Um filme que
trás como titulo; "A culpa é do Fidel!", é de cara um filme que
atrai, mas é preciso admitir que Julie Gavras, foi absolutamente sensível na
direção desse filme, que é também uma poesia e um ensinamento. O titulo
atraente, apenas desvia o olhar da verdadeira essência do longa-metragem francês,
que trata na realidade das delicadas e fundamentais relações familiares, assim
como sobre o autoconhecimento e o crescimento resultante.
Anna
(Nina Kervel-Bey), logo nos é apresentada como a bonequinha de louça, a
princesa que ela tanto ama ouvir histórias. Anna e seu irmão François (Benjamin
Feuillet), vivem na Paris dos anos 70, em uma enorme casa com seus pais
Fernando (Stefano Accorsi) e Marie (Julie Depardieu) e a babá, uma exilada
cubana. Com a chegada de Marga (Mar Sodupe), tudo muda na vida dessa família.
Como pano de fundo, figuram Franco, De Gaulle e Salvador Allende. Em meio a
tudo isso, Anna vai percebendo que há uma cisão clara entre o que seus pais
pensam e o que seus avós e sua babá - seus verdadeiros provedores de afeto e
carinho - acreditam. É exatamente através do questionamento de Anna que se percebe
as alterações, que vão desde cenários, cores, tons. Há uma divisão como arena,
entre o azul da escola de freiras e dos
tons da casa da avó, em oposição ao vermelho que permeia o novo cenário dessa família.
O novo cenário da vida de Anna que percebe que seus pais são amigos dos Los
barbudos, seres vermelhos e com barba. Que Fidel Castro além de estar deixando
todos loucos, quase causou uma guerra nuclear e está transformando seus pais em
comunistas. Anna logo conclui que, "a culpa é do Fidel". Ela
"aprende" também que os comunistas são estudantes, trabalhadores,
pessoas comuns, cuja maioria é pobre. E que querem tudo. É o gracioso François que
indaga sobre isso, ao lembrar que Papai Noel é Vermelho e usa barba.
“A Culpa é do
Fidel!” é sobre essa garotinha, que vendo toda sua realidade modificada, tenta
entender os fatores dessa alteração. Nina Kervel-Bey segura com maestria cada
cena, muito melhor que gente grande. Essa garotinha ensina sobre atuação em um
filme que fala sobre base, verdade e escolhas que vão da politica, perpassando
pela religião e sobre o social, levantando temas como o aborto e o comunismo. É
certamente um filme para se assistir com carinho e atenção.
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