdia alguma frase e isso me demandava um esforço para pegar a história. Quando eu efetivamente me perdia, punha-me a observar as vozes do ator e seu corpo, a dança com as cadeiras indicando o masculino e o feminino, a mesa que fora ressignificada. No entanto, nunca ouve uma cadeira para Emanuel. E pensava: Que corajoso é encenar este texto. Que corajoso escrever este texto. Estava tarde e as pessoas na plateia olhavam seus relógios, e alguns iam saindo, ela foi ficando fria, à medida que crescia a densidade da expectativa pela versão de José sobre a morte e desaparecimento do corpo de Emanuel e há ali em algum momento uma modernização dos meios de comunicação que me distraem do texto, uma outra camada. E aí a intenção muda e sou de novo fisgada para cena, que se estendeu também um pouco além da minha disponibilidade, então antes do fim minha mente fechou a peça por duas vezes em momentos distintos que me pareceram desfechos. Mas como tudo aqui eu poderia escrever muito mais, mas o tempo não me permite ainda tanta escrita assim, então fecho dizendo que saí do teatro contemplada, mexida, provocada, decantante e feliz pela potência dos nossos. Então, a parte que eu amo, mas que foi bem corrida, o encontro final, os abraços, risadas histórias, reencontros e suaves percepções sobre o visto. E o seguir para o resto mais perto, comer algo e sorrir abraçar gente que quero bem, assistir em deliciosa distância os movimentos do festival que não acaba quando termina. Ali abracei Alcantara Costa, Ricardo Guilherme, Fabiola Liper, Robério Diogenes, Danilo PInho, Pedro Domingues, Ronaldo e mais uma ruma de gente querida. E ainda levei a diva Marta Aurélia em casa. Por mais festivais, encontros, arte, afeto e cultura de participação.

sábado, 30 de março de 2024

Corpos Velhos: Para que servem?

Por Roberta Bonfim


Tudo que se vive é parte do que somos e do que temos a comunicar, nossos corpos guardam todas as memórias vividas, muitas das quais nossa mente já nem acessa, mas pelo corpo tudo se revive quantas vezes forem desejadas, ou necessárias. Entendi isso pelo corpo, observação sobre o espaço pessoal, mas também pelo estudo mental da memória liberada pelo movimento. E nem sempre esses movimentos são fáceis.


Eu, por exemplo, ao ser convidada a prestigiar a abertura da XIV Bienal Internacional de Dança do Ceará, hesitei, me confundi, me atrasei, cheguei mesmo a cogitar não ir. A dança ainda é um lugar conflituoso para mim. Mas, aqui caberia um texto só para isso, o que não é o caso, pois sobre os conflitos particulares escrevo no diário. hihihi… O fato é que apesar das dificuldades que eu mesma criei, fui. Cheguei no entre, mas foi bom, pois ainda na porta abracei gente querida, encontrei dois dos professores que compuseram minha banca de mestrado, a potente Rosa Primo e o elegante Clerton Martiins. Os ver ali me alegrou, quis abraçá-los apertado, mas me esforcei para parecer elegante e discreta, apesar das minhas tranças e meu vestido de cigana.


Encontrei também Silvia Moura, vi de longe outras maravilhosas inspirações na vida, como Wilemara, Andrea Bardawil, Mônica Luiza, Claudia Pires e outras maravilhas. Como disse antes cheguei atrasada e perdi o espetáculo de Paracuru que muito desejei assistir, mas estava ali, sentei-me e contemplei as pessoas, a gente da dança e suas liberdades e prisões e a força da Bienal para falar sobre etarismo e liberdade do corpo na dança que transcende, emociona e convida a subverter regras racionais.


Ali contemplando inicia, melhor reinicia as apresentações formais com o bailarino Viana Júnior e sua maravilhosa e potente companheira. Estes chamaram Davi Linhares, que realiza esta Bienal com corpo, alma e suor desde seu início e que vem a cada edição trazendo novos desdobramentos a partir dessa bienal cearense, que é também internacional. Davi vestido de Silvânia de Deus, como os apresentadores, sobe ao palco e anuncia a edição, seus objetivos e agradece aos seus patrocinadores e apoiadores. Começa ali, o que chamo de palanque, onde a secretária da cultura presta uma conta social e engrandece a Bienal, depois os representantes dos invetidores falam mais um bocado. Um tanto maçante, na minha humilde opinião.. Depois veio a bailarina linda Claudia Pires na companhia muda de Ernesto Gadelha, e homenageiam profissionais fundamentais da dança da cidade. Eu me emocionei porque, assim como a própria Claudia, outras bailarinas ali homenageadas foram e são muito relevantes para minha própria caminhada humana com a dança, que é vida.


