Sexta! E eu me possibilito uma
nova experiência na noite carioca, dessa vez o programa foi mais cedo, tanto
que quase chego atrasada, apesar da doce gentileza do motorista do taxi, que
sem querer me deixou na lateral contrária a que eu precisava descer. (RS) É,
fui de taxi. Estava indo assistir a Orquestra Petrobras Sinfônica, no Theatro
Municipal do Rio de Janeiro, achei que merecia. J
Ao chegar, o frio sempre natural no
estômago, antes de começar um espetáculo, esse abraço com o novo e o que ele
irá despertar. Logo na entrada a cordialidade do rapaz que ao receber meu
convite, perguntou-me com um ar de certeza: “-Dois, né?” Ao que eu respondi: Não.
Um. Ele sorriu escondendo certo estranhamento. E eu, sorri pela alegria de ali
estar exatamente como estava. Como não poderia deixar de ser, demorei a
encontrar minha cadeira, mas depois de já sentada graças à disponibilidade de
todos em ajudar, entra a orquestra. Muitas palmas! Pela primeira vez, saio do
meu deslumbramento e percebo a casa cheia. Que lindo!!! Os músicos se
posicionam e eu por qualquer razão especial fico feliz demais com minha
diagonal.
Antes de começar foram feitas as
devidas apresentações e homenagens. A noite era especial, pois se comemorava os
80 anos do regente e diretor artístico Isaac Karabtchevsky, indicado pelo
jornal inglês The Guardian, como um dos ícones vivos do Brasil. Eu, que não
tinha esse conhecimento, ao vê-lo ali tão a vontade no fazer exatamente o que
faz, senti que ele, bem como o som produzido por cada um dos músicos, é como um
doce acalento para alma.Vale lembrar que essa é minha visão de espectadora, ante ao resultado do conjunto.
De onde eu estava não via todos
os músicos e instrumentos, mas os senti tão profundamente que as lágrimas e
risos me foram presentes. Eu que já havia experimentado a emoção ao ouvir
música clássica nunca a tinha assistido de forma tão intensa, nem tão bem
ambientada. Ao som, somavam-se imagens e se eu tivesse o dom da pintura, a
noite de ontem teria inspirado lindos quadros do distorcer e refazer das imagens,
em casamento perfeito com o som e as tantas emoções. Só nas pausas os movimentos.
No mais estávamos todos na mesma atmosfera flutuante assistindo Djanira IV, com
Isaac Karabtchevsky, na regência da Sinfonia Número 2 em Dó Menor – “Ressurreição”,
de Gustav Mahler. E eu entendi mais uma vez que o som, quando bom, é uma forma
de comunicação muito particular, pois comunica diretamente com a alma. No lindo
palco que um dia sonhei dançar, eu agora via vida em som, tantas vidas, com
tantos ritmos, possibilidades e todos eles podem e estão ali, ou não. O fato é que sai com
vontade de mais.
Grata Daniel e Jú.
Agenda Orquestra Petrobrás Sinfônica:
06 de novembro – Ensaio Aberto - Fundição
Progresso
08 de novembro – Portinari V - Theatro
Municipal
30 de novembro – Aliansce XI –
Bangu Shopping
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