quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Tantas histórias em um Brasil


Você já dirigiu pelas estradas do Nordeste? Do sertão do nordeste, já? Então só pela lembrança dessa sensação já vale o filme de um ator e dois diretores, “Viajo por que preciso, volto por que te amo”. Dos diretores, Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, tem como único ator, Irandhir Santos. Mas a fotografia é da talentosa Heloísa Passos, a trilha que casa perfeitamente com a imagem é de Chambaril e o roteiro inteligente foi feito a três mentes, os diretores mais Eduardo Bernardes. A produção ficou por conta de Daniela Capelato. E a sensibilidade, bem, essa fica por nossa conta.

O longa nos apresenta a história de José Renato, geólogo, 35 anos, enviado para realizar uma pesquisa de campo com objetivo de avaliar o possível percurso de um canal que será construído a partir do desvio das águas do único rio caudaloso da região. No decorrer da viagem, damos conta que há algo de comum entre José Renato e os lugares por onde ele passa: o vazio. É nas realidades apresentadas que está a poesia o chamado.
Emocionada com o filme, especialmente com as imagens, resolvi emendar em outro filme, o escolhido “Uma Noite em 67”, documentário dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil que conta mais sobre o dia 21 de outubro de 1967, no Teatro Paramount, no centro de são Paulo, onde aconteceu a final do III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record e sua plateia fervorosa com disposição de aplaudir, mas também muito prontos a vaiar. Por trás disso uma equipe de produção que bem sabia o que estava fazendo. Ali estavam entre os 12 finalistas, Chico Buarque e o MPB 4 vinham com “Roda Viva”; Caetano Veloso, com “Alegria, Alegria”’; Gilberto Gil e os Mutantes, com “Domingo no Parque”; Edu Lobo, com “Ponteio”; Roberto Carlos, com o samba “Maria, Carnaval e Cinzas”; e Sérgio Ricardo, com “Beto Bom de Bola”. A briga tinha tudo para ser boa. E foi. Tanto que entrou para a história. Lembro bem de ter aulas sobre isso na escola e admito, achei que Caetano fosse o grande herói, isso porque foi ali que eclodiu o Tropicalismo e consagrou essa noite.

O documentário mostra resgata imagens históricas e traz depoimentos inéditos dos principais personagens explícitos dessa história, além do jornalista Sérgio Cabral (um dos jurados) e do produtor Solano Ribeiro, que também partilham suas memórias dessa que tornou=se uma noite inesquecível.

Mesmo o primeiro filme sendo dos anos 2000, e o segundo também, mesmo falando de tempos passados, resolvi assistir um do século passado, foi ai que me veio mais uma vez as vistas o longa “Cronicamente Inviável”, dos anos 90, com direção de Sergio Bianchi. E logo de cara um estranhamento, meus olhos acostumaram-se com a imagem limpa dos dias atuais, assim o estranhamento é natural e por mais que tentem me dizer o contrario tenho a sensação de que antes conseguíamos capturar imagens mais reais. Não consigo nos ver com tão boa definição, somos de fato um tanto turvos. E são essas possibilidades e essa hipocrisia que são reveladas no filme.
Deixo os três filmes como boas sugestões e em um dia de gripe, juntos fazem o trabalho ideal. 

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