O ponto alto no entanto estava por vim, e veio. Inicialmente como um vídeo. Cheguei a quase me frustrar, pensando. Não creio que cheguei até aqui para assistir um vídeo dança, isso eu poderia ter assistido em casa. Mas, era um vídeo dança tão forte, detalhado e bonito que tal hora eu já havia sido fisgada só por ele. Mas a tela subiu e os corpos velhos ali sob focos de luz apareceram mostrando que com absoluta maestria que servem ainda para muito. Não entendeu nada? hihihi Explico.



Ali no palco estavam os corpos de Célia Gouvêa (A bailarina, um dos grandes nomes da dança brasileira, conta sobre sua carreira no Brasil e na Europa. Fez parte do Mudra – Centro Europeu de Aperfeiçoamento e de Pesquisa dos Intérpretes do Espetáculo, dirigido por Maurice Bejárt, e do Grupo Chandra – Teatro de Pesquisa de Bruxelas), Décio Otelo (bailarino e coreógrafo brasileiro.Iniciou seus estudos de dança em 1951, em Belo Horizonte, no Ballet de Minas Gerais dirigido por Carlos Leite onde conheceu Klauss Vianna e Angel Vianna. Em 1956 entrou no Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, tornando-se solista.e percorreu o Brasil em turnê, dançando Giselle, com Margot Fonteyn e Michael Somes), Iracy Cardoso (bailarina, por tempos diretora do Balé da cidade de São Paulo), Lumena Macedo (Ingressou no Balé da Cidade de São Paulo em 1984, dançando trabalhos de coreógrafos como Germany Acogny, Luis Arrieta, Susana Yamauchi, Henrique Rodovalho e outros. Passou então para a Cia. 2 do Balé da Cidade, permanecendo até 2001, onde encerrou sua carreira como bailarina profissional.), Marika Gidali (bailarina húngara, radicada no Brasil. Fundadora, junto com Decio Otero, do Ballet Stagium. É ganhadora do Prêmio Cultural Blue Life, como uma das mulheres de destaque) , Mônica Mion (25 anos, no qual o Balé da Cidade de São Paulo recebeu numerosos prêmios pela qualidade de seu elenco e coreografias, Mônica Mion participou de praticamente todo o repertório apresentado, em obras em que atuou freqüentemente como solista, em temporadas e turnês nacionais e internacionais), Neyde Rossi (Participou do Ballet do Museu de Arte de São Paulo, Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Ballet do Teatro Cultura Artística, Ballet Amigos da Dança e Grupo Experimental de São Paulo. Há mais de 40 anos dedica-se ao ensino da arte do Ballet), Yoko Okada (Yoko Okada é bailarina, coreógrafa, professora, fundadora e diretora do Ballet Ismael Guiser, companhia dirigida por ela e Ismael Guiser, coreógrafo e professor) e Luis Arrieta (coreógrafo, bailarino, professor, pesquisador. Diretor artístico do Balé da Cidade de São Paulo por 2 vezes, com mais de 150 criações de estilo inconfundível, trabalha com as mais importantes companhias do Brasil, atuando também na América Latina, Estados Unidos e Europa), e que também assina direção do espetáculo "Corpo Velhos - Para que Servem?". 


Foto Guilherme Silva

E ali sob nossos olhos mostram que servem para comunicar, dançar, denunciar, celebrar, rebolar, emocionar, transfigurar, transmutar. Assumo aqui que me impressionou muitíssimo e que me emocionei a um ponto de chorar copiosamente, bem como ri, sonhei, me angustiei e me acalmei e por fim de pé aplaudi, com toda força que tive em minhas mãos e pelo tempo que meu corpo permitiu, tudo em mim aplaudia cada partícula de gente que ali se apresenta. Quanta lindeza, quanta coragem, determinação, disciplina, força e amor pelo dançar. 



A verdade é que desde quinta busco palavras que descrevam o que assisti, assumo que mesmo agora ainda não encontrei, então apenas agradeço aos corpos, vidas e almas de cada um que mostrou que o corpo segue servindo para muito, basta que esteja vivo e ativo. 


