Por Roberta
Bonfim
Chego ao
teatro e de cara fico feliz, um bom publico chega comigo, e alegria de ator é
teatro cheio. Já dentro do teatro, na poltrona B15, sento-me e espero começar,
ao longe se ouve a oração final e aquele grito bom: -“Merda!”. Com luzes acesas
garotos entram no palco e se movimentam, fazem sons, talvez um samba e
conversam algo que não consigo escutar. Eles se conectam e me remetem a um
clube, sei lá, um local onde amigos se encontram. Nesse momento a plateia ainda
aquietava os ânimos, entram então, duas atrizes, ficam em sete no total e então
as luzes da plateia apagam-se e começa a leitura da rubrica e os personagens
começam a ganhar forma, saindo do banco de reserva e entrando no jogo, até que
trocam os jogadores e assim segue o espetáculo que narra à história de Zumira e
de tantos mais.
A peça se
costura como esquetes e todos os atores interpretam todos os personagens e nada
se perde. As rubricas (algumas) continuam sendo lidas o que poetiza as cenas,
que por vezes parecem conectadas a um realismo fantástico. O figurino colorido de Cyntia Carla, quebra o teor trágico do texto. É preciso deixar
claro que o texto trata de inveja, traição, morte, desamor. Temas sérios e
muito fortes, abordados com maestria pelo jovem diretor Diego de Leon, que
optou por estar como ator, sem deixar de ser diretor, dessa forma quando por
ventura o ritmo do espetáculo não segue o esperado, ele intervém, recomeça, faz
de novo. O único problema disso é que ficamos com menos a criticar, já que as
possíveis falhas cênicas são ressaltadas e corrigidas, ali, em cena.
A musicalidade
do espetáculo faz toda diferença e emociona em alguns momentos. Parabenizo a
todos, em especial o ator goiano André Rodrigues que por vezes parecia sofrer
mutações físicas em cena. Penso que o grande diferencial do espetáculo, é que ele é
despretensioso. Não posso deixar de dividir meu orgulho ao ver Tati Ramos tão
matura em cena, assim como todo elenco, mas é a cena de Xiquito Maciel que faz
rasgar a alma.
O espetáculo “A Falecida” foi à primeira
Tragédia Carioca de Nelson Rodrigues e esses brasilienses conseguiram ser-se
cariocas, vascaínos, fluminense, humanos. Outro ponto que precisa ser
ressaltado, é que após apresentação o grupo se propôs a um debate, que creio
ser enriquecedor. Parabéns mais uma vez, e grata. É sempre muito bom assistir
coisas boas!
Ficha Técnica:
Direção de
Diego de Leon
Elenco – André
Rodrigues, Diego de Leon, João Campos, Lisa Duprat, Mateus Ferrari, Tati Ramos
e Xiquito Maciel.
Preparação de
elenco e produção: Luana Proença.
Boa narrativa da peça de um texto de Nelson Rodrigues. Valeu!
ResponderExcluir:)!
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