Logo que ouvi
falar sobre o filme, a curiosidade me tomou de súbito. No elenco principal, o
brilhante Paulo José, Debora Falabella, Rodrigo Santoro e Cauã Reymond, além de
Anita Caprioli. Com um elenco como esse, há também a certeza de um bom filme. E
“Meu País”, de André Bistum, definitivamente é um filme bom, que trata de
humanidade, aprendizado e respeito.
O
filme começa com Armando, interpretado dignamente por Paulo José, chamando por
Tiago, ao tempo que conversa com o cachorro e tenta deixar mensagem. Daí corta
para uma festa e de lá, para Itália, onde somos apresentados a Tiago (Cauã
Reymond) e Marcos (Rodrigo Santoro). Até
ai nenhum relação entre os três personagens, que são na realidade pai e filhos.
Com a morte de Armando, Marcos volta ao Brasil e trás consigo a namorada (filha
de seu chefe), para o enterro do pai de quem havia se afastado já há algum
tempo. É do encontro entre esses irmãos que se amam, mas que parecem completos
desconhecidos, somados a descoberta da existência de um irmã, Manuela, vivida
impecavelmente por Debora Falabella.
Manuela
tem 24 anos, mas idade mental de uma criança. É em sua pureza e ingenuidade que
se percebe todas as parcelas de amor que afloram no decorrer do longa, que
mostra toda a transformação de padrões e relações de uma família. Mas talvez
seja Marcos quem viva a mais profunda metamorfose e esse é um dos pontos mais
altos do filme, pois essa transformação não é brusca, ao contrário é
organificada, quase psicológica, mas com ação. É a mutação nos padrões de cada
um dos personagens, repletos de humanidade que encanta, por ser dramático e
singelo.
A
narrativa é segura e tem um ritmo bom de seguir, o roteiro é algo que dá
vontade de ler e a direção é auspiciosa, a questão é que o conjunto da obra nos
deixa em estado de curiosidade, que segue por todo filme dentro desse âmbito de
relações, onde se começa a ver e perceber o outro e é a partir desse outro que
se estabelecem as muitas transformações.
“Meu
País”, ao contrário do que imaginei ao ver o título, não fala sobre questões
politico-sociais, mas sobre nosso País familiar, os laços mais fortes e despretensiosos.
Vale muito conferir.
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