segunda-feira, 25 de abril de 2011

Cafundó

Passei várias vezes os olhos por esse filme, mas por algum motivo, sempre optava por outro e mesmo agora que assisti, penso que não fazia sentido algum. O filme é muitíssimo bom, em minha opinião, um dos melhores sobre o tema do sincretismo, onde os negros não estão coitados e nem malandros.

É a estréia do já conhecido Paulo Betti como diretor, o ator que protagonizou filmes de teor histórico como “Mauá”, inicia sua carreira na direção cinematográfica com o drama histórico “Cafundó”. O longa que trás Lázaro Ramos (Madame Satã), Leona Cavalli (Amarelo Manga) e Leandro Firmino da Hora (Cidade de Deus) nos papeis centrais, e atores como Luiz Melo, como o Padre e Flavio Bouraqui como Exu, engrandecem ainda mais a cena.

O longa que busca contar a história de vida do líder religioso João de Camargo (Lázaro Ramos), personagem que na virada do século XIX, atraiu centenas de fieis a uma igrejinha em Sorocaba, no interior de São Paulo, buscando milagres, foi exibido em diversos festivais: o filme foi premiado em Gramado em 2005 (ganhando nas categorias de melhor ator, fotografia e direção de arte), e no Paratycine (melhor filme e direção de fotografia), entre outros.

João de Camargo, tropeiro, ex-escravo deslumbrado com o mundo em transformação, louco de vontade de viver nele, era o fim da escravidão e tudo continuava tão igual, o coronel ainda podia mandá-los ir para guerra. A intensidade das mudanças o leva ao fundo do poço e derrotado, ele se abandona nos braços da inspiração, alucina-se, ilumina-se, é capaz de ver Deus! Uma visão em que se mistura a magia de suas raízes negras com a glória da civilização judaico-cristã. Sua missão: ajudar o próximo.

E ao se crê capaz de curar, acaba curando. O triunfo da loucura da fé! Sua morte, nos anos 40, transforma-o numa das lendas que formaram a alma brasileira e, até hoje, nas lojas de produtos religiosos, encontramos sua imagem: “O Preto Velho”, João de Camargo.

No entanto, o filme busca focar no plano pessoal desse homem que se permitiu muitas transformações, de ex-escravo à líder religioso. Suas pregações e crenças são o sincretismo ainda tão presente em nós brasileiros.

Eis a força da mistura perfeita entre todos.

Super indico!

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