quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Companhia

 Era domingo e lá estava eu em ótimas companhias, no Teatro Sesc Emiliano Queiroz, onde íamos assistir à um espetáculo e fomos surpreendidos pelo musical “Companhia”, apresentado pelo grupo Ás de Teatro. Eu que não conhecia o grupo, de cara achei ótimo.
Logo na fila eu buscava rostos conhecidos, ao tempo que lembrava de quando todos os eram. E confirmando a teoria do teatro cíclico, ali tinha um novo público, talvez sedento de um novo teatro. E um musical naquele espaço, feito por jovens tão dedicados, me encheu de alegria. Movimento, vozes, tons, estilos, tudo tão diferente do que eu entendi como teatro cearense, lembrei de muitas cenas vistas ali, tantos artistas que admiro profundamente...

O fato, é que durante algum tempo eu assisti a vários espetáculos, e alguns não estavam no plano físico. Lembrei também do Rio de Janeiro e seus grandes musicais e alguns atores ali na minha frente não deixavam a desejar em seus potenciais aos das grandes metrópoles. A grande diferença estrutural aos meus olhos, foram as proporções, eu nunca tinha visto um musical em um espaço tão intimista, bem como nunca havia pensado o Teatro Emiliano Queiroz como intimista, mas o texto pede e o teatro se torna uma sala. Só penso que talvez fosse interessante que nós enquanto plateia, já que estamos em um espaço reduzido, também pudéssemos de alguma forma nos sentir nesta sala. Mesmo porque a narrativa trata de um tema comum a quase todos os grupos de amigos em qualquer lugar do mundo. Isso porque a trama gira ao redor de Bobby, suas três namoradas e cinco casais casados que são seus melhores amigos. Eu mesma em algum momento, pensei ser mesmo só uma questão de troca de vogais, tanto que me senti Roberto, sendo eu Roberta. Enfim, curti o exército de um musical em pequeno espaço.
A livre adaptação feita pelo diretor Glauver Sousa, do musical com libreto de George Furth e música e letra de Stephen Sondheim,Company, originalmente intitulado Threes,  apresenta através de uma série de insights, que contam a história de Robert, ou Roberto, onde são apresentadas à plateia situações de companheirismo e amor por parte desses amigos, assim como brigas, inseguranças e frustrações, tudo isso na comemoração de seus 35 anos, onde o personagem reflete sobre o fato de ainda não está casado.
No palco, uma luz que cumpre seu papel, um sofá preto, mobile e oito atores que dão vida aos personagens. Preciso dizer que o ator que faz o Roberto é assustadoramente parecido com o querido diretor de fotografia Felipe Romano. Tecnicamente o espetáculo me surpreende positivamente, saio feliz com o desenvolvimento do espaço do teatro no Ceará, que sempre foi, e é celeiro de bons artistas. No entanto, visceralmente o todo não me chega. A cidade que o autor se refere no texto original é Nova York, mas no espetáculo esse lugar da cidade parece sem solo certo, sem relações afetivas verdadeiras entre esses personagens que falam tanto desta cidade que poderia sim ser qualquer uma, Nova York, São Paulo ou Paris, mas podia também ser Fortaleza, gerando assim maior identificação entre obra e público.
Algumas vozes trago comigo, bem como o desejo de que alguns amigos o assistam e se identifiquem. E que viva o amor junto ou não. O espetáculo continua em cartaz durante os finais de semana do mês de janeiro, no Teatro Emiliano Queiroz, as 20 horas. Vale muito conferir.

P.S. Gostaria de ter recebido a ficha técnica, para saber mais sobre o grupo, o espetáculo e os artistas que o constituem.

2 comentários:

  1. Ola Roberta,

    Tudo bom?
    Muito obrigado pelas palavras. Fico muito feliz que o espetáculo tenha lhe alcançado assim, e fico mais feliz ainda com suas palavras sinceras e gentis.

    Posso lhe enviar a ficha técnica por e-mail, se assim preferir.

    atenciosamente,
    Glauver Souza

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  2. :D Compartilha aqui que já será lindo.
    abraços

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