quinta-feira, 26 de abril de 2012

A Culpa é do Fidel!


Um filme que trás como titulo; "A culpa é do Fidel!", é de cara um filme que atrai, mas é preciso admitir que Julie Gavras, foi absolutamente sensível na direção desse filme, que é também uma poesia e um ensinamento. O titulo atraente, apenas desvia o olhar da verdadeira essência do longa-metragem francês, que trata na realidade das delicadas e fundamentais relações familiares, assim como sobre o autoconhecimento e o crescimento resultante.

                Anna (Nina Kervel-Bey), logo nos é apresentada como a bonequinha de louça, a princesa que ela tanto ama ouvir histórias. Anna e seu irmão François (Benjamin Feuillet), vivem na Paris dos anos 70, em uma enorme casa com seus pais Fernando (Stefano Accorsi) e Marie (Julie Depardieu) e a babá, uma exilada cubana. Com a chegada de Marga (Mar Sodupe), tudo muda na vida dessa família. Como pano de fundo, figuram Franco, De Gaulle e Salvador Allende. Em meio a tudo isso, Anna vai percebendo que há uma cisão clara entre o que seus pais pensam e o que seus avós e sua babá - seus verdadeiros provedores de afeto e carinho - acreditam. É exatamente através do questionamento de Anna que se percebe as alterações, que vão desde cenários, cores, tons. Há uma divisão como arena, entre o  azul da escola de freiras e dos tons da casa da avó, em oposição ao vermelho que permeia o novo cenário dessa família. O novo cenário da vida de Anna que percebe que seus pais são amigos dos Los barbudos, seres vermelhos e com barba. Que Fidel Castro além de estar deixando todos loucos, quase causou uma guerra nuclear e está transformando seus pais em comunistas. Anna logo conclui que, "a culpa é do Fidel". Ela "aprende" também que os comunistas são estudantes, trabalhadores, pessoas comuns, cuja maioria é pobre. E que querem tudo. É o gracioso François que indaga sobre isso, ao lembrar que Papai Noel é Vermelho e usa barba.
“A Culpa é do Fidel!” é sobre essa garotinha, que vendo toda sua realidade modificada, tenta entender os fatores dessa alteração. Nina Kervel-Bey segura com maestria cada cena, muito melhor que gente grande. Essa garotinha ensina sobre atuação em um filme que fala sobre base, verdade e escolhas que vão da politica, perpassando pela religião e sobre o social, levantando temas como o aborto e o comunismo. É certamente um filme para se assistir com carinho e atenção. 

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