quinta-feira, 7 de abril de 2011

Humanamente Desumano

Hoje a televisão brasileira transformou mais uma grande tragédia em show, com informações desencontradas, em uma correria desenfreada de conseguir o quase impossível, o furo de reportagem que com o avanço tecnológico e a rapidez da informação tornou-se produto escasso, junto com a qualidade da da mesma. Mas não venho falar sobre a forma de fazer jornalismo que é padrão onde? Háa.. Nos Estados Unidos. Onde acontece o que com freqüência? - Jovens revoltados, inseguros e descrentes cometem chacinas irresponsavelmente.
Mas estamos falando de um jovem de 23 anos, afinal é assim que chamamos comumente as pessoas nessa faixa etária, mas como o objetivo era chocar, esse jovem torna-se “Homem”,para assumir seus atos, que ele não assumiu (pelo menos não aqui nesse plano – vai La que de fato existam outros), fugiu cometendo um dos atos mais corajosos que um homem pode ter. Irônico, quando penso que dizemos francos os suicidas.
Comecei a escrever e pensei em fumar um cigarro, mas fumar aumenta as probabilidades de um câncer, dessa forma, estou eu em um lento suicídio? Talvez...
No entanto, a questão aqui é outra. O fato é que estamos em 2011, 7 de abril, dia do Jornalista e por ironia do destino (que sempre faz questão de pregar umas peças, só pra levantar reflexões e nos sacanear), um jovem de 23 anos, acorda disposto a apertar o gatilho, coloca sua calça e botas pretas, com uma blusa verde, deve ter se olhado no espelho e dito algo para se convencer, fortalecer, justificar. Pois não posso crer que ele tenha ido tão fundo se não fosse motivado por alguma verdade (pra ele).
Nessa hora talvez por ter assistido ao filme As Mães de Chico Xavier e ouvir de Nelson Xavier que interpreta o médium Chico Xavier “Você já a agradeceu? E a mãe em resposta diz: Eu já perdoei do fundo do meu coração, mas agradecer... Não! E ele brandamente responde: Seu filho ia partir de qualquer forma, agradeça por não ter sido nos seus braços, por que você nunca iria se perdoar.” Cito esse texto, pois mesmo chocada, triste e assustada com a “frieza” humana, não consigo deixar de me perguntar como seria se fosse diferente, se temos um prazo de vida estabelecido antes, por que ainda sim culpamos aquele que de alguma forma também deve estar apenas desempenhando seu papel. As vezes me sinto como os anões com sua bebida púrpura (Dia do Curinga), com um desejo tremendo de ser curinga. Mas ser curinga requer atos bravios, para mudar as coisas de lugar. Deve ser difícil não cair nas tentações e na loucura, poucos conseguiram.
Esse jovem sai de casa, onde mora só, já que sua mãe adotiva morreu a pouco tempo, vestido para matar. Logo no caminho ele atirou em dois adolescentes (que também não são crianças), os dolescentes foram socorridas pelo corajoso e jovem bombeiro. O bombeiro teve ter por volta dos seus 23 anos. A mesma idade do assassino. Um preparou-se para matar e o outro para salvar. São profissões distintas, digo profissões, pois quando entrevistado o jovem bombeiro disse ter prestado socorro a vitimas por ser bombeiro. E então, me pergunto: Não deveria ser por ser humano? Salvar, ajudar acolher, proteger, não é heroísmo coisa alguma, é humanidade, é o mínimo. E sabe o que é mais triste? É que são preciso grandes tragédias pra nos fazer parar um bucadinho , para assistir de camarote a nossa evolução devastadora.
Esse jovem que já atirou no caminho, chega a escola e entrando pela porta da frente conversa com uma professora, alega que está indo apresentar uma palestra, do qual essa professora da escola não está informada. Em universidade calo a boca, mas na escola os professores não se comunicarem é um pouco demais. Mas eis o ensino brasileiro, que vem melhorando, mas ainda falta é muito, inclusive para evitar da origem tragédias como essa. Mas por fim, duas coisas me intrigam: Ou ele era absolutamente sangue frio, ou a professora absolutamente desatenta as reações do rapaz. Só pra lembrar ele havia acabado de atirar em dois adolescentes, a dois quarteirões da escola.
Depois de se despedir da professora, entrou na primeira sala de aula e apertou o gatilho com velocidade e técnica de quem sabe o que está fazendo. Ninguém nunca observou que esse menino treinava tiros? Recarregando a arma várias vezes ele entrou em outras salas repetindo o ato de atirar, especialmente no tórax e na cabeça.
Quando o policial exercendo o seu trabalho entrou na escola e impediu que o assassino continuasse atirando contra a perna do assassino. Mas antes que qualquer coisa acontecesse, ele tira sua vida com um tiro na cabeça.
Daí eu volto para espiritualidade apenas perguntar como? Qual será o objetivo final? Foram mortas 12 seres humanos e outros estão feridos, mas certamente estão todos feridos na alma, se o objetivo desse jovem era fazer com que todos sentissem medo, raiva e impotência, ele conseguiu. Se seu objetivo assim como em outros casos trágicos, ele queria ser visto, ele também conseguiu. Se nós enquanto sociedade e mais enquanto humanos não repensarmos nossos atos, essa matéria assim como tantas outras tão chocantes quanto, vão invadir os jornais e as nossas vidas.
Outra coisa que não me sai da cabeça é o número de meninas mortas, foram dez garotas assassinadas e um garoto.
Onde estamos nós? O que motivou-o? Ou o que tirou sua motivação? Por que tanta gente? Por que decretar o fim a si aos demais? Por que aquelas crianças? Que era esse rapaz? Quem eram essas crianças? E quem serão? E quanto a nós todos? Quais serão os dias e as formas? Prefiro não pensar sobre isso, apenas aceito e tento me acostumar as vezes consigo, as vezes finjo.

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