Por Roberta Bonfim
Era sábado e já tínhamos assistido
uma seção do Festival, mas não havia como não assistir “O Som ao Redor”, de
Kleber Mendonça Filho, que já havia despertado minha atenção com seu curta “Recife
Frio”. Já posicionada para assistir o filme, vejo a sala cheia e senti algo
muito bom e sorri na certeza de que as coisas estão mudando e que de fato,
estamos todos nos misturando. O diretor sobe ao palco com sua equipe, apresenta
o filme e seus atores, o sotaque é outro. E que delicia de sotaque.
Começa o filme e ele segue por
duas horas e dez minutos que eu, assim como eu uma boa parte da plateia só
percebeu depois de uma breve olhadela no relógio. Pois o filme é natural,
fluido, envolvente. Sem celebridades mais com um elenco maravilhoso, o
longa-metragem pernambucano foi talvez o que de melhor assisti nesse Festival.
Outro cenário, outro sotaque, as mesmas histórias, contadas de outras formas.
No elenco Irandhir Santos,
Gustavo Jahn, Maeve Jinkings dentre tantos outros talentos, que trazem a tona
verdades cotidianas. A expansão imobiliária, as prisões em suas próprias casas,
as milícias, além do tédio da modernidade, da inveja, do novo retrato da família pernambucana,
brasileira.
Famílias tradicionais, marginais, promiscuas verdades, histórias e vinganças, amores, paixões e dinheiro. A maconha que provoca riso, as crianças que parecem gente grande, o carro, status, desrespeito. João, Mariá, Dinho, a dona de casa excêntrica, o zelador, os seguranças, os sonhos, as prisões. Tantas coisas...
O fato é que Kleber costura situações e conta
sua história que é dramática, mas é também cômica, é leve sem deixar de ser
densa, é vida. Parabéns a toda equipe que já levou quatro Kikitos e certamente
vai levar muitos prêmios no Festival do Rio.
Grata! Por que à tão bons filmes se agradece.
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