sábado, 9 de agosto de 2014

O Mercado de Notícias, de Jorge Furtado.


“O poema ensina ou delicia.
Ou ambos,
          E este é o que vicia.”
 (Horácio, em “A Arte Poética)

Era sexta feira, o Rio estava frio, nós tínhamos visto ao pôr do sol do Arpoador. Às 22 horas começaria o filme, chegamos na hora exata, compramos a pipoca e entramos, fileira H, cadeiras centrais laranjas (8,9, 10).

Começa a sessão. Nos trailers bons filmes brasileiros, sentimos um orgulho bom ao encontrar referências e já combinávamos a próxima sessão, até que as cortinas se abriram. É isso. Na tela gigante as cortinas abriam para os bastidores da informação, e do próprio exercício ficcional e real de passar a mesma. Responsável pelos longas-metragens; O Homem que Copiava, Meu Tio Matou um Cara e Saneamento Básico, todos criticas ficcionais, além dos docs. curtas Ilha das Flores e Esta Não é a sua Vida, Jorge Furtado retorna a não-ficção fora da TV, com o longa O Mercado de Notícias. E nós esperávamos que o documentário fosse o suprassumo, mas ele mesmo cita a tal da expectativa, em cenas teatrais que mais parecem reais.
O fato é que o filme quase cansa, os depoimentos dos treze jornalista covidados, para comentar as funções do repórter, a relação com as fontes, a partidarização política e a dependência econômica dos meios de comunicação, e claro que também falar sobre as mudanças da era online, não trazem nada de muito estimulante, no entanto, a costura com o espetáculo The Staple of News, de Ben Jonson, o segundo grande dramaturgo  na Inglaterra, o primeiro era William Shakespeare, montado no Theatro São Pedro, de Porto Alegre, deixa as claras a discussão sobre a  imprensa atual, bem como a maestria do diretor. Escrita em 1625 como uma sátira ao crescimento dos negócios jornalísticos e ao capitalismo britânico nascente, a peça apresenta, Pila Jr. um jovem milionário dissipador, que associa-se a uma agência de notícias cujos personagens se chamam Tagarela, Expectativa, Censura, e por aí afora. Tanto Pila Jr. quanto o dono da agência aspiram à mão de Pecunia, uma riquíssima herdeira.
Uma das coisas mais engraçadas, ao meu ver é o quanto os discursos são similares aos estereótipos românticos juvenis, mas de alguma forma também se privam da auto critica. Quem assistir ao doc. verá que há entre eles os mais diversos tipos que invariavelmente em algum lugar trazem discursos semelhantes, talvez, apenas Jânio Freitas, da Folha de São Paulo, ouse tocar em feridas.

Eleito melhor documentário pelo júri oficial e popular do 18º Cine PE, Mercado de Noticias é um bom filme, especialmente aos estudantes de jornalismo e curiosos sobre a comunicação, mas de alguma forma bebendo dos caminhos da tal agencia de noticias. 

O filme tá em cartaz e o site no ar: http://www.omercadodenoticias.com.br/a-peca/

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