segunda-feira, 28 de novembro de 2011

DOMÉSTICAS

 

Ouvi outro dia que não lembro quando, de alguém que não lembro quem, que o genial no cinema é fazer um filme de ficção que pareça documental e um documental que pareça ficção. É isso! Genial então o filme Domesticas, de Fernando Meirelles e Nando Olival.

O primeiro longa-metragem da O2, que já seguia a tempos como produtora de curtas, foi inscrito a oito mãos por Cecília Homem de Mello, Renata Mello e pelos próprios diretores.E mostra o universo urbano que eles indicam como paulistano, mas que a meu ver é geral no Brasil, por meio do prisma da empregada domestica. E por essa honestidade ele encanta. Quando entrelaça várias situações e personas, e assim, dramas, comédias, romances, humilhações, esperas e tanto mais se mistura deixando talvez exposta a vida privada.

No longa somos apresentados à; Cida, Roxane, Quitéria, Raimunda e Créo, as “cabeças de chave” de cada situação mostrada no filme. Cida (Renata Mello) não se conforma com a apatia do marido. Roxane (Graziella Moretto) luta diariamente para se tornar modelo e atriz. Quitéria (Olívia Araújo) é tão esforçada quanto atrapalhada e não consegue se manter em nenhum emprego. Raimunda (Cláudia Missura) ainda sonha com um príncipe encantado e Créo (Lena Roque) procura a filha desaparecida. Em meio a vassouras e aspiradores de pó, cada uma destas domésticas vive suas paixões, seus sonhos, seus dramas e também seus momentos absolutamente cômicos.

Para além das meninas, (como comecei a chamá-las ao comentar sobre o filme),outros personagens se destacam, todos da classe baixa. “Domesticas jamais dá voz as classes altas. Outros personagens se agregam à trama. Todos da classe baixa. Doméstica jamais dá voz às classes altas, estes são apenas citados pelas verdadeiras protagonistas da história: as domésticas do Brasil.

Assisti o filme em meio a um insônia de sábado para domingo e afirmo que ele é muito bom por ter me feito esquecer até disso. O que ri com Quitéria e Raimunda foi algo impagável.

O Palhaço...

Nem sei direito como começar a escrever... Nem tão pouco que caminho seguir no decorrer do texto, pois há muito para falar sobre enquadramentos, planos de detalhe, a maquiagem discreta, com a expressão perfeita. E o roteiro? E a força de dois tão maravilhosos atores em cena? E tem a direção de Selton Mello e tem o próprio Selton que foi minha primeira paixão quando fazia Tropicaliente. (Hihihihi) Deixo tudo isso claro, para o caso do texto ficar bagunçado.

Quando ouvi falar do filme, já quis ver, mas tudo foi ficando bem enrolado, até que finalmente consegui e chorei. E não foi feito gente, por que gente chora normal, eu chorava desesperadamente. Chorava por lembrar dos circos de cidadezinha que tive a honra de assistir e visitar, por que lembrei da infância, senti cheiros que nem acreditava ainda guardar na memória. Ai ! E por que vi o palhaço, o ser que sempre me assustou por sua bipolaridade. Como podia aquela pessoa ser tão triste e nos fazer rir tanto? Chorei por que vi atores maturos, atuando linda e simplesmente. Não haviam grandes efeitos, nem grandes nada. Tudo quase pequeno de tão grande.

O que vem se tornado uma característica de Selton Mello, que a cada nova produção se mostra mais apaixonado pelo cinema e em O Palhaço, talvez, ele tente demonstrar um pouco de onde vem também toda essa paixão. Do circo, do oral, do pulsante, poético, do de verdade.

Em tempos de “Amanhecer” (Saga Crepúsculo); Avatar e X-men, assistir O Palhaço é um balsamo, um recanto de encontro com a alma. E aquele palhaço de alguma forma nos parece todos nós, esmagados por uma tristeza de não sermos o que sabemos.

É no picadeiro que a alegria se revela e sua tristeza ajuda na graça de nos fazer sorrir. São histórias das cidadezinhas, com seus prefeitos, pessoas e histórias. De alguma forma somos apresentados a todos da trupe e compartilhamos de suas relações. Puro Sangue (Paulo José) e Pangaré (Selton Mello) são pai e filho e são uma dupla e amam o mesmo oficio e é a descoberta desse amor que os separa e une.

