terça-feira, 2 de outubro de 2012

Augustas


Você conhece São Paulo? E a Augusta, conhece? Foi ali na sala do Centro Cultural da Justiça, que fui apresentada. Em preto e branco, sépia e colorido, as tantas possibilidades de Augustas.
A região que liga o centro a área nobre é desde 1960, reduto de pessoas que buscam o alternativo, artístico, cultural e de entretenimento, mas como não poderia deixar de ser, especialmente nos anos 60, é também reduto de drogas e prostituição. Com tanta realidade deve ter ficado até fácil para o diretor Francisco César Filho, conhecido por seus documentários e curtas-metragens. “Augustas” tem um quê de Boca do Lixo, mesmo sendo um filme atual remete aos filmes dos anos setenta.
Nomes importantes como Hilton Lacerda e José Eduardo Belmonte, são os responsáveis pela roteirização que apresenta-nos Alex (Mário Bortolotto), nosso anti-herói. Um jornalista desacreditado que se embrenha em um universo de descobertas que envolvem a Rua Augusta. As dúvidas e contatações de Alex são em absoluto expostas em suas conversas regadas a cervejas, com o colega Tonico (Henrique Schafer). Nesse entre meio Alex se envolve com Kátia (Caroline Abras), uma prostituta, assim a cama é dividida, especialmente por Alex e Juliano Cazarré no papel de segurança de uma boate da rua que serve de cenário para história. Mais há ainda outras mulheres e questões na vida de Alex, como Jane, uma mulher simples, cheia de desejos interpretada lindamente pela querida Georgina Castro; Marrut (Selma Egrei) e sua namorada Azúcar (Maíra Chasseraux) que levam o personagem a se envolver em questões que o deixam no centro, entre o profano e o místico. Tem ainda sua editora e tudo isso como caminho na busca de um sentido à sua existência.
Assim, o que falta em recursos técnicos e de montagem, é compensado pela temática e na  libido que inunda a tela, por meio das mulheres, da rua Augusta, e todas as suas facetas. Mas devido a sua busca pelo alternativo e do poema sujo, o filme torna-se irregular e um pouco solto.
Na saída do cinema uma alegria e orgulho pelo cinema brasileiro, que como disse Georgina Castro na apresentação do filme merece sorte. Reflexão sobre as tantas possibilidades e uma pequena confusão com as informações oferecidas. Esse filme fez parte da programação do Festival de Cinema do Rio de Janeiro – setembro de 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Some:

Corpos Velhos: Para que servem?

Por Roberta Bonfim Tudo que se vive é parte do que somos e do que temos a comunicar, nossos corpos guardam todas as memórias vividas, muit...