sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Jean Genet, Cia Ateliê Voador.

O Teatro Princesa Isabel é uma caixinha de surpresas, especialmente quando a Cia Ateliê Voador, toma a cena, com a terceira peça da Trilogia sobre o Cárcere, desta vez para falar sobre Jean Genet.  Logo na entrada  encontrar o olhar risonho de Duda Woyda  com sua vassoura na mão, depois buscar um bom lugar para sentar, e pronto. Vai começar o espetáculo. Ou começou antes mesmo de entrarmos? O prólogo leva o público a risadas gostosas, levanta a importância do teatro  Princesa Isabel na história da cidade, e do teatro na mesma, apontando a terceira fileira, que outrora, fora reservada para censura.  Daí pra frente um jogo de corpos e imagens, o espetáculo é plástico e absolutamente político.
Com texto e direção de Djalma Thürler, o espetáculo demarca com absoluta expressividade corporal a história  do francês Jean Genet e com isso evoca a diversidade, a liberdade, a força, e um pouco do absurdo.
Assim, entre narrativas processuais e interpretação primorosa  o espetáculo acontece, em meio a inúmeras folhas e repleto de uma intimidade boa de ver e sentir. Já que o espetáculo toca fortemente no cognitivo.  E cenas, como a das Criadas, mexeram especialmente com as minhas memórias emotivas.
Em alguns momentos é preciso respirar fundo para continuar atento ao dito, ao visto, mas talvez principalmente ao sentido. No palco Duda Woyda e Rafael Medrado, trocam falas, roupas, toques, emoções e personagens e tornam-se tantos e tamanhos em suas expressões.
Eu que já havia me encantado com o Salmo 91, apresentado pela mesma companhia, começo a identificar marcas fortes da identidade do grupo, e gosto. Ao final, lá ficam as vassouras, as histórias, as grades antes impostas, já não nos servem.
A companhia veio ao Rio de Janeiro para participar do Festival de Teatro - Cidade do Rio de Janeiro que segue até o dia 3 de novembro com as mostras especiais e segue até primeiro dezembro com as apresentações competitivas. Vale conferir de perto.

Por fim, grata mais uma vez a Cia Ateliê Voador, sempre bom demais assistir espetáculos que provoquem reflexões e alterações.

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