O Palhaço então trata um pouco da tristeza dolorida de ter que deixar uma vida para trás e ir em direção a uma nova. Como se lembrasse que, se tudo está ruim, é por que ainda não terminou e lá no final tudo vai dar certo. O sorriso de criança, a mesma que espiava por baixo das arquibancadas, pode até se esvair ao perceber que o mundo fora do picadeiro não é tão alegre, nem seus problemas podem se resolver como um passe de mágica, mas, ainda assim, tudo é carregado ao final feliz por essa esperança que é real aos que vivem da arte.

E é essa magia da arte que faz com que Paulo José, mesmo doente há vários anos, saia dessa realidade frágil e viva esse personagem profundo e sensível, que serve de âncora para o filho ao mesmo tempo em que parece se esconder em um canto de trás das cortinas do picadeiro antes de entrar, como se demonstrasse o quanto talvez seja mesmo difícil encontrar graça onde você é o responsável pelos risos.

A piadas contadas dignamente por Zé bonitinho despertam o riso de Beijamin e servem de catarse para o personagem “se redescobrir”. A trilha sonora é algo delicioso. As imagens, planos, tonalidades.O ventilador, a certidão, a ingenuidade e o amor.

Todas essas nuances sobram para o Selton Mello diretor, que não perde nenhum desses olhares, gestos e emoções, tudo está estampado em seu filme. É definitivamente um filme vivo, de emoções e desafios fortes e fundamentais. Uma das grandes relembranças que vivi. Sou grata ao terminar.

E penso que todo mundo, por qualquer razão, ou mesmo sem ela merece assistir O Palhaço.

Não Se Preocupe. Nada Vai Dar Certo

 

Quando vi o cartaz no Odeon e li o titulo ri horrores. Ao saber que a direção foi de Hugo Carvana, então, a curiosidade se acendeu de vez. Quem assistiu; Vai Trabalhar, Vagabundo e Bar Esperança (também dirigiu Se Segura,Malandro, mas à esse não assisti (ainda)), sabe bem sobre o que falo. Era ali na minha frente a certeza de boas risadas e algumas reflexões um tanto fortes.

O filme começa, me apresentando de cara os dois personagens chave dessa história; O Pai (Tarcisio Meira),ator que teve todas as chances ao estrelato, mas optou pela vida mais cigana, apresentando-se em todos os lugares, sem fincar raízes. O filho (Gregório Duvivier), ator que assim como pai seguiu pela vida , mas sem ter muita certeza se havia ou não optado por ela.. Junto com essa “opção” vem todos os tipos de picaretagem.

É por fim, uma coletânea de roubadas promovidas por um velho ator pilantra e seu filho, certamente menos pilantra. O filme começa no meu Ceará, com lindas imagens da costa brasileira, e em uma espetacular elipse, desembarca no Rio de Janeiro.

Não fosse por umas duas ou três falhas na edição e um punhado de piadas ruins, seria até um filme simpático; pois o caminho do roteiro é bom, e seguiria sem dificuldades a trajetória de Carvara na direção.

No filme o diretor interpreta um ator aposentado, impotente e desbocado; recolhido ao Retiro dos Artistas e acompanhado de uma bela mulata.

E de repente a palavra que mais se ouve é cagada e o que deveria ser engraçado, perde a graça e acaba a farsa. A questão é a meu ver o "homem de mil disfarces" idealizado pelo diretor,não foi nem de longe alcançado pelo eterno galã Tarcísio Meira, que em cenas como a do jantar em que finge ser um escocês não convence nem a... A ninguém! Gregório por sua vez, parece esconder toda sua força para comédia. Mas a junção de tudo, nos trás um filme de domingo com chuva e alguma preguiça, talvez.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Feliz Vida aos Que Fazem e Sentem Música

Hoje é o dia do Músico e eu como boa cantora de banheiro preciso dizer a todos que trabalham com música que eu os admiro e respeito. E esse sentir não é gratuito, ao contrário é de pleno agradecimento, pois música é oração.

