Você conhece São Paulo? E a
Augusta, conhece? Foi ali na sala do Centro Cultural da Justiça, que fui
apresentada. Em preto e branco, sépia e colorido, as tantas possibilidades de
Augustas.
A região que liga o centro a área
nobre é desde 1960, reduto de pessoas que buscam o alternativo, artístico,
cultural e de entretenimento, mas como não poderia deixar de ser, especialmente
nos anos 60, é também reduto de drogas e prostituição. Com tanta realidade deve
ter ficado até fácil para o diretor Francisco César Filho, conhecido por seus
documentários e curtas-metragens. “Augustas” tem um quê de Boca do Lixo, mesmo
sendo um filme atual remete aos filmes dos anos setenta.
Nomes importantes como Hilton
Lacerda e José Eduardo Belmonte, são os responsáveis pela roteirização que
apresenta-nos Alex (Mário Bortolotto), nosso anti-herói. Um jornalista
desacreditado que se embrenha em um universo de descobertas que envolvem a Rua
Augusta. As dúvidas e contatações de Alex são em absoluto expostas em suas
conversas regadas a cervejas, com o colega Tonico (Henrique Schafer). Nesse
entre meio Alex se envolve com Kátia (Caroline Abras), uma prostituta, assim a
cama é dividida, especialmente por Alex e Juliano Cazarré no papel de segurança
de uma boate da rua que serve de cenário para história. Mais há ainda outras
mulheres e questões na vida de Alex, como Jane, uma mulher simples, cheia de
desejos interpretada lindamente pela querida Georgina Castro; Marrut (Selma
Egrei) e sua namorada Azúcar (Maíra Chasseraux) que levam o personagem a se
envolver em questões que o deixam no centro, entre o profano e o místico. Tem
ainda sua editora e tudo isso como caminho na busca de um sentido à sua existência.
Assim, o que falta em recursos
técnicos e de montagem, é compensado pela temática e na libido que inunda a tela, por meio das
mulheres, da rua Augusta, e todas as suas facetas. Mas devido a sua busca pelo
alternativo e do poema sujo, o filme torna-se irregular e um pouco solto.
Na saída do cinema uma alegria e
orgulho pelo cinema brasileiro, que como disse Georgina Castro na apresentação
do filme merece sorte. Reflexão sobre as tantas possibilidades e uma pequena
confusão com as informações oferecidas. Esse filme fez parte da programação do Festival
de Cinema do Rio de Janeiro – setembro de 2012.
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