No domingo cheguei ao Centro Cultural Dragão do Mar e vi de longe dois teatros cheios, tomada por uma forte emoção aproximei-me para comentar com amigos que também estavam tentando assistir ao espetáculo. Quando terminei meu desabafo feliz, um deles perguntou: - “Você assistiu ao “Jornal Hoje” de sábado?” Eu não havia assistido, estava ocupada demais sendo feliz.
Eles então falaram por auto sobre uma matéria “especial” sobre o Teatro no Nordeste, quando citaram o tema abri um sorrisão e disse: - “Que maravilha!” Mas daí eles sorriram sem graça e continuaram narrando a matéria. Uma mascara triste deve ter se formado em meu rosto. Uma tristeza multiplicada por três, já que sou Cearense, atriz e jornalista.
Cheguei em casa ainda anestesiada pelo espetáculo “Rebú” (Há pots sobre o espetáculo. E prometo que vou fazer utilização de links), resolvi então protelar para ver tais cenas. Ontem, no entanto,logo que acordei fui assistir e senti uma tristeza… E mais, uma vergonha enorme.
Que fique claro, eu não tenho nada contra os humoristas, eles são engraçados e eu adoro rir. Admiro-os enquanto guerreiros, a grande maioria tem por trás da graça e festa histórias de batalha. Preciso admirar a produção que sabe “jogar” com a mídia e com os empresários, atraem publico e conquistaram junto com Fortaleza o titulo: “Capital do Humor”.
Deveria me orgulhar, mas era preciso que fossemos a capital do bom humor leve. Como bem disse Chico Anísio, quando perguntado sobre o que o cearense tinha para ser tão engraçado. “Falta! Falta água!” Faltam muitas outras coisas, mas uma delas nem de longe é teatro de qualidade.
Fortaleza tem se desenvolvido lindamente nas artes cênicas, temos aqui grandes artistas, profissionais absolutamente capacitados e nada disso é dito em um especial sobre o Teatro no Nordeste? Temos Ricardo Guilherme e seu teatro radical e nada foi dito sobre ele. São filhos nossos, Emiliano Queiroz, Gero Camilo, Georgina Castro, Lucas Sancho. Temos Carri Costa e suas comédias. Temos teatro de rua, interativo, expressionista, são tantas as pesquisas e nada foi dito. E prometo que eu nem diria nada se falassem de ambas em paralelo, mesmo acreditando que teatro e humor não são nem de longe a mesma coisa. Mas ainda sim me calaria, por ter consciência da importância deste humor para o turismo. O que não entendo é a centralização, a imposiçãoda informação.
O Jornal Hoje me decepcionou, por falta de pesquisa. A impressão que tive foi de uma equipe preguiçosa. Nem digo nada no que diz respeito à Bahia e Sergipe, vemos ali grupos teatrais falando sobre o teatro na região. Orgulhando-se de fazer teatro, televisão sem precisar sair do seu estado. Mas quando chega no Ceará (Fortaleza), nada de teatro. E mais uma vez ficamos conhecidos pelo Brasil, já que a responsabilidade pela falta é maior, como a capital onde o teatro é uma grande piada.
O que mais me preocupa é crer que possivelmente tal matéria foi gravada por equipe local, o que preferi não ter certeza para não ficar ainda mais decepcionada.
Sabe o que é mais chocante e que de alguma forma me alegra é lembrar, os teatros lotados no domingo e perceber que o teatro cearense é tão mais forte, que mesmo sem a massificação da mídia, ou pior, sendo por ela ignorada, consegue atrair seu publico fiel (qualitativo sem deixar de ser quantitativo) É ouvir e ver de grupos de fora que cada vez mais procuram Fortaleza para demonstrar seus trabalhos, a ansiedade em se apresentar para uma platéia tão honesta. É ouvir sobre pesquisas e intercâmbios feitas por grupos de teatro de Fortaleza. É recordar dos teatros lotados, em espetáculos como: “Uma Flor de Dama”, “Encantrago”, “Devir” e “Abajú Lilás” e… e… e….
Como atriz me encho de orgulho, como jornalista me pergunto muitas coisas sobre a profissão que deveria ter como papel informar. E se percebo falhas tão enormes em assuntos tão fáceis de pesquisar, o que devo pensar sobre as demais informações?
Finalizo esse texto dizendo que enviei um e-mail para produção do Jornal Hoje, expondo minha insatisfação.
P.S. Grupos como Bagaceira, Teatro Máquina, Expressões Humanas, e tantos outros estão mostrando seus trabalhos com muita dignidade e profissionalismo pelo Brasil.
Ano passado Expressões Humanas estava no Palco Giratório e neste ano estamos sendo representado pela Cia Dita com o espetáculo Devir.
os números são bem absurdos pois se de 4200 atores apenas 100 são humoristas como pode ser o humor esse o carro chefe do teatro cearense ? e quanto aos outros 4100 ? fariam o que de suas
ResponderExcluirprofissões ? ostracismo ? enfim mais uma vez a imprensa condensa as informações e as molda de acordo com desejos particulares, e a grande massa a aceita inerte!
Nossa!!! Nem me lembre que me causa um mal estar horrível e uma tristeza profunda.
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