Estimulada pela revista Bravo e tendo uma ótima companhia fui ao cinema assistir “Precisamos Conversar com Kevin”. Como de costume não lembrava o nome do filme e nem conseguia expor o contexto de forma segura, pois tudo que eu sabia tinha sido dito por outras pessoas. Depois de comprarmos a pipoca mais sem graça do mundo entramos no cinema.
Corta e edita.
Falemos agora sobre o agora. Nesse instante a policia do Rio de Janeiro esta de greve, é véspera de carnaval e a vitória por um salário menos desonesto é mais possível. Mas a que preço? Penso que seja essa a pergunta que assola. Agora a pouco uma jovem de 18 anos matou a vizinha de nove, nos Estados Unidos, por que queria saber como se sentia matando alguém. Quantas vezes nos deparamos com noticias que narram casos de jovens, que entram em suas escolas e matam? Eu diria sem proposito, mas como poderia julgar? A questão é que há ai uma tentativa de estigmatizar, rotular e com isso , iniciam-se as especulação sobre bandas preferidas, jeito de vestir e toda uma série de coisas que de alguma forma justifiquem o ato. Se atentar para questões simples, tais como: Como era e estava esse individuo? Como chegou a isso sem percebido? E os pais? E a mãe, desses assassinos? Alguém pergunta como estão?
Bem, foi o que a escritora Lionel Shriver fez. E como resultado de suas indagações escreve Precisamos Falar com Kevin, em 2007. Para isso estudou diversos casos e usou dessas história para criar Eva, uma mulher de quarenta e poucos anos que reexamina sua trajetória em busca de motivos que podem ter transformado o filhos Kevin, num assassino. Tudo isso, caiu como uma luva nas mãos da diretora Lynne Ramsay que o transformou em um filme de mesmo nome.. Cenas como a que Eva (Tilda Swinton) para no meio da rua, diante das britadeiras de uma construção, e fechado os olhos de prazer ao notar que as máquinas encobriam o som do choro incessante de seu bebê, recém-nascido. Deixam clara a também honestidade do filme. Pois essa cena sintetiza a essência dessa mulher.
A escolha certeira dos atores evita que o filme descambe para o dramalhão. Os meninos selecionados para viverem Kevin, me convencem bem, especialmente Ezra Muller (que encarna o Kevin adolescente) compensa os excessos do roteiro adaptado com uma atuação contida, como pede o tom do texto original. John C. Reilly prova ser a escolha perfeita para viver o permissivo pai de Kevin. E Swinton definitivamente merece ganhar muitos prêmios pelo papel. Ela consegue expressar a dificuldade que Eva tem de estabelecer um vínculo com o próprio filho e, ao mesmo tempo, fazer com que não a consideremos um monstro desalmado. Seus esforços são cativantes. Impossível deixar de citar a comunicação com os olhos e olhares, que por vezes dispensam texto.
O roteiro é bom e nos leva a inúmeras reflexões, sobre o que conquistamos e nos tornamos. Pergunto-me se só um conseguia enxergar ao outro, menos quando dizia respeito a eles. Pois há no filme um complexo de Édipo que talvez justifique esse fato, assim como a sociedade, que ainda briga por liberdade sem o mínimo tato em sua administração. A relação dessa mãe com suas culpas é a válvula motivadora dessa história. Falo isso por que se lembramos dos casos reais, teremos ou jovens mortos e/ou presos, mas os pais ficam soltos, tendo de conviver com uma sociedade que os culpa e com suas própria consciências.
O filme é forte, mas muitíssimo bom. Talvez o único problema do filme seja o próprio Kevin. Não pelos atores que como disse, são bons, muito bons. Mas talvez pela falta de ousadia da adaptação, pois há uma subjetividade que provavelmente seja provocativa na literatura, mas que no filme não funciona. No mais, o filme é degustativo, pois ver-se arte e sai-se satisfeito e alterado da sala de cinema.
Corta edita.
Saimos bambos e discutimos sobre o filme e sobre a vida.
Obrigada Bravo! Hihihihi...
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