Ouvi outro dia que não lembro quando, de alguém que não lembro quem, que o genial no cinema é fazer um filme de ficção que pareça documental e um documental que pareça ficção. É isso! Genial então o filme Domesticas, de Fernando Meirelles e Nando Olival.
O primeiro longa-metragem da O2, que já seguia a tempos como produtora de curtas, foi inscrito a oito mãos por Cecília Homem de Mello, Renata Mello e pelos próprios diretores.E mostra o universo urbano que eles indicam como paulistano, mas que a meu ver é geral no Brasil, por meio do prisma da empregada domestica. E por essa honestidade ele encanta. Quando entrelaça várias situações e personas, e assim, dramas, comédias, romances, humilhações, esperas e tanto mais se mistura deixando talvez exposta a vida privada.
No longa somos apresentados à; Cida, Roxane, Quitéria, Raimunda e Créo, as “cabeças de chave” de cada situação mostrada no filme. Cida (Renata Mello) não se conforma com a apatia do marido. Roxane (Graziella Moretto) luta diariamente para se tornar modelo e atriz. Quitéria (Olívia Araújo) é tão esforçada quanto atrapalhada e não consegue se manter em nenhum emprego. Raimunda (Cláudia Missura) ainda sonha com um príncipe encantado e Créo (Lena Roque) procura a filha desaparecida. Em meio a vassouras e aspiradores de pó, cada uma destas domésticas vive suas paixões, seus sonhos, seus dramas e também seus momentos absolutamente cômicos.
Para além das meninas, (como comecei a chamá-las ao comentar sobre o filme),outros personagens se destacam, todos da classe baixa. “Domesticas jamais dá voz as classes altas. Outros personagens se agregam à trama. Todos da classe baixa. Doméstica jamais dá voz às classes altas, estes são apenas citados pelas verdadeiras protagonistas da história: as domésticas do Brasil.
Assisti o filme em meio a um insônia de sábado para domingo e afirmo que ele é muito bom por ter me feito esquecer até disso. O que ri com Quitéria e Raimunda foi algo impagável.