quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Dias de Setembro

Dia chuvoso no Rio é um trânsito só, mas a noite a caminhada é sempre interessante. E assim, caminhando, chegamos ao Solar de Botafogo, para assistir ao queridíssimo Lucas Sancho. Entrar no Solar já é por si só uma delicia, nos levando a perceber e crer, que faz toda a diferença viver os estágios. Depois de bons encontros e reencontros com amigos do meu Ceará, subimos.



O espetáculo vai começar. Mas, e onde sentar? Foi essa a minha primeira indagação. O espaço é pequenino, as cadeiras próximas e senti um medo danado do por vir, mas sentei e escolhi o melhor lugar. A luz geral apaga e aos poucos o ator vai entrando e trazendo nova luz à cena.

Ali, sobre um tapete cheio de papeis, um baú, luminárias, velas e candelabros, ele se posiciona com sua lanterna e garrafa de vinho, baixa o chiado do rádio antigo e assim, se ouve a chuva. Foi lindo!... Principalmente ao ouvir na contra mão, algo parecido com;'não sou obrigado a me acostumar com o silêncio'. Ninguém é. O silencio pode mesmo ser rasgante.

Daí pra frente uma sucessão de reflexões, indagações, emoções. Somos apresentados a Dudu e Henrique, este segundo compartilha conosco sua história de amor e dor, mas também apresenta uma trilha interessante, movimentos provocativos e magnéticos, um jogo com a luz que muito me encantou, além de se propor  lindamente a dialogar com a plateia. Assim, o espetáculo é ainda mais arriscado, pois é o ator comprovando a todo instante que o espetáculo não é feito sozinho. Foi lindo ouvir sobre uma história de amor de 35 anos, foi lindo ver as mais diversas expressões no ator e em todos que o assistiam, lindo perceber as alterações do compasso respiratório. Até que se ouve o silêncio, seguido pelas palmas emocionadas.


O espetáculo finaliza hoje sua temporada, mas deve voltar logo em breve.

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