quarta-feira, 3 de julho de 2013

400 contra 1 - Uma História do Crime Organizado, de Caco Souza.

“Quem falou que a vida é fácil?” Quem? Eu não conheço ninguém para quem ela tenha dado trégua, mas o fato é que junto a todos nós ‘injustiçados’, existem aqueles para quem tudo tende a ser ainda mais difícil. Falo isso não com o objetivo de justificar, mas, apenas de abrir a possibilidade social para o feito. E quando falo isso, ainda nem cheguei ao filme, ainda estou na inspiração para o mesmo; o Comando Vermelho – e a história do crime organizado - Organização Criminal.

Lembro-me de já ter ouvido e mesmo repetido, que se fossemos disciplinados e tão bem planejados como eles, o Brasil já teria mudado, e muito. Falo isso, pois assisti ao filme em momento de manifestações importantes aqui no Rio e Janeiro, e em todo o país. O povo foi às ruas levando suas muitas mensagens em meio às tantas verdades, inúmeros olhares e tanto mais. E o filme nos apresenta aos presos do fundão. Nessa apresentação conhecemos as diferenças entre os presos políticos e os comuns que conviveram juntos. E como isso deve ser forte dentro de celas, com tanta miséria e pesares, alguns pensadores e tantos sobreviventes. E por quem lutamos? Refleti sobre o momento atual, sobre em nome de quem estamos falando, por quem brigamos? E ao sermos presos, em quais celas ficaremos? O que nos protege é o que condenamos? E as tantas direitas e esquerdas, constituídas pelo bicho homem, nós. Enfim..
O fato é que o filme fala da capacidade de organização e liderança de um homem que soube aproveitar as oportunidades e agir com frieza e sagacidade. Mas para isso o longa dirigido por Caco Souza, faz uma confusão na mente de quem o assisti. Ou pelo menos, a mim confundiu e perturbou pela cronologia que vai e vem dificultando o andamento do filme, talvez pela impossibilidade de se estabelecer a mínima intimidade com os personagens, também devido a essa confusão cronológica. Entendo que não deve ter sido fácil falar sobre a história do Comando Vermelho em menos de duas horas e ainda juntar a isso um romance e uma boa pitada de suspense, além de ser essencialmente uma história policial. Assim, 400 contra 1, contrariando minhas expectativas iniciais é um filme que provoca reflexões e inquietudes. E mostra ‘bandido’ fazendo as vezes de Robin Hood, e sempre muito bem amparados por um planejamento estratégico e uma dura realidade. Que volto a dizer, não justifica, mas faz refletir, afinal muito mais nos roubam os engravatados que estão bem longe das celas.

Voltando ao filme. O elenco é muito bom, mas é Daniel Oliveira, que vive o protagonista William da Silva quem mais surpreende. A fotografia de Rodolfo Sánchez é sensacional e nos leva aos anos 70 com facilidade, o que ajuda absolutamente na ambientação e reconhecimento de algum tempo. O som do longa, , também é muito maneiro e cumpre seu papel de compor a cena. Por fim um bom filme, apesar de um tanto confuso, vale assistir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Some:

Corpos Velhos: Para que servem?

Por Roberta Bonfim Tudo que se vive é parte do que somos e do que temos a comunicar, nossos corpos guardam todas as memórias vividas, muit...