sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A Falecida de Brasília



Por Roberta Bonfim
Chego ao teatro e de cara fico feliz, um bom publico chega comigo, e alegria de ator é teatro cheio. Já dentro do teatro, na poltrona B15, sento-me e espero começar, ao longe se ouve a oração final e aquele grito bom: -“Merda!”. Com luzes acesas garotos entram no palco e se movimentam, fazem sons, talvez um samba e conversam algo que não consigo escutar. Eles se conectam e me remetem a um clube, sei lá, um local onde amigos se encontram. Nesse momento a plateia ainda aquietava os ânimos, entram então, duas atrizes, ficam em sete no total e então as luzes da plateia apagam-se e começa a leitura da rubrica e os personagens começam a ganhar forma, saindo do banco de reserva e entrando no jogo, até que trocam os jogadores e assim segue o espetáculo que narra à história de Zumira e de tantos mais.


A peça se costura como esquetes e todos os atores interpretam todos os personagens e nada se perde. As rubricas (algumas) continuam sendo lidas o que poetiza as cenas, que por vezes parecem conectadas a um realismo fantástico. O figurino colorido de Cyntia Carla, quebra o teor trágico do texto. É preciso deixar claro que o texto trata de inveja, traição, morte, desamor. Temas sérios e muito fortes, abordados com maestria pelo jovem diretor Diego de Leon, que optou por estar como ator, sem deixar de ser diretor, dessa forma quando por ventura o ritmo do espetáculo não segue o esperado, ele intervém, recomeça, faz de novo. O único problema disso é que ficamos com menos a criticar, já que as possíveis falhas cênicas são ressaltadas e corrigidas, ali, em cena.
A musicalidade do espetáculo faz toda diferença e emociona em alguns momentos. Parabenizo a todos, em especial o ator goiano André Rodrigues que por vezes parecia sofrer mutações físicas em cena. Penso que o grande diferencial do espetáculo, é que ele é despretensioso. Não posso deixar de dividir meu orgulho ao ver Tati Ramos tão matura em cena, assim como todo elenco, mas é a cena de Xiquito Maciel que faz rasgar a alma.
 O espetáculo “A Falecida” foi à primeira Tragédia Carioca de Nelson Rodrigues e esses brasilienses conseguiram ser-se cariocas, vascaínos, fluminense, humanos. Outro ponto que precisa ser ressaltado, é que após apresentação o grupo se propôs a um debate, que creio ser enriquecedor. Parabéns mais uma vez, e grata. É sempre muito bom assistir coisas boas!
Ficha Técnica:
Direção de Diego de Leon
Elenco – André Rodrigues, Diego de Leon, João Campos, Lisa Duprat, Mateus Ferrari, Tati Ramos e Xiquito Maciel.
Preparação de elenco e produção: Luana Proença.

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