Aos que me conhecem, bem o quão desligada sou e por conta disso tive de desistir do sucesso. - Como posso desejar algo que não sei oferecer? - Aceitei assim minha duradoura carreira de cantora de banheiro e deixo crescer minha admiração aos que fazem muito bem a união entre todos os tons, sons, acordes,pestanas, batida, batuque, balanço, choro, sopros... E tudo é tanto...

Vez ou outra me pego imaginando o que pensa e organifica um músico quando ver, ouve e sente sua música sendo aceita. Quando ela se torna parte da vida e da história de alguém. Remete a cheiros, dias e momentos, trás de volta emoções, sensações e pessoas. Acorda as feras e as põe para dormir. Com se sente esse ser, humano, quando percebe que tantas pessoas compartilham do seu sentir? Verdades compartilhadas? Verdades forjadas? Emoções poéticas não reais? Talvez! A questão é que; ao fazer música alcança-se um outro plano de intimidade do “Deus”! (Uso as aspas para que fique claro que não estou defendendo nenhum Deus que cada um tenha o seu.O fundamental é que não deixemos de crer que existe algo para além de nós e que é preciso respeito com esse e os iguais).

Pode ser de todo jeito, pode até ser de silêncio, poucas vezes quebrados, é o som da natureza, do ar, da chuva a inundar. Para ser músico é preciso ter vivido tantas vezes quanto o som, para entendê-lo, ouvir para além dos acordes perfeitos. Ouvir com o corpo todo, e tudo mais que se possa ter.

Cantando mandamos a tristeza ir embora. Sempre que sinto a peteca caindo, canto como passarinho, tomo até mais banhos ao dia, só para poder cantar. Gritar um pouco e desafinar, errar a letra, o tom, sorrir com isso e esquecer o estado de tensão. É possível depois de cantar, abrir um sorriso, respirar fundo e seguir.

Eu gosto muito de; “Deixa eu descobrir se é cedo ou tarde...Espera eu considerar...” Canto ela todos os dias, nem sei ela toda, nem tão pouco quando ela se tornou presente na minha vida. Mas é tão boa, serve como mantra. Existem tantas outras, cada um tem as suas.

Aos meu 28 anos um amigo muito querido sabendo que eu gostava muito de musicas e conhecendo grande parte das que marcaram minha vida, me presenteou (assim como a todos) com um CD com as 28 músicas da minha vida. Resolvi ouvir esse cd outro dia (ainda lembro a ordem). Entre 28 músicas uma foi feita pra mim de verdade e só agora percebi que eu já realizei meu sonho de ser musa inspiradora e não só uma vez . Inspirado em mim não saiu nenhum grande personagem teatral, nem um livro, quadro,fotos, e sei lá mais o que, mas de mim saiu música. E também por esse dom de extrair sonoridade das pessoas eu os admiro.

Era pra ser uma mensagem de dia do músico, mas o dia acaba e eu não termino. Para evitar a fadiga,finalizo dizendo que a música ao meu ver a arte mais completa e pura.

Parabéns aos que falam essa língua universal.

domingo, 13 de novembro de 2011

Aplausos–Fragmentos Azedos Sobre a Língua

Vamos falar de vestir camisa, de amizade de força, vida e coragem. Falaremos também sobre arte (na sua mais linda significação), sobre teatro, sobre um ator. Mais que isso, falar de humanidade. Mas também deixo dito que falaremos também sobre uma atriz, um sapato e muitos clicks. Falemos sobre Fragmentos Azedos Sobre a Língua, espetáculo baseado em dois contos de ninguém menos que Caio Fernando Abreu.

A primeira vez que ouvi falar sobre esse espetáculo foi pela boca do ator, que logo de pronto contou-me o processo para esse nascimento. Não estou usando a palavra errada, o que vi hoje foi um parto, um grito de muitas e tantas emoções. Emoção de amor, de ator, de diretor, produtor, emoção de ser e fazer a diferença. Emoção de gratidão, simplicidade e humildade.

Falo de forma pessoal, por que não há como não ser.

