Adoro receber boas indicações de filmes, pois sempre temo que os melhores não estejam entre os blockbuster. Quando a indicação ao filme vem de alguém que acredito ter absoluto bom gosto, a urgência em assistir, ouvir ou ler a indicação sugerida é ainda maior. E foi exatamente esse o caminho seguido para que eu me deparasse com Little Ashes. A curiosidade urgente fez-se ainda mais presente, quando soube que filme se tratava de Federico Garcia Lorca e Salvador Dali.
Com o primeiro vivi anos, interpretei alguns de seus textos, mas devo admitir que nunca explorei sua vida e seus amores, o segundo durante grande parte da minha adolescência, me acompanhou em cheiros e sonhos, pois impressionada com sua arte, sonhei com seus quadros, mas assim côo o primeiro, nunca me interessou seus por menores.
Comecei a assistir ao filme com algumas expectativas, além da forte indicação, havia o fator escândalo devido a Robert Pattinson (Série Crepúsculo), que vinha trilhando o caminho absolutamente comercial e resolveu arriscar em um filme perigoso. Logo a principio sou remetida ao Filme Sociedade dos Poetas Mortos e todo o glamour que pode haver em um centro de estado que abraça jovens gênios. Lidar com a genialidade não deve ser tarefa fácil. Mas me deixei levar.
O filme dirigido por Paul Morrison, não chega a ser um sucesso, os dados históricos não batem, mas deixando eles de lado, esquecendo-se inclusive que o filme trata sobre três grandes nomes da época, é mais fácil se deixar levar pela história, desejos, sonhos, conflitos. Para alguns críticos o filme é um fiasco. Não concordo, pois ele me levou do inicio ao fim e filmes ruins não consegue prender.
É fato de que grande parte dos comentários, positivos e também negativos, vem da participação de Robert Pattinson, que pela primeira vez me mostra que é um ator, pois o vampiro da famosa série, não havia me convencido do rela talento do artista, que interpreta Salvador Dali e por vezes dá um show de interpretação, não é uma constante, mas tem seus momentos bem marcados.
Eu no entanto me deixei levar muito mais pela sutileza e franqueza de Javier Beltrán que interpreta Federico. Impossível não falar sobre Matthew McNulty (Luis Buñuel), e Marina Gatell (Margarita). Acho forte e talvez um pouco demais a cena em que Luis Buñuel ler o diário de Federico e sai a procura de si, ao que termina em pancadaria. O filme trás uma sensualidade constante, inclusive na jovem escritora, com quem Federico tem uma bela relação.
O fato é que ao tratar de artistas tão emblemáticos, precisaria de mais carga emocional, por parte dos atores, assim como da direção. Por vezes o filme fica estranho, talvez pelo fato de que falarem inglês, não sei ao certo.
No mais, é um bom filme, se não levamos muitas questões em conta. Aos admiradores desses artistas indico a leitura de "Lorca-Dali, o amor que não poderia ser," afinal não se pode afirmar categoricamente que a relação Lorca e Dali foi além da amizade, como alega o filme.
A questão então poderia entrar para outro viés, o da importância do cinema como comunicador. Por fim, penso que seja um filme para se assistir para refletir sobre as dificuldades vencidas, mas pouco fala dos artistas que se submete a expor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Some: