Não sou conhecedora das técnicas
e teorias musicais, até me interesso, mas por hora o que sei é ouvir. Ouvir
palavras, ações e sons, ouvir ouvindo, sentindo, vivendo internamente cada nota
que desconheço o nome, cada acorde perfeito ou não. A questão é que sinto nos
poros os sons que me alcançam a alma. E devo admitir; sou sempre muito agraciada
com música, as feitas que eu queria ter feito, as que foram feitas pra mim, as
que eu gostaria que tivessem sido. Algumas que só precisei ouvir uma vez para
aprendê-las de cor, as que não me saem da cabeça e as que esquentam o coração.
Hoje (na realidade ontem, mas
como ainda não dormi, fiquemos com o hoje) fui especialmente presenteada e me
senti fortalecida. Não posso não ser absolutamente pessoal, se tudo que vou
falar foi sentido intimamente. Acordei e me enganei fingindo que dormia por
mais trinta minutos. Terríveis trinta minutos, onde consegui lembrar cada
coisa, escolhas, pesos e medidas, pecados (os meus), os medos, as tantas
dúvidas e verdades. O fato é que quando realmente me levantei eu já estava
cansada, exausta. E o dia seguia nesse cansaço, até que em algum momento do dia
sou presenteada com um CD virtual (Muito grata! De verdade. Mas do outro modo
se tornaria talvez, inesquecível).
Comei a ouvir o som e, pronto;
parei. Parei para ouvir a música, não cabia fazer outra coisa se não fechar os
olhos e ouvir, me pus em postura dos admiradores de Mozart, talvez. O fato é
que ouvi e comecei a sentir uma alegria que me tomava no colo em afago macio. Não
se encaixa em nenhum rotulo, rasga-os em prosa e poesia musicada. Lembrou-me
Dr. Raiz, um dos melhores sons que já ouvi. Ouvi e senti, várias vezes,
consegui até identificar histórias, no som da banda Pirigulino Babilake. Daí outro
amigo chegou com um som sensacional, regional (nordestino), e de repente estava
eu batendo chinelo no chão e rodopiando pela sala, sentindo meu corpo todo mais
feliz.
Mas foi ao chegar ao Lapa Café quarenta minutos antes de começar o show de Diego Moraes foi ideal, para ir me anbientando e apenas ouvi-lo.. O
local é interessante com uma boa disposição entre palco e mesas e foi ali na
frete de uma cortina enorme e geladeiras antigas acompanhado por uma banda,
banda. Uma banda do todo que se faz na harmonia com as tantas possibilidades
vocais de Diego Moraes. Eu certamente já o tinha visto cantar em casa. Mas ele
ali enorme e solto naquele palco, ele que tem tantas expressões quanto, tons, e
que encanta. Por que canta e canta inteiro, entregue, exposto em suas lindas
brincadeiras de menino. O fato é que Diego emociona e quando junto com Caio
Prado e Daniel Chaudon, é de tirar o folego e desejar “uma foto” do momento.
Bem, agora vou dormir com uma
leveza de criança ninada e encantada pela música, pelos sons.
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