Samuel de Assis é para mim Chamuska, meu visinho de cima, uma nova descoberta, um ser vida, vivo, compassadamente intenso. Um cara de olhar perdido e sentimentos internos. É possível ver que ele reage. Ver-se em seus olhos algumas erupções, que devem dizer algo, mas eu ainda não sei ler, e provavelmente nunca venha a saber. Nem queira. Gosto desse não saber. Mas amei ver o ator desnudo e o quão inteiro pode ser o homem. Emocionei e admirei-me. Mesmo pensando em outras tantas coisas, ele na me deixava sair daquele campo, estávamos todos nele. A troca acontecia. Na platéia muitos amigos,rostos conhecidos e outros que eu nunca vi e talvez nunca mais veja, mas ali, todos compartilhamos de um momento impar, abençoado por todos os santos.

Consegui ver todo ritual, sem com que ele o houve de fato, havia entrega, crença no que faz, certeza do que se é. O ator esta ali o tempo todo e se empresta a uma militante política intelectual que, por conta de tantas ideologias desperdiçadas e lutas em vão contra o sistema, percebe-se tão esgotada emocionalmente dentro do seu casamento que já não consegue transmitir ao corpo físico as sensações de prazer sexual que o espírito ainda consegue vislumbrar, baseado em “Os Sobreviventes”, mas também vi o cotidiano de um homem atormentado pelas lembranças de Ana, sua ex, que o deixou no apartamento onde moravam, cercado de recordações e rodeado de garrafas de vodka e maços de cigarro, num caminho auto-destrutivo do qual não consegue se distanciar, baseado em “Sem Ana Blues”, ver-se Samuel de Assis honesto com seu publico, a vontade como em casa e sentindo absolutamente.

O espetáculo tem na direção Bruno Marcos e Márcio Vito. Se é a proposta ou não, tão pouco sei, a questão é que o sensorial contribui. O suor do personagem que é também o nosso suor, uma iluminação que dá penumbra para a platéia, até pela aproximação entre ator e publico. De repente a respiração também é guiada, pela sintonia perfeita entre os três, sobre todos. Palmas, aplausos, sorrisos, lágrimas, boas, as melhores energias e...

Me entra porta adentro Luana Piovani e em um abraço se encontram, Mais energias e inicia um novo espetáculo. Um espetáculo de leitura, de surpresa e por também ser Caio F. de histórias fortes e por ser Luana P. bem interpretada.

Ao fim mais palmas, mais emoção e abrem-se os festejos, o coquetel segue bem e todos falam sobre o espetáculo com emoção, cada um com a sua. Vôo perdido, ruas que se fecham para mais uma mudança. Tudo vale a pena depois de tanta emoção sentida!

Parabéns equipe!

Não é possível passar sem deixar os créditos merecidos de Felipe Vasconcellos, por sua encantadora exposição. Soma-se ainda um vídeo bem legal.

Vale super a pena conferir!

Serviço:

FRAGMENTOS AZEDOS SOBRE A LÍNGUA

Onde? Teatro Maria Clara Machado (planetário da gávea)

Quando? sábados e domingos de 12/11 a 18/12

Hora? Sáb 21hs domingos 20hs

lotação 100 llugares

classificação 16 anos

Quanto? R$ 20,00 (inteira) R$ 10,00 (meia)

sábado, 12 de novembro de 2011

Luana Piovanni Abre temporada de Fragmentos Azedos Sobre a Lingua.

Dia 12 de Novembro Reestréia Fragmentos Azedos Sobre a Língua, uma homenagem a Caio Fernando Abreu.

O ator Samuel de Assis homenageia Caio F. Abreu. A idéia é se inebriar e se contagiar pela força do autor, para isso uma exposição de Felipe Vasconcellos, a reestréia de Fragmentos Azedos Sobre a Língua, onde o ator mostra ao publico duas pessoas, um homem e uma mulher, ambos atormentados diante do fim de uma relação amorosa e da consequente solidão inevitável. Detalhes complexos que determinam o sucesso ou o fracasso das relações. E para fechar com chave de ouro haverá ao fim de cada apresentação uma leitura cênica realizada por alguns admiradores de Caio F. Abreu, tais como; Luana Piovann (estréia)i, Edu O, Angela Vieira, Max Fercondini, Fabíula Nascimento, Priscilla Marinho, dentre outros.

