domingo, 13 de novembro de 2011

Aplausos–Fragmentos Azedos Sobre a Língua

Vamos falar de vestir camisa, de amizade de força, vida e coragem. Falaremos também sobre arte (na sua mais linda significação), sobre teatro, sobre um ator. Mais que isso, falar de humanidade. Mas também deixo dito que falaremos também sobre uma atriz, um sapato e muitos clicks. Falemos sobre Fragmentos Azedos Sobre a Língua, espetáculo baseado em dois contos de ninguém menos que Caio Fernando Abreu.

A primeira vez que ouvi falar sobre esse espetáculo foi pela boca do ator, que logo de pronto contou-me o processo para esse nascimento. Não estou usando a palavra errada, o que vi hoje foi um parto, um grito de muitas e tantas emoções. Emoção de amor, de ator, de diretor, produtor, emoção de ser e fazer a diferença. Emoção de gratidão, simplicidade e humildade.

Falo de forma pessoal, por que não há como não ser.

Samuel de Assis é para mim Chamuska, meu visinho de cima, uma nova descoberta, um ser vida, vivo, compassadamente intenso. Um cara de olhar perdido e sentimentos internos. É possível ver que ele reage. Ver-se em seus olhos algumas erupções, que devem dizer algo, mas eu ainda não sei ler, e provavelmente nunca venha a saber. Nem queira. Gosto desse não saber. Mas amei ver o ator desnudo e o quão inteiro pode ser o homem. Emocionei e admirei-me. Mesmo pensando em outras tantas coisas, ele na me deixava sair daquele campo, estávamos todos nele. A troca acontecia. Na platéia muitos amigos,rostos conhecidos e outros que eu nunca vi e talvez nunca mais veja, mas ali, todos compartilhamos de um momento impar, abençoado por todos os santos.

Consegui ver todo ritual, sem com que ele o houve de fato, havia entrega, crença no que faz, certeza do que se é. O ator esta ali o tempo todo e se empresta a uma militante política intelectual que, por conta de tantas ideologias desperdiçadas e lutas em vão contra o sistema, percebe-se tão esgotada emocionalmente dentro do seu casamento que já não consegue transmitir ao corpo físico as sensações de prazer sexual que o espírito ainda consegue vislumbrar, baseado em “Os Sobreviventes”, mas também vi o cotidiano de um homem atormentado pelas lembranças de Ana, sua ex, que o deixou no apartamento onde moravam, cercado de recordações e rodeado de garrafas de vodka e maços de cigarro, num caminho auto-destrutivo do qual não consegue se distanciar, baseado em “Sem Ana Blues”, ver-se Samuel de Assis honesto com seu publico, a vontade como em casa e sentindo absolutamente.

O espetáculo tem na direção Bruno Marcos e Márcio Vito. Se é a proposta ou não, tão pouco sei, a questão é que o sensorial contribui. O suor do personagem que é também o nosso suor, uma iluminação que dá penumbra para a platéia, até pela aproximação entre ator e publico. De repente a respiração também é guiada, pela sintonia perfeita entre os três, sobre todos. Palmas, aplausos, sorrisos, lágrimas, boas, as melhores energias e...

Me entra porta adentro Luana Piovani e em um abraço se encontram, Mais energias e inicia um novo espetáculo. Um espetáculo de leitura, de surpresa e por também ser Caio F. de histórias fortes e por ser Luana P. bem interpretada.

Ao fim mais palmas, mais emoção e abrem-se os festejos, o coquetel segue bem e todos falam sobre o espetáculo com emoção, cada um com a sua. Vôo perdido, ruas que se fecham para mais uma mudança. Tudo vale a pena depois de tanta emoção sentida!

Parabéns equipe!

Não é possível passar sem deixar os créditos merecidos de Felipe Vasconcellos, por sua encantadora exposição. Soma-se ainda um vídeo bem legal.

Vale super a pena conferir!

Serviço:

FRAGMENTOS AZEDOS SOBRE A LÍNGUA

Onde? Teatro Maria Clara Machado (planetário da gávea)

Quando? sábados e domingos de 12/11 a 18/12

Hora? Sáb 21hs domingos 20hs

lotação 100 llugares

classificação 16 anos

Quanto? R$ 20,00 (inteira) R$ 10,00 (meia)

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