segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Água Para Elefantes

O longa metragem começa com um senhor perdido em um estacionamento a procura de ver o circo, e se depara com alguém que quer ouvi-lo. Não é possível esquecer que toda a construção é feita dessa narrativa, é a história pela perspectiva de quem á viveu.

Em síntese, Água para Elefantes é uma história de superação na época da grande depressão de 1930, nos Estados Unidos. O jovem estudante de veterinária, Jacob (Robert Pattinson) estava prestes a se formar, mas um desastre envolvendo seus pais o impede de fazer a última prova do curso e tirar a licença. Não pude deixar de me perguntar, por que não esperaram ele terminar a prova antes de falar sobre o ocorrido. Eles já estavam mortos e a vida já mudaria radicalmente, mas... Bem, se não fosse isso talvez a história também fosse outra. (RS) A questão é que sem casa, nem dinheiro e sem mais família, parte sem olhar pra trás e literalmente segue o trilho que o leva ao seu destino. Um vagão de circo e toda magia de viver itinerante, no picadeiro.

A história, contada em flashback, acerta quando investe no amor que Jacob tem pelos animais e também quando August (Cristoph Waltz) fica em cena. E por falar em Cristoph Waltz, que maravilhosa atuação, é possível sentir asco do personagem tamanha impressionante labilidade afetiva e intensidade Sendo capaz de se divertir com Jacob e, alguns segundos depois, ameaçá-lo de forma assustadora. É ele o ponto auto de atuação do filme.

Não posso dizer o mesmo da química entre Jacob e a Malena (Reese Whiterspoon), não há química e a emoção se esvai, além do excesso de melodrama que chega a incomodar, em alguns momentos. De qualquer maneira, Água para Elefantes é um filme charmoso, com um ar clássico e nada apelativo. A direção de arte deu um show na recriação exemplar da época retratada. Outra sacada positiva foi a narração em off, que adiciona um agradável ar de fábula para a história. No pacote, o humor se faz presente de maneira bem natural, seja em alguns diálogos ou nas peripécias dos animais, em especial da elefanta Rosie e do cachorrinho.

Relação de amizade e lealdade emocionam, também e fazem de Água para Elefante um daqueles filmes que serão lembrados com carinho.

Meia Noite Em Paris

Um filme... Como posso falar da minha relação com esse filme? É eu me relaciono com tudo, cada novo faz com que eu estabeleça novas relações e/ou pontos de vista sobre a relação outrora estabelecida. Eu desde sempre, ouvi falar sobre a genialidade de Wood Allen, mas de verdade, nunca antes havia assistido algo dele tão genial. Sério! Detalhes, olhares,roteiro magnífico, sonhos e realidade,tudo isso repleto de leveza,você se transporta junto e vivencia cada respiração. Se relaciona com cada artista e entende a relação deles com o renomado diretor.

Eis finalmente a entrada de Woody Allen a sua Nova York européia. Com “Meia Noite em Paris”, Allen demonstra-se ousado, com um projeto que já parecia idealizado antes mesmo de ser produzido. Como se, tivesse se preparado a vida inteira para esse encontro, para essa completude fantástica que não poderia ter outro cenário se não Paris.

O alterego do diretor desta vez chama-se Gil (Owen Wilson), um roteirista norte-americano bem-sucedido, porém absolutamente frustrado mantém o sonho de morar em Paris e se escritor, assim muito dos seus grandes ícones. O que desperta a primeira reflexão é a noiva de Gil, Inez (Rachel McAdams) que discorda de tudo, não suporta nem a idéia de deixar os Estados Unidos, tem referencias de inteligência divertidas e não o ama. Ele expõe o casal moderno e o não conhecer-se.

Voltando a Paris que chuvosa exerce um tamanho fascínio sobre Gil e o transporta aos anos 20, onde encontra a si mesmo e, especialmente, os mais consagrados artistas do último século, das mais diversas áreas. Tais como, os escritores F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway, o músico Cole Porter, o pintor Pablo Picasso e o cineasta Luis Buñuel, dentre outros que esbarram com o personagem com a naturalidade de um habitual encontro. A cada badalada que soa na madrugada parisiense, a ânsia pela personalidade artística que conheceremos adiante já faz um sorriso abrir de orelha a orelha.

É Woody Allen não levando seu texto a sério, pondo a descontração em primeiro lugar, fazendo seus históricos artistas colocarem-se em situações que jamais imaginaríamos, como se declararem invejosos ou envolvidos em confusos enlaces amorosos. Vê-los em comuns mesas de bar discutindo temáticas super relevantes, que hoje são motivos das mais profundas pesquisas científicas, é de um prazer difícil de descrever. E tudo simples, sem necessidades de efeitos especiais ou conceituada direção de arte.

E para além, ou aquém o longa trás uma tocante história sobre o amor, além do tempo e mesmo do outro, um amor pelo amar. E se Allen exagerou na composição de Inez, com Adriana (Marion Cotillard), estudante de alta costura que teria se envolvido com Picasso.

Ao fim, um vontade boa de assistir tudo outra vez e se deixar levar. Um vontade também e ir a Paris e se deixar maravilhar e mesmo buscar por todos, incluindo Wood Allen.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Pronta Para Amar

Em uma manhã fria, um tanto depressiva m pego assistindo Pronta Para Amar. A opção pelo filme veio do desejo de saber em qual momento uma mulher torna-se pronta para amar. Daí, outras questões surgiram, como: só se ama uma vez? Se é preciso esta pronta, quer dizer que existe uma receita? Mas depois relaxei e me entreguei à esse dramalhão americano e chorei, refleti um pouquinho, mas nada muito além, afinal, não é a primeira vez que vemos um filme em que a protagonista não acredita em relacionamentos, muito menos no "viver felizes para sempre".

