“Quem falou que a vida é fácil?”
Quem? Eu não conheço ninguém para quem ela tenha dado trégua, mas o fato é que
junto a todos nós ‘injustiçados’, existem aqueles para quem tudo tende a ser
ainda mais difícil. Falo isso não com o objetivo de justificar, mas, apenas de
abrir a possibilidade social para o feito. E quando falo isso, ainda nem
cheguei ao filme, ainda estou na inspiração para o mesmo; o Comando Vermelho – e
a história do crime organizado - Organização Criminal.
Lembro-me de já ter ouvido e mesmo
repetido, que se fossemos disciplinados e tão bem planejados como eles, o
Brasil já teria mudado, e muito. Falo isso, pois assisti ao filme em momento de
manifestações importantes aqui no Rio e Janeiro, e em todo o país. O povo foi às
ruas levando suas muitas mensagens em meio às tantas verdades, inúmeros olhares
e tanto mais. E o filme nos apresenta aos presos do fundão. Nessa apresentação
conhecemos as diferenças entre os presos políticos e os comuns que conviveram
juntos. E como isso deve ser forte dentro de celas, com tanta miséria e
pesares, alguns pensadores e tantos sobreviventes. E por quem lutamos? Refleti
sobre o momento atual, sobre em nome de quem estamos falando, por quem
brigamos? E ao sermos presos, em quais celas ficaremos? O que nos protege é o
que condenamos? E as tantas direitas e esquerdas, constituídas pelo bicho
homem, nós. Enfim..
O fato é que o filme fala da capacidade
de organização e liderança de um homem que soube aproveitar as oportunidades e
agir com frieza e sagacidade. Mas para isso o longa dirigido por Caco Souza, faz uma confusão na mente de quem o assisti. Ou pelo menos, a mim confundiu e perturbou pela cronologia
que vai e vem dificultando o andamento do filme, talvez pela
impossibilidade de se estabelecer a mínima intimidade com os personagens, também
devido a essa confusão cronológica. Entendo que não deve ter sido fácil falar
sobre a história do Comando Vermelho em menos de duas horas e ainda juntar a
isso um romance e uma boa pitada de suspense, além de ser essencialmente uma
história policial. Assim, 400 contra 1, contrariando minhas expectativas iniciais
é um filme que provoca reflexões e inquietudes. E mostra ‘bandido’ fazendo as
vezes de Robin Hood, e sempre muito bem amparados por um planejamento estratégico
e uma dura realidade. Que volto a dizer, não justifica, mas faz refletir,
afinal muito mais nos roubam os engravatados que estão bem longe das celas.
Voltando ao filme. O elenco é muito bom,
mas é Daniel Oliveira, que vive o protagonista William da Silva quem mais
surpreende. A fotografia de Rodolfo Sánchez é sensacional e nos leva aos anos
70 com facilidade, o que ajuda absolutamente na ambientação e reconhecimento de
algum tempo. O som do longa, , também é muito maneiro e cumpre seu
papel de compor a cena. Por fim um bom filme, apesar de um tanto confuso, vale
assistir.
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