Foto Guilherme Silva

Acabou. Encontro o querido Guilherme Silva na saída, abraços e peço me me mande fotos, e são suas fotos que embelezam esta página neste escrito. Já do lado de fora a dificuldade de pegar uber, me fez entrar em um taxi que não trabalhava nem com pix, nem com cartão, o que me impediu de parar na Estação, de modo que segui para casa e de lá até aqui, ainda tento decantar o que vi.


sexta-feira, 29 de março de 2024

Azul da cor do Céu


No dia 23 de março 
estreamos o projeto Arte ConVida, do Grupo MIrante de Teatro Unifor, com o esquete  "Azul da Cor do Céu", texto de Erico Mayer, direção e produção de Hertenha Glauce, técnico de som Ícaro Eloi, de iluminação Geilson Pio e encenação de Duda Benicio e euzinha Roberta Bonfim, no Espaço Cultural Unifor. Que delícia que foi, com um público bonito e atento. E é sempre bom falar com quem deseja ouvir. E que lindo crianças sentadas de pernas cruzadas no chão a nossa frente para se fazer mais perto na cena, e quebrar a quarta parede, e é também bonito. Mas, o fato é que apesar do que não rolou a brincadeira foi boa e a alguns alcançou. Aplausos, abraços, respiração e gratidão. O teatro é a arte do presente, é um convite ao sentir junto os caminhos que constituem a estrada.

Por aqui, por exemplo, para que o hoje acontecesse, Erico Mayer em seu recesso de final de ano, em viagem para suas origens se inspira e escreve o texto "Azul da Cor do Céu". Em janeiro quando retomamos os trabalhos no Mirante, Hertenha escala a mim e Duda para esta encenação. Fico feliz, gosto de trabalhar com Duda, é um texto lindo, mas também com medo. Eu acabara de viver uma idosa forte com a Maria Memória, temia, e a direção também, que eu tangenciasse ao mesmo padrão. Felizmente não rolou e cada uma tem sua própria personalidade e tempo.


Eu e Duda iniciamos os processos e ensaios, junto com a dupla que estreia no dia 06 de Abril com o esquete Carcará e a Flor do Mandacaru, foram momentos importantes e fortes, para a cena, bem como para nossas relações.Nesse processo, boas notícias, encontros relevantes, pesquisa, trocas, os demais integrantes assistindo e deixando suas considerações, tudo extremamente importante e bonito. As personagens Joana e Eugenia, nascem da imaginação de Eurico, inspirado pelo nordeste que vive e sente, mas também pelo apresentado nas obras de Volpi. As personagens já existiam para nós, mas estavamos enganchando no texto e para isso tome estudo, passagem, ensaio e assim apresentamos para um público lindo e generoso o nosso Azul da Cor do Céu. E com coração aquecido e feliz celebro a potência do teatro e agradeço a todo o grupo Mirante de Teatro a oportunidade de ser arte junto com vocês. 


E para quem tá lendo este texto, deixo o convite de nos encontramos no dia 06 de abril, às 16 horas no Espaço Cultural Unifor para conhecermos o Carcará e a Flor do Mandacaru, um texto de Bruno Teixeira com encenação de Shirley e Ivan Lourinho. Tá lindo de bonito! E tem, A exposição, que tá grandiosa. 






Curiosidades aleatórias.


Quebrei os óculos, pedi o da vó emprestado, ela perdeu os óculos, fiz a cena com as ocletas de Duda Benicio.


No meio do caminho para Unifor, lembrei que estava sem sutiã e que não havia nenhum na bolsa, parei no caminho e comprei o sutiã mais caro da minha vida. 


Estávamos prontas para entrar em cena 1 hora antes de começar. hihihi


É lindo e bom quando você entra em cena com alguém que tá com a mesma vontade que você de se divertir ao cumprir seu papel. Duda é uma companheira incrível de cena, grata pela troca e até logo menos, pois em maio tem Azul da Cor do Céu.



Atenção!!! Próximas datas:


O Carcará e a Flor do Mandacaru

06/04


Trem das Cores

20/04


Por ti, Porti

04/05


Azul da Cor do Céu

18/05


domingo, 19 de novembro de 2023

Leci Brandão a potência de sua Geração

Por Roberta Bonfim


O samba, o tambor, o pandeiro mexem com meu corpo, mas a voz de Leci mexe mesmo é com minhas memórias infantis e juvenis e com o meu coração, meu imaginário sobre o carnaval, a beleza das histórias cantadas sobre nós. Assistir Leci Brandão e sua potência humana ali no palco foi das coisas mais emocionantes dos últimos tempos e hoje é o último dia deste espetáculo na cidade.

