domingo, 10 de julho de 2011

Da PaIxÃo SoBrE bOrBoLeTaS–uMa HiStÓrIa DeScOnStRuÍdA

Sábado à noite em um processo de despedida. A pedida? Ir ao teatro, me deixar encantar por Caio Fernando Abreu, Murillo Ramos, André... É o espetáculo: Da paixão sobre borboletas - Uma história desconstruída.
Chegar a Aldeia (sede do grupo Expressões Humanas), sinto uma alegria tremenda e um orgulho bom, de ver grupos e artistas cearenses conquistando seus espaços. As 19:20h/min começa. Atravessamos a cortina preta ouvindo uma bela música, que não consigo lembrar, por ter ainda na lembrança a expressão do personagem, a fita de bloqueio, cones, fitas e... Borboletas.
Sem mocinhos nem bandidos, a trama é reflexiva em seu centro, pois é da memória, da saudade e dos devaneios que o julgamento é feito e a culpa compartilhada. Se por um lado temos um casal de rapazes vivendo suas emoções intensamente em anos de turbulência, por outro temos o narrador que apresenta a história e a avalia, buscando talvez o aval do receptor E, consegue.
A mim tocou mais uma vez, me fazendo enxergar borboletas por todo lugar. Causou-me outras tantas reflexões, que se somadas a toda aquela completude... Nem sei! O que sei, é que quase acreditei que também me saiam borboletas da cabeça. E não podia ser diferente, quem ler Caio Fernando Abreu (habito que adquiri graças a Silvero Pereira, João Paulo Pinho, Murillo Ramos e Magno Carvalho – sempre grata a todos), começa a perceber o dom que ele tem de nos falar baixinho, ao pé do ouvido, nos levando a sentir identificação com suas dores e amores, como se fossem nossas.
O espetáculo é resultado de uma pesquisa iniciada em 2005, pelo ator e diretor, Murillo Ramos. Hoje mais maturado, emociona e nos leva a reflexões humanas necessárias e tantas vezes evitadas. A naturalidade do ator em cena é algo que me chama muita atenção, principalmente ao narrar e “viver” histórias tão fortes.
Se entrarmos em um asilo hoje, ainda sairemos chocados e mexidos, imaginemos nos anos 70. Imaginemos toda dor e alegria de ter borboletas saindo de seus cabelos, borboletas filhas da mente, liberdade reprimida transformada, em... Loucura? Liberdade plena? Pisco! Colocando a vírgula em meus pensamentos e lembrando o olhar e o movimento do narrador ao dizer: “O tempo não para!”
Da Paixão Sobre Borboletas está em cartaz na Aldeia nos fins de semana de julho. Um experimento que deve ser vivido por todos, pois ao estar percebe que o espaço cênico é humildemente dividido com todos e assim o teatro se assume como um encontro entre pessoas; humanos.
Em tempos de homofobia e heterofobia, Caio, Murillo, André, o protagonista e o narrador nos explica, e sente sentires e sentir vai muito além de rótulos, afinal, a vida não é azul.
Serviço: Da Paixão Sobre Borboletas – Uma história Desconstruída
Local: Aledeia - RUA BARÃO DE ARATANHA 605,PRÓXIMO DA AV.DOMINGOS OLÍMPIO.
Hora: 19h
Valor: R$10 (inteira) R$5 (meia)

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