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Fragmentos Azedos Sobre a Língua, é baseado em dois contos de Caio F. Abreu "Sem Ana, Blues" acompanhamos o cotidiano de um homem atormentado pelas lembranças de Ana, sua ex, que o deixou no apartamento onde moravam, cercado de recordações e rodeado de garrafas de vodka e maços de cigarro, num caminho auto-destrutivo do qual não consegue se distanciar. E "Os Sobreviventes" que fala sobre às palavras de uma militante política intelectual que, por conta de tantas ideologias desperdiçadas e lutas em vão contra o sistema, percebe-se tão esgotada emocionalmente dentro do seu casamento que já não consegue transmitir ao corpo físico as sensações de prazer sexual que o espírito ainda consegue vislumbrar.

O espetáculo que tem na direção de Bruno Marcos e Márcio Vito, fala sobre situações comuns a todos nós. Cheio de rompantes de raiva e filosofias indecifráveis sobre as relações amorosas e as consequências sempre desastrosas que surgiam dessa situação.

Esses fragmentos são pedaços de mim q estou a distribuir em jorros para todo aquele que se permitir fazer essa troca comigo. È uma declaração de amor para todos aqueles que me ajudaram sempre. Espero que todos se entreguem.” Samuel de Assis

Presenças garantidas para estréia: Max Fercondini, Marcos Breda, Luiz Arthur Nunes, Cris Viana, etc.

O Ator

O ator Samuel de Assis pôde ser visto recentemente na minissérie "Na forma da Lei", interpretando o jornalista investigativo Ademir Rodrigues. Mas também já pode ser visto em Chico Xavier, 5X Favela, Força Tarefa, Os Sertões de José Celso Martinez.

 

Serviço:

FRAGMENTOS AZEDOS SOBRE A LÍNGUA

Onde? Teatro Maria Clara Machado (planetário da gávea)

Quando? sábados e domingos de 12/11 a 18/12

Hora? Sáb 21hs domingos 20hs

lotação 100 llugares

classificação 16 anos

Quanto? R$ 20,00 (inteira) R$ 10,00 (meia)

domingo, 6 de novembro de 2011

Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro

 

Quinta feira 4;30 h da tarde, me vejo indo ao cinema, assistir a competição internacional de curtas, uma das mostras do Festival Internacional de Curtas Metragem. Diferente do Festival do Rio de longas, a sala estava vazia e eu fiquei bem triste. O evento  de graça. Tudo bem, o horário dificulta. Pensando nisso fiquei pra sessão da noite.

Dentre todos os filmes do dia apenas três ainda caminham por entre minha memória, são eles; O Céu no andar e baixo, Praça Walt Disney e se não me falhe a memória Setor 8. Esse último que foi na realidade o primeiro do dia tem vez de documentário e mostra uma realidade muito deferente e ao mesmo tempo tão similar a nossa. São pessoas querendo sobreviver. São pessoas vivendo essa mistura distorcida de tecnologia e pobreza.

Do internacional lembro-me também, muito vagamente de um curta que falava sobre o aborto, de tão silencioso e tenso ao falar sobre o tema, causou-me sono e desconcentração. No mais vi um cinema talvez diferente do comum, longo, mesmo quando curto. Não sei a certo.

De noite o publico no Odeon foi um pouco maior que o da tarde na Caixa Cultural, mas nada que chamasse atenção extrema. E só não digo sorte de quem ficou em casa, por que é importante que se veja de tudo, para poder dar o mérito a quem o merece. Todos! É preciso muita coragem pra ir até a frente defender uma idéia em tão pouco tempo.

Mas preciso admitir que, não fiquei muito feliz com o que vi, foi uma surpresinha de Festival, elas sempre existem, em todos. Mas foram filmes que deram espaço para indagações. Curtas como; Queda e Corpo Presente só despertaram em mim frustração, pelas cenas que poderiam ter se formatado e não aconteceram.

Dessa noite o destaque maior foi do ganhador do festival; Praça Wald Disney e a animação que peca pela verborragia, O Céu no Andar de Baixo. Ao final um debate morno que eu não quis ficar.

Na sexta teimei, eu sabia que mais teria para ser visto, mesmo por que foi a estréia do curta protagonizado pela talentosa amiga Ana Georgina Castro. Desde a entrada um clima diferente, alguns amigos na fila para assistir Georgina. Formou-se ali um belo encontro cearense.

