Era o último final de semana antes do carnaval
e uns amigos me chamaram para um bloco em Paquetá. Eu que não conheço o lugar
gostei da possibilidade de experimentar. Mas quando cheguei a Praça XV e vi
tantas pessoas e tão cheias de uma alegria diferente da minha (nem melhor, nem
pior, apenas diferente). Enquanto ensaiei pegar a fila, me senti entre duas
estações. Era preciso sintonizar, então sai de lá. Segui para o CCBB, onde pude
andar entre salas e todas com muitas informações e possibilidades desse país
chamado Brasil e sua história tão cheia de buracos, arte, verdades, vergonhas e
glórias.
Falo da exposição, “Resistir é Preciso”, apresentada e patrocinada pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e Ministério da Cultura, 'mostra' a trajetória de uma imprensa de resistência que visava conseguir restabelecer o que nunca houve neste país, democracia. A exposição é bonita e logicamente trás à foco a construção política social do Brasil. Com o vermelho predominante, conta a história de pessoas muitas pessoas, onde algumas morreram, outras surtaram, tiveram os exilados, os sobreviventes, os guerreiros utopicos e também os espertos.
Olhando atentamente a exposição percebi que vivi o final dessa história e mesmo sendo muito nova na época, algumas imagens me são ainda vivas e fortes. Vendo a exposição percebi que sou uma filha da ditadura e que isso explica muito mais coisa do que eu posso supor. Mas para, além disso, lembrei-me de mim na escola, cantando Maria Bethania, comprando o partido desses artistas, anti a qualquer coisa, eu adolescente passional nessa outra possibilidade. Outra lembrança que não me saia da mente, são as campanhas em favor do Lula, a crença da mudança absoluta. De alguma forma romanticamente esperávamos a Revolução.
Mas também não consegui deixar de me perguntar sobre ao real motivo do relembrar palpavelmente a ditadura em momentos de manifestação. Seria uma forma de aproximação dessas pessoas dessa realidade? É querendo amedrontar pelos rumos que as coisas podem tomar? É tentando deixar claro que somos todos um? O que se quer dizer? O que ainda precisamos aprender com o passado antes de deixa-lo em seu lugar para então começarmos a desenhar um país diferente, onde as pessoas se olham, onde nutrimos menos medos. Por fim me pergunto se perguntaram esses por quês. E se houve a pergunta; quem à fez. Gostaria de saber.
Mas o que mais me chamou atenção na exposição foram as obras produzidas, alguns quadros dizem tanta dor e outros tanta crença, mas tudo parecia cinza. Anos difíceis! A exposição permanece no CCBB até 28 de abril (quarta a segunda - 9h-21h) onde também é possível visitar a exposição AMOR (Coleção da Maison Européenne de La Photographie – Paris (até 31 de março), ambas com entrada franca..
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