Isso mesmo, Leci Brandão está em Fortaleza, mais especificamente na Caixa Cultural Fortaleza, através do Programa de Ocupação dos Espaços da CAIXA Cultural. Desde quarta-feira, até hoje, 18 de novembro, o show “Leci Brandão - Eu Sou o Samba". Leci aos desavisados, é um dos grandes nomes da música brasileira,  é fundamental para o que hoje chamamos representatividade. Quando isso ainda não era pauta, Leci já representava Madureira, o Samba, a Mulher Negra e potente que é. Tanto que suas canções seguem atuais e junto outros clássicos da música Brasileira são cantados em coro com a plateia.  Isso porque músicas como “Só quero te namorar", “Zé do Caroço" e “As coisas que mamãe me ensinou", “Olodum força divina", “Madalena do Jucu", “Papai vadiou", “Deus do fogo e da justiça", dentre outros estão no imaginário de todes nós. 


Eu particularmente logo de chegada já senti no bater dos tambores os calores e afetos, e sem perceber eu já chorava e agradecia a oportunidade de estar ali, naquele momento vivendo aquele nosso momento e na primeira fileira do teatro. Todes sabemos que a primeira fila não é legal para a cervical e que essa proximidade às vezes quebra a magia, mas Leci e sua banda são gente do samba, gente que de cedo sacou que a magia consiste em ser de verdade, simples, profissional, familiar e sincronizado. Lindo de se viver.

Existem além do espetáculo em si, outros espetáculos à parte, como a competência dos músicos, que evidenciam a importância de cada instrumento e som, na composição do todo que é a música cantada por Leci Brandão. Que se só no palco, falando da vida já seria incrível, pois ela vai desfazer 80 anos em 2024 e canta o show inteiro sem pesca, lembra o nome e lugar de nascença de cada ser que integra a equipe do show que apresenta. E só não sambou porque não podia, mas deixou-se de corpo e alma abertos e em troca com os felizardos que estavam ali. Eu estava e vibrava de uma alegria intensa e tal hora o corpo precisou liberar e fui para lateral do teatro e sambei uma música inteira, tudo que eu precisava antes de voltar para minha cadeira, mas que eu teria extrapolado, não fosse a moça gentil da Caixa me lembrar de ficar quieta no meu lugar. Eu fique, cantando auto, até perder a voz. Cantei com Leci, a vi pequenina, em seu figurino azul com o mar, com sua voz potente que ainda esta aqui a em mim ecoar e fui lembrada mais uma vez e sempre que somos a integração de nossas competências.

Agora eu queria ter tempo de correr atrás de um Vinil de Leci para pedir que ela autografe, mas meu dia está corrido e eu já atrasada, assim fecho por aqui com o convite a quem possa hoje ou logo menos se presentear com este espetáculo de tudo que é assistir ao show “Leci Brandão - Eu Sou o Samba", onde a artista com mais de 40 anos de carreira e 25 álbuns gravados e muitos desfiles de carnaval e roda de samba. Gratidão Leci Brandão pela sua existência, presença, corpo, voz, som e poesia que nos compartilha. 

Para deixar tudo ainda mais incrível eu estava na incrível companhia da minha comadre Katiana Monteiro e ainda encontramos e trocamos outros abraços. <3




 


 


sexta-feira, 10 de novembro de 2023

"Eu de Você" com Denise Fraga



Era 09 de novembro, quinta -feira e faltavam 10 minutos para as 17 horas quando cruzei os portões da Caixa Cultural Fortaleza, a fim de assistir teatro.  Assim, ao cruzar o portão, logo senti uma liberdade de estar ali só indo ao encontro de uma fila já grande para pegar o ingresso. De chegada por conta do meu hábito de ouvir conversas alheias, descobri que os ingressos só serão distribuídos às 19 horas. Depois de uma correria para estar ali naquele momento. O espetáculo "Eu de Você", com a inspiradora Denise Fraga, que cruzou a fila e derramou sua gentileza e alegria com os que esperavam para assisti-las. Se eu que estava já cansada na fila, estava profundamente emocionada ao olhar tanta gente esperando para assistir teatro, imagino a emoção desta atriz. Por falar na fila que inicialmente não parecia agradável, acabou por virar um ponto alto deste dia. Pois ali conheci figuras ímpares e ótimas companhias para ir ao teatro, algo parecido com o reencontro que logo viveríamos também no ato do espetáculo.





