terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O Artista

Nunca fez tanto sentido a frase: “Uma (boa) imagem vale mais que mil palavras!” Pelo menos no que diz respeito a cinema. No longa-metragem, “O Artista”, Michel Hazanavicius por trabalhar com o novíssimo(Antigo- precisou voltar quase um século), acha a fórmula mágica do sucesso. Imagens em branco e preto, somadas a uma perfeita qualidade de som (por vezes pensei ser ao vivo), uma fotografia inspiradora, atores geniais, um roteiro inteligente, um cachorro que é um verdadeiro ator, além do “silêncio” que acaricia a alma e a sutil critica aos extremos.
A escolha por essa estrutura, foi o que pode-se chamar de tiro no escuro. Como atrair um público acostumado com Avatar, Matrix, Ex-man tudo em 3D, a ver um filme mudo, sem cores e efeitos “espaciais” (RS)?  Para completar: Tendo um orçamento de US$15 milhões.  Eis o grande lance que levou “O Artista” ao Oscar 2012, com 11 indicações, concorrendo nas principais categorias. E já ultrapassa US$50 milhões de bilheterias.
 ‘O Artista’ é um filme sobre a aceitação. Deixa claro que tudo muda, e é o tempo todo. E sim, nos é permitido mudar junto. Fala sobre orgulho e ascensão, sobre verdades e traz de volta uma época clássica do cinema, retratada de forma digna. E assim podemos assistir hoje a simulação, do que outrora foi verdade. A questão é que tudo contribui para o clímax proposto trazendo de volta o glamour da velha Hollywoodland, e nos levando a mergulhar de cabeça naquele universo tão distante, e que muitos (onde eu me incluo) não puderam vivenciar. Onde o cinema era outra coisa.
Mas acima de tudo nos é proposto à procura, através das origens do cinema, de uma narrativa mais direta que emocione o publico de forma tocante. Num filme onde os atores não falam, a capacidade de atuação apenas com olhares e gestos é o que conta. Jean Dujardin no papel do galã Valentim está perfeito. Seus gestos e caretas exageradas enquanto atua, contrasta com suas reações precisas fora das telas. Bérénice Bejo não fica atrás, e encanta dando vivacidade a Peppy. Outros nomes secundários e famosos ainda aparecem, reforçando o talento do elenco. O mordomo Clift (não estou bem certa do nome) é uma poesia a parte.
O fato é que no final do filme sente-se vontade de levantar e aplaudir de pé gritando: Bravo! Bravíssimo!

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