domingo, 9 de junho de 2013

Faroeste Caboclo, de René Sampaio.


Sabe quando você tem a sinopse perfeita de um roteiro sem igual e só usa um terço do material que lhe foi entregue? Foi com essa sensação que sai do Cine Odeon neste sábado, após assistir ao longa-metragem de René Sampaio, Faroeste Cabloco. O fato é que precisei ouvir a música até o fim, pois ouvi-la de repente me provoca mais que o que foi visto.
Que fique claro; o filme [e bom, autentico, não repete as frases conhecidas por todos que compõem a emblemática música de Renato Russo, e nem precisaria. Tem fotografias lindas, como algumas imagens do sertão, especialmente a do céu visto de dentro de um poço vazio, ou ainda da capital Brasília com  suas cores típicas do cerrado. Os atores são envolventes, além de todos muito bonitos, uma alegria ver em tela tão grande artistas que respeito e admiro. Isis Valverde mais uma vez emociona, ou pelo menos me emociona, mas começo a crer que esse é um dos talentos dela, talvez pela naturalidade, apesar dos estereótipos do filme. O filme, a meu ver, por vezes mergulha nos filmes de faroeste mesmo, com direito aos passos lentos e coreografados.

Existem cenas emblemáticas, que provocam boas lembranças, mas há também algumas que beiram o “bizarro”, como a cena de Jeremias (Felipe Abib) ao descobrir o furto de sua droga. Existem ainda as cenas que quase contrariam a história de João de Santo Cristo, e não haveria nenhum problema nisso, se o filme não fosse vendido como a representação cinematográfica da música. Mas, há uma cena em especial que é original, simples, bela e honesta onde  Maria Lúcia (Isis Valverde) ensina João (Fabrício Bolivieira – que muito me lembra Lazaro Ramos) a dirigir. É uma cena... leve!?! Entende?

A trilha sonora é bem anos 80 e quem já foi a Brasília, certamente identifica algumas coisas, além das paisagens. Uma coisa é certa, sai do cinema com vontade de Brasília, de Plano Piloto e daquele céu, senti saudade do rock, da sinuca, da alegria.  O problema, se existe um, é que ouvi e cantei Faroeste Cabloco por anos demais, decorei cada minuto, palavrinha por palavrinha e criei o meu João e Maria Lúcia, imaginei histórias demais, e talvez seja esse o grande risco de trabalhar a história de algo tão simbólico. De qualquer forma reafirmo-me feliz demais com o cinema brasileiro. Semana que vem tem mais cinema brasileiro. 

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