As 20 horas tocou o primeiro sinal. Denise recebe seu público, conversa, abraça, combina, alerta, sorrir e rememora uma professora de geografia e o seu triz, que Clarice Lispector chamava de momento epifânico, para mim um estado de presença. E o teatro é efetivamente um estado de presença e Denise Fraga, com a direção delicada de Luiz Villaça. A direção musical de Fernanda Maia é irrepreensível e lindamente executada pela musicistas Ana Rodrigues, Clara Bastos e Priscila Brigante, que atentas somam-se a luz, que no cenário projeta sombras, camadas, memórias, imagens, outro ponto são as projeção desses perssonagem que são e somos. Sons e luzes ambientam o palco para incrível atuação de Denise que compartilha inicialmente memórias suas, para depois nos compartilhar histórias de tantes, e tal hora tá mesmo tudo misturado, costurados, inclusive as nossas vidas, em outros corpos, que podem também ser os nossos, mas ali é o seu. Nos joga na lata as rotinas desumanas, as relações atóxicas, uma carência gigante, o patriarcado e a não priorização do amor em muitas camadas.


Mas também nos ensina a andar, nos convida a refletir e a perceber que somos amor, e que é no amor a nossa base mais sólida para organização da disciplina que gera a ordem e a construção do progresso enquanto humanos. Há aqui um mergulho de 90 minutos na alma humana com guia qualificada e um ambiente preparado para este mergulhar.


Foi assim que saí do teatro, limpando o rosto lavado em lágrimas de choro e/ou risos, ou os dois, reafirmando a unidade que somos juntes, e me questionando sobre qual o meu papel nesta engrenagem. Sai também reafirmando meu amor ao teatro, como faz a atriz algumas vezes na cena, que é também mosaico de histórias humanas "demasiadas humanas". 


Gratidão Denise Fraga por junto com essa equipe potente realizar o sonho de vocês e compartilhar conosco aqui em Fortaleza. Grata Caixa Cultura por investir em arte e cultura. E grata a cada ser que estava ontem lá para assistir teatro, acompanhar a fila foi parte importante do espetáculo. 


Ao final abraços nos companheiros de teatro, a reafirmação do bem que faz abrir brecha para pegar uma fila de horas, conhecer gente nova e assistir teatro. Ainda antes de voltar para realidade passei pelo Poço da Draga, no Coletivo Fundo da Caixa para viver mais amor, cheguei em quase meia noite. Minutos antes do virar do dia. Agradeci, e desejei bater um papo com ela para esta revista. Será que ela topa?


terça-feira, 19 de setembro de 2023

Sobre a normalidade irreal

 Texto Beta Costa que é meu ego autobiográfico

Dança Roberta Bonfim


Ela descobrirá a crise de ansiedade tardiamente, devem ter sido as crises de riso que afastaram para longe todos os medos do mundo que nela habitavam escondidos sem querer perder morada. Mas quando ela degustou o doce excêntrico do momento em que se toma as rédeas de sua vida de modo extremamente dolorido, e o que até ali chamava de solidão torna-se de algum modo, liberdade. Como se a repetição do desejado por fim lhe tomasse o corpo, a mente e o espírito e as culpas fossem aos poucos dissipando à medida que vai tomando consciência das realidades possíveis. Mas voltemos às crises de ansiedade que vieram após a queda da cadeira que lhe fraturou a coluna e a fizera ter profundo medo da morte, que um ano antes também a assustou com a retirada emergencial do apêndice. 


O fato é que com a ansiedade ela acabou descobrindo novos ritmos do seu coração e alguns não tão confortáveis como os que ela já estava de algum modo familiarizada. E vivência a sua primeira visita a uma cardiologista, mulher óbvio. Ela não colocaria um homem para cuidar do seu coração, já que na vida nunca tivera nenhuma grande referência masculina, que não os autores que gostava de ler. A médica lhe solicitou exames, de sangue, um mapa cardíaco e da pressão arterial, além de uma bela corrida na esteira para saber como anda este coração.