No longa Pronta para amar, Marley (Kate Hudson) é uma dessas mulheres nada românticas. Bem sucedida no trabalho, feliz com seus amigos, ama publicitária bem resolvida, mas como na vida real nada é muito bem resolvido, os dramalhões potencializamos equívocos e a vida de Marley começa a mudar quando ela descobre um câncer. E para deixar a trama ainda mais clichê seu médico é um gato, Gael Garcia Bernal, o irresistível Dr. Julian. E ela não vai resistir ao charme e jeito ingênuo do doutor. E assim ele mudará suas percepções sobre relacionamentos e sobre o amor.

A atuação Kathy Bates, faz a diferença no longa, pois se destaca na trama e consegue deixar a história realmente dramática, sem pieguices. Mas fica fácil sair da emoção e cair no melodrama, a química entre os protagonistas é fraca o que dificulta se emocionar com o dama da protagonista e se envolver com o romance do casal.

Algumas cenas, no entanto, são impagáveis, como; Quando Marley está fazendo o

tratamento conhece um anão (Peter Dinklage) conhecido por A little bit of heaven que a ajuda a deixar de lado a tristeza. Outra cena engraçada embora meio sem-noção é a de quando Marley faz uma colonoscopia e, com o efeito da anestesia, sonha que está no céu. Lá ela encontra Whoopi Goldberg que interpreta a si mesma. Seria Deus?! E como o gênio da lâmpada lhe concede três pedidos: Voar, ganhar um milhão e o terceiro, vamos fazer de conta que ninguém sabe.

Um filme para manhãs frias!

Estamos Juntos

Estamos? Quem tá junto? Quem se junta? Com quem se pode contar, se o bicho pegar? Essas interrogações passeiam pela cabeça de todos nós em algum momento. Aos sós, a solidão se apresenta e de tão boa se torna presença, mas e na hora que se precisa de alguém? Então dói se só? Mas doe mais ser só só, ou só acompanhado? E o medo tem deixado o homem cada vez mais egoísta? É isso? E sabemos disso e só aceitamos? E o que impulsiona a melhora humana? Perca dessa humanidade? Ou dessas pseudas verdades que temos como vida? E o que motiva?

São todas essas questões e mais tantas outras; - Como o que faz com que uns tenham tanto e outros tão pouco? E a união da peleja, existe? Quem exercita mais a humanidade, e como exercitá-la? São questões assim que surgem em silêncio do decorrer de Estamos Juntos. É essa solidão acompanhada, esse calar torturador e condicionado e esse medo calado do que já se tem.

Seria talvez um clichê, se não fosse o roteiro bem cuidado de Hilton Lacerda, a direção atenta de Toni Venturi, a atuação sensacional de Leandra Leal e grande elenco. E se não fosse a fotografia de Lula Carvalho e uma montagem excepcional que nos leva junto com a personagem a caminhar por sua alma, identificar seus medos e limitações. O que esse drama urbano faz, no entanto, é por em questão sentimentos como amor, desejo e amizade, numa trama que circula entre o real e o psicológico.

Uma rotina dura no hospital, uma relação amorosa frustrada com um homem casado e um certo vazio existencial fazem com que Carmem se volte para um relacionamento com um homem misterioso (Lee Taylor).

Carmem (Leandra Leal) é uma jovem médica que como muitas saiu de sua cidadezinha, por que a mesma já não lhe cabia e segue para São Paulo para estudar e trabalhar. Seu único amigo é o DJ Murilo (Cauã Reymond), gay assumido, que também veio do interior. O personagem a meu ver chega como um presente para o ator que seguia como o galãzinho, e mostrou que tem mais a oferecer.

Numa rara escapada para curtir a agitada noite paulistana ao lado de Murilo, Carmem conhece Juan (Nazareno Casero), músico argentino com quem inicia um intenso romance. Ao mesmo tempo, envolve-se com o movimento dos sem-teto e passa a fazer um trabalho voluntário. As vida começava a seguir um novo sentido, quando uma doença inesperada e grave tira seu equilíbrio e ela se vê forçada a reavaliar toda sua vida.

Junto ao drama psicológico de Carmem, há uma São Paulo, há pessoas e do mesmo modo, a metrópole que nunca dorme, habitada por gente do mundo todo, com diversão a qualquer hora do dia e da noite, parece não ter espaço para um grupo cada vez maior de pessoas que não veem alternativa senão invadir prédios vazios para ter um teto. Para isso, precisam se unir, se organizar, confiar uns nos outros.

É desse contraste vivido gradualmente pela personagem, que a atriz usou todo seu potencial, crescendo em atuação e força a medida que o drama adensa. A sensação que tive é a de que ela vivera toda vida em um sonho e de repente foi acordada à realidade.

Estamos Juntos é um filme delicado, onde o não dito por significar muito mais que o dito, assim como na vida.

- A produção recebeu sete prêmios no 15º Cine PE Festival do Audiovisual, incluindo melhor filme, direção, roteiro (Hilton Lacerda) e atriz (Leandra Leal, dividido com Marisol Ribeiro, de Família Vende Tudo, de Alain Fresnot).

Celebrando Festivais Teatrais

Por Roberta Bonfim Querido Festival de Teatro de Fortaleza conheci tantas maravilhas ao viver-te. Lembro que foi em uma de suas edições que...