Dia
chuvoso no Rio é um trânsito só, mas a noite a caminhada é sempre interessante.
E assim, caminhando, chegamos ao Solar de Botafogo, para assistir ao queridíssimo
Lucas Sancho. Entrar no Solar já é por si só uma delicia, nos levando a
perceber e crer, que faz toda a diferença viver os estágios. Depois de bons encontros
e reencontros com amigos do meu Ceará, subimos.
O
espetáculo vai começar. Mas, e onde sentar? Foi essa a minha primeira
indagação. O espaço é pequenino, as cadeiras próximas e senti um medo danado do
por vir, mas sentei e escolhi o melhor lugar. A luz geral apaga e aos poucos o
ator vai entrando e trazendo nova luz à cena.
Ali,
sobre um tapete cheio de papeis, um baú, luminárias, velas e candelabros, ele
se posiciona com sua lanterna e garrafa de vinho, baixa o chiado do rádio
antigo e assim, se ouve a chuva. Foi lindo!... Principalmente ao ouvir na contra
mão, algo parecido com;'não sou obrigado a me acostumar com o silêncio'.
Ninguém é. O silencio pode mesmo ser rasgante.
Daí
pra frente uma sucessão de reflexões, indagações, emoções. Somos apresentados a
Dudu e Henrique, este segundo compartilha conosco sua história de amor e dor,
mas também apresenta uma trilha interessante, movimentos provocativos e magnéticos,
um jogo com a luz que muito me encantou, além de se propor lindamente a dialogar com a plateia. Assim, o
espetáculo é ainda mais arriscado, pois é o ator comprovando a todo instante
que o espetáculo não é feito sozinho. Foi lindo ouvir sobre uma história de
amor de 35 anos, foi lindo ver as mais diversas expressões no ator e em todos
que o assistiam, lindo perceber as alterações do compasso respiratório. Até que
se ouve o silêncio, seguido pelas palmas emocionadas.
O
espetáculo finaliza hoje sua temporada, mas deve voltar logo em breve.
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