Fazer exames e constatar que tudo anda bem virou lugar de extremo prazer para ela que com isso ainda conseguiu aprender a lidar com sua própria ansiedade, no tempo da espera que se dilata. Como uma alma em cura a grosso modo tem que corpo reagindo, existem outros médicos e exames no caminho, mas quero bem falar sobre o mapa cardíaco.


Você sabe do que se trata um mapa cardíaco? A Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) é um exame que permite o registro indireto e intermitente da pressão arterial durante 24 horas, enquanto o paciente realiza suas atividades habituais e também durante o sono. Ela já tinha visto outras pessoas fazendo, mas era a sua primeira vez. E enquanto esperava para colocar o aparelho pensava no tempo, nas prioridades de cada fase e na espera por um mapa, em uma vida urgente por ser vivida. Observava as pessoas naquela salinha de tensão disfarçada em sorrisos gratuitos, ou apenas uma sutil cumplicidade. 


Na sala onde colocou o aparelhinho que lhe acompanharia pelas próximas 22 horas, obrigando-a a parar de 20 em 20 minutos, respirar e esperar até que a pressão fosse aferida. E ali colocando o aparelho ela perguntava tudo que vinha à cabeça, a fim de evitar a fadiga posterior. Sabia que quanto mais segurança tivesse do processo, mais tranquilo seriam essas horas. 


Saindo da clínica foi testar o efeito do THC na sua pressão arterial, e também do alongamento. Então foi buscar sua criança na escola e atravessar todo shopping para levá-la a uma festinha da coleguinha da escola. Viver no Ceará é saber-se olhando e ela ali desfilando linda com meu mapa despertou olhares e criatividade na construção das narrativas de pedaços que ela se esforçava para ouvir, e sorria segurando forte a mão de sua criança. Deixou a sua filha em sua primeira festa com a colegas. Não quis abrir mão deste momento e conhecia as complexidades que seguiam dele.


Enquanto a criança se divertia com os colegas descendo o escorrega, ou se fantasiando de dinossauro, ou ainda cantando os parabéns, ela, a mãe andava pelo shopping com seu corpo sendo mapeado. E, deu-se de presente duas calcinhas, uma cueca para dormir e um sutiã, para criança uma pantufa e para o tédio de quem detesta shopping amendoins cobertos com chocolate e a contagem do tempo, que em shopping passa em outro tempo, mas é ainda outro quando de 20 em 20 minutos um apito seguido de um aperto no braço te obriga a parar e entrar em estado de presença. Quando não consegue parar, com um castigo de adestramento a pressão no braço lhe parecia maior só de sacanagem. 


Então a rotina com paradas e o dormir com a máquina, mas logo ela já parecia adaptada, talvez só não mais pela impossibilidade de um bom banho. Na manhã seguinte a máquina já lhe parecia familiar e até o look já combinava com o estilo do aparelho mapeador do seu coração. Em algumas paradas ela refletia a respeito do tempo, em outras da respiração, e a risada sempre que lembrava da profissional que instalou nela o mapa, indicando vida normal. Se vida normal então já que a terapia virara papo de amigas com profundas complexidades particulares dela que mesmo sempre tendo sido, parece às vezes novata neste corpo que lhe pertence, com esta mente que lhe é nata e nesta vida que aparentemente é a sua, por mais que às vezes tudo lhe pareça de um filme não gravado além de sua mente. 


E a mente… A mente… A memória que lhe visita em todas as histórias e a que escreve ao existir, em letras, movimentos e pessoas. 

 



E antes de tirar o aparelho ela sentiu a necessidade latente de dançar de ativar este corpo e o convidar por uma máquina que pare e se reequilibre tal hora. É pedir que o corpo experimente junto com a consciência o parar no ato de mover-se. Ao se mover a máquina chega mesmo a deixar de existir, assim como o medo de morrer. Você já sentiu esse medo? Ela sim e vou dançar mais isso outro dia por aqui. hihihihihi



segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Ensaindo voltar a partilhar percepções

 Faz um tempo que não escrevo por aqui, o último texto é de 2019. Mas ando mesmo sentindo a ausência desta escrita que depois eu encontro, essa que muito me explica sem tanto dizer, ou diz muito e nada deseja além do ato da própria escrita. E assim os dedos deslizam pelas teclas do teclado, como que brincam de correr em dupla, indo para um lado e outro,em cima , lateralidades e também para baixo, ocupam todo pequeno teclado as minha grandes mãos que escrever sem respiro nem meu, nem delas. é que a escrita é mais que um simples desejo, é uma necessidade. 


