segunda-feira, 18 de abril de 2011

Rebú

Chegar ao Centro Cultural Dragão do Mar e de longe ver os dois teatro ali localizados, com filas enormes é uma enorme emoção. E foi isso que pude sentir ontem, quando o teatro Dragão do Mar, apresentava o espetáculo “Paixão de Cristo” e no Sesc Senac Iracema, era o grupo Independente (RJ) que fazia as honras, com casa cheia pelo segundo dia consecutivo do espetáculo “Rebú”, antes havia apresentado “Carchorro”.
O grupo que começou sua trajetória com a esquete Cachorro em 2006. Veio a Fortaleza pelo Festival Palco Giratório do Sesc, apresentando o agora espetáculo "Cachorro" e "Rebú", ambas com fortes traços de Rodriguianos.
Entrei para assistir “Rebú” e de cara uma emoção que vem se repedindo nos espetáculos do Palco Giratório; teatro lotado. O cenário me remeteu a outro ambiente, com uma segunda caixa cênica, luzes de foco. E inicia-se o espetáculo, A silhueta de uma mulher seguida por sua sobra encheram-me os olhos, fui enfeitiçada pela cena, pelo texto, pela história. De repente estávamos no século XIX. De imediato quis saber mais sobre as pessoas indicadas e entre exageros, tensões, dramas, sorrisos, tragédias, disputas, seguem os conflitos familiares.
Dois senhores sentados atrás de mim, teimaram em fazer muitos comentários sobre o espetáculo (durante o espetáculo) e um deles, foi: -“Texto muito bom! Muito bom. De quem é?” E o outro com tom de quem sabe respondeu: -“É de Nelson Rodrigues!” Eu na hora lembrei, do comentário de Vinícius Arneiro (Diretor): “Nelson foi a estrutura inicial, o veículo para uma inspiração livre”.
A dramaturgia é de Giovanni Ramalho Bilac, ou Jô Bilac, um dos jovens reconhecidos como um novo talento. O que começou há seis anos, quando assistiu "Mulher sem Pecado", de Nelson Rodrigues, pois ali percebeu que seria dramaturgo. Com "Savana Glacial" e "Rebú" recebeu indicações ao prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e ao Prêmio Shell. Além de reforçar as intenções do grupo. E por falar no grupo, os atores dão um show de interpretação com partituras muito bem indicadas, ritmo e até a força do tango; por vezes vi uma tourada, nessa trágica relação familiar que de tamanha, em cena e formas, torna-se cômica.
Eu que vinha assistindo a espetáculos mais modernos, mesmo os gregos buscando a contemporaneidade, pude desfrutar em “Rebú” a sensação do passado, não que a peça seja ultrapassada, ao contrário é atemporal, em texto e forma. Os personagens Matias (Paulo Verlings) e Bianca (Júlia Marini) são recém-casados e moram numa casa isolada em meio a um descampado. O jovem casal prepara-se para receber Vladine (Carolina Pismel), irmã “adoentada” de Matias, que traz consigo, seu bem mais precioso: Natanael, uma espécie de filho (um Bode (Diego Becker)). A exigida cautela com a saúde da hóspede e a presença do seu acompanhante fazem com que Bianca, aos poucos, desenvolva uma raiva tamanha a ambos, capaz de levar o embate às últimas consequências.
O espetáculo acaba e o grupo é ovacionado, os atores respiram fundo e certamente se emocionam pela certeza do trabalho bem feito. Agradecimentos emocionados e o convite ao debate. Optei por não ficar,fomos debater entre amigos e depois de muito conversarmos, chegamos a conclusão da qualidade do espetáculo e especialmente de que a atriz Carolina Pismel, seria certamente ágüem que Nelson Rodrigues seria muito feliz ao trabalhar.
O Palco Giratório segue sua programação.
- Os senhores que ficaram fazendo comentários foram absolutamente desagradáveis, do inicio ao fim.

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