Começando do começo. Tapete
vermelho, com pedras em baixo, mas era um verdadeiro tapete vermelho. Pessoas
bem vestidas falavam dos próximos filmes e suas metas de quinze milhões. Flashs
disparados para todos os lados e fotógrafos gritando, “Solano”, “Regina”, “Domingos”.
Sobrou espaço para outros e alguns, bem alguns se escondiam. Mas tinha também
quem não acreditasse que não eram reconhecidos. Tinha pra todo tipo na
estreia do