Ontem recebi a visita de um amigo muito querido, conversamos, sorrimos nos atualizamos de nossas vidas, para minimizar caminhos, discutimos sobre vida e comentamos sobre aquelas pessoas que seremos e queremos ter aos nossos lados bem mais na frente. Com o passar do tempo, minimizamos nossa euforia pelo encontro, e veio a sugestão: - Que tal um filme?
Optamos dentre muitos, pelo nacional “Chega de Saudade”, talvez pelo apelo do título, talvez por ser nacional, ou por que foi o que pensamos ser o mais próximo de um musical. E melhor opção não podia ter sido feita naquele momento, o filme de Laís Bodansky é o que posso chamar de filme delicia, onde é possível sentir tantas e tão contrarias emoções.
Chega de Saudade é o retrato de uma noite em um salão em São Paulo, mas a mim poderia ser em qualquer lugar. Lembrei-me absolutamente de minha avó (Fernanda Severiano Bonfim), ela sempre gostou muito de um baile e dançava lindamente, nunca competiu, mas tinha seus pares fieis e na falta deles, não hesitava em abrir a carteira e jogar charme. O importante era dançar e se divertir, as amigas iam junto e cada uma ao seu estilo e ritmo fazia de suas noites de festa, noites mais felizes. Eu por minha vez comecei a sonhar de olhos abertos sem esforço algum, pelos olhos da personagem de Maria Flor. Só por isso o filme já me teria valido muito a pena, mas o que pra mim estaria bom, pra ele certamente seria muito pouco.
O longa tem um roteiro... Como posso dizer? Maravilhoso! O elenco é um festival de grandes talentos o que faz com que o ator Paulinho Vilhena pareça destoar. Stepan Nercessian e Cassia Kiss são maravilhas a parte. E entre tantos olhares, pés, pernas, sentimentos e histórias, a bandinha de baile, que tem no vocal feminino Elza Soares, interpreta grandes clássicos dançantes da cultura popular, que narram as histórias de todos e de cada um do baile; a viúva, o viúvo, a “figurinha carimbada”, o conquistador, a sonhadora, o amante, a amante e a esposa e o marido.
Há cuidado e atenção na estrutura dessas muitas histórias, mas não se esperava nada diferente de Laís Bodansky que se lançou com o longa “Bicho de Sete Cabeças”. Ambos filmes de roteiro espetacular. Enfim, “Chega de Saudade” é um filme brasileiro capaz de prestar uma bela homenagem à nossa cultura, sem apelar para nossas mazelas, mas também sem fugir delas. E tudo isso embrulhado em uma deliciosa embalagem. E eu e meu amigo não estávamos de todo errados, de alguma forma o filme é um grande musical.
Ao fim uma certeza boa, de que amar não tem idade e ter medo também não.
Ficha Tecnica:
direção: Laís Bodanzky
roteiro: Luiz Bolognesi
produção: Caio Gullane e Fabiano Gullane
música: BiD
fotografia: Walter Carvalho
direção de arte: Marcos Pedroso
figurino:
edição: Paulo Sacramento
Elenco:
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