Era uma sexta feira com horário de
verão. Não sei você, mas eu tenho sérios problemas com ele. A questão é que
após perceber que já eram quase sete horas da noite, isso é, meus planos haviam sido frustrados. De imediato busquei algum espetáculo pelas redondezas e
achei o “Matador” no Parque das Ruínas e assumo nem vi quem estava no elenco,
o nome do Herson Capri tá com moral comigo, pois ao ver que tinha sua direção
não hesitei nem por um minuto.
Chegando ao Parque das Ruínas, um
certo ar de desorganização. É que dois dos seus espaços estavam sendo usados e
a bilheteria deu problema, enfim, e foi ai que fomos ao café do Parque olhar O
visual e aquietar a alma para então conhecer esse matador. Só nos minutos que
antecedem o terceiro sinal tomei conhecimento que se tratava de Daniel Dias conterrâneo
que já pude prestigiar o trabalho como diretor no Porão do Laura Alvin e
Gustavo Falcão que fez também As Mães de Chico. Enfim, tomada pela surpresa
começa o espetáculo e entra na arena, digo em cena, o toureiro El Niño e depois
como não podia deixar de ser, o touro, Matador. No espetáculo também houve alguns contratempos, com luz e som, que se seguiram por todo espetáculo. Mas é preciso admitir, quando acertavam todos juntos... Que show!
O bate bola entre os atores e a
força de cena de Gustavo Falcão e Daniel Dias chamam atenção e prendem o
público ao texto denso e existencialista, do dramaturgo venezuelano Rodolfo
Santana. O texto é inteligente e levanta
muitos questionamentos entre os universos de touros e homens, que podem ser
transpostos para conflitos cotidianos de qualquer relação, isso tudo com boas
doses de humor. Pena eu ter pego uma plateia não tão animada, pois tive de
conter alguns sorrisos, como na cena em que El Niño explanar sobre o defecar,
ou ainda as meias cor de rosa, mas é especialmente nos momentos mais trágicos e
reflexivos que o texto faz rir pela ironia.
E entre homens e touros, ambos
com vidas, histórias, destinos, bagagens e sonhos, as diferenças entre patrão e
empregado, chefe e subalterno, enfim os contrastes de relação se personificam
naquelas figuras, um homem e um animal, um animal e um homem. Como seja, indico
e reafirmo minha alegria em assistir tão despretensiosamente a tal espetáculo –
Matador!
O ESPETÁCULO SEGUE EM CARTAZ NO PARQUE DA RUÍNAS.
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