Dos filmes da sexta, destaque para Lavagem, da Paraíba, direção de Shiko Shiko; Memórias Externas de uma Mulher Serrilhada, São Paulo,direção Eduardo Kishimoto e Assunto de Família, com direção de Caru Alves de Souza.

Lavagem por ser honesto, simples e enorme. Falta algo para justificar as cenas do prazer na lama. Seria referencia a Adão e Eva? Memórias Externas de uma Mulher Serrilhada, para além de ter a amiga como protagonista, faz uso de mídias diversas, de baixa resolução, para fazer uma critica a banalização e exposição da vida moderna. Destaque para cena final em que a atriz e o diretor se confiam absolutamente e realizam algo que só posso chamar de arrepiante. Histórias de família retratam a hipocrisia e o receio em assumir seus desejos, a catarse que volta ao mesmo eixo central, sem eixo.

Ao final um debate mais quente que o da noite anterior, onde se levantou o tema do machismo e da exposição do corpo feminino. E uma francesa, entendeu melhor um filme nacional que muitos de nós.

É preciso falar sobre a falha no som em todos os filmes, mas isso não é responsabilidade dos convidados, mas sim da produção do evento que precisaria dispor de melhor equipamento de áudio.

No mais o Festival foi bom, desempenhando seu papel de apresentar novos trabalhos, novas idéias e experimentos, novas pessoas, fazendo assim a união do cinema nacional que felizmente vem caminhando em desenvolvimento.

Viva o cinema!

Roberta Bonfim

O Segredo das Mulheres Inteligentes?

Quando me deparei com esse titulo, em uma capa cor de rosa (cor que desde que cheguei ao Rio, venho descobrindo e aceitando), não resisti em ler sua sinopse. Pois não sei você, mas eu super queria um mega segredo, assim como as comunidades “gringas”. Sei lá, segredo Alfa, para mulheres alfas. Ou algo do tipo.

Enquanto eu lia a sinopse que dizia: “Se você é como a maioria das mulheres, deve viver criticando seu corpo, seu cabelo, sua pele...” De repente pensei ter ouvido isso, olhei pros lados desconfiada, e voltei a ler, mais uma vez a voz reapareceu dizendo: “Para ajudá-la a acabar de vez com esse problema ...” E eu que gosto muito de problemas resolvidos, pus o livro na cestinha e segui para o caixa. Prejuízo da entrada na lojinha: R$ 43,00. Resultado: cabelo limpo, alguns sorrisos, bons exercícios e lógico algumas gramas a mais,(cai na tentação do sonho de valsa).

Quando cheguei em casa, lavei os cabelos, abri o chocolate e comecei a ler “O Segredo das Mulheres Inteligentes”. Logo de primeira bem gostei, o livro trás exercícios legais e bem mais difíceis do que supus ao ler a proposta. Perguntas como: Qual seu filme preferido? Quem é seu melhor amigo? O que mais gosta em você? Podem ser muito complexas, quando você resolve pensar um pouquinho antes de responder. Como indicar apenas um? Como focar tanto? Para alguns pode ser tarefa fácil. Não pra mim! Existem muitos por quês entre o ser e o dizer, para chegar ao sentir que...

Chega, chega... Sem explicações confusas...

Bem depois dos exercícios me diverti e me irritei com o processo de alguém em se aceitar.Mas foi bom por eu saber que o caminho certo pra ela pode não ser o meu caminho. E com isso não quero dizer que estar certo ou não, em detrimento do outro, apenas não precisam ser os mesmo. Nem poderiam, já que cada um traz sua bagagem, suas migalhas e histórias. A felicidade pra um pode ser a tristeza do outro. Nada é regra! E é a necessidade de massificar um processo, que me irrita nos livros de auto-ajuda. Mas devo dizer uma coisa, um de vez em quando até que faz bem. Serve como organizador de prioridades. Lembro que quando mais nova eu chamava de exame de consciência.

Bom isso de examiná-la, vez por outra, é bem bom.

 

Roberta Bonfim

Celebrando Festivais Teatrais

Por Roberta Bonfim Querido Festival de Teatro de Fortaleza conheci tantas maravilhas ao viver-te. Lembro que foi em uma de suas edições que...