E agora escrevo um misto de tantos afetos vividos apenas hoje. Este blog que tanto já foi, inclusive abandonado, é hoje para mim um lugar de depositar escritos e reflexões, que não se propõem a serem verdades absolutas, mas apenas o que são. E agora paro e penso, nossa! Percebo sobre o quanto eu poderia estar escrevendo, mas ando mais querendo escrever para me entender, uma coisa Mariana Aydar ao cantar:


EU ME ENTENDO ESCREVENDO


Hoje por exemplo entendi o quanto me doe ver meu lugar sendo mais uma vez mexido, tenho dificuldade de reconhecimento espacial, tá tudo tão igual. No caminhar incontaveis falas e observações dos que passam e pelos quais passo. E eu estava sem oculos para meus ver e ouvir e ainda sim em dada hora eu chorava e me indignava. E então cruzei olhar com o ed São Pedro e outras tantas reflexões e o que eram casas foram virando outras coisas e naturalmente me pergunto sobre os que ali moravam e que era parte do lugar. Mais tapumes, obras exigem tapumes, aqui amarelos e com a marca da prefeitura de Fortaleza, que me fazem rir ao me perceber tentando calcular quanto foi gasto só de tinta látex amarela para tanto. Ri pelo absurdo da reflexão e da ação quando estamos em Fortaleza e suas incontáveis questões que vão desde prédios de 70 andares à retirada de pedras com vida para um chão de cimento sem qualquer identidade, mas bons para se andar de bicicletas, patins… mas então para quem as ciclofaixas? E os barraqueiros aparentemente se perguntam sobre o futuro. 


"E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar." Toquinho


Até chegar onde hoje é o Instituto Belchior, mas que fora antes tantas coisas, inclusive o Latratoria onde tomei minha primeira sangria da vida, ou o Cais Bar, formador musical de muita gente da cidade. O fato é que chegando ali comecei minimamente a me sentir efetivamente na praia, pela praia. Segui andando que meu destino era um mergulho no Poço da Draga e olhei para a Ponte Metálica fechada e a dos Ingleses inacabada de mais uma de suas reformas. Ali ainda um trecho com pedras Cariris colocadas outro dia depois de muita luta para que não fosse colocado, ali olho o entorno e choro com uma sensação de despedida, não passo sempre andando ali, talvez na próxima nada mais seja como está, e ainda mais distante do que já foi. E sigo andando, quando mais um tapume me impede inicialmente de seguir e onde havia chão, quebraram, já é areia, dificultando a passagem. Eu por minha vez segui até o meu destino. Olhei a ponte de perto e achei interessante que deixaram as frases afetivas.



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Entrei no Poço da Draga, abracei e fui abraçada, conversei, fotografei, conversei, tive a bolsa batizada por um gato sem vergonha e gravei com a blusa da Ivoneide, depois de ter já sorrido com Cassinha, Mari, João, Djey, Ivoneide, Benedita, Ivan, Fatinha, Izabel, Fernanda e tanto mais gerando conteúdo para transformadora Composta Poço e ainda realizei o mergulho e comi couve flor feito com amor. E segui para casa para cumprir meu papel de mãe e neta que eu também amo, e então uma passagem pelo shopping, comer comida queimada com som mais alto que o necessário, com brinquedos caros e de plástico.


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SHOPPING É UM LUGAR QUE ME GERA DESCONFORTO, NUNCA SEI ONDE ESTOU NEM QUE HORAS HAVERÃO DE SER.


Em casa ler histórias africanas para filha e aprender junto sobre tanto e agradecer pelo grande do dia e então a filha dizer que é domingo e quer ir dormir na avó e eu ganho um vale noite para escrever neste blog depois de quase 5 anos para dizer que sigo amando o Poço da Draga e agradecendo a existência de cada ser que me inspira transformações necessárias, urgentes e possíveis. 



Escrevi ontem, dormi antes de concluir e/ou postar… mas segue, já que este blog trata-se das minhas percepções. E agora quando decido postar um beija flor me visita e faz seu show e parte, como quase tudo nesta vida. Grata


Celebrando Festivais Teatrais

Por Roberta Bonfim Querido Festival de Teatro de Fortaleza conheci tantas maravilhas ao viver-te. Lembro que foi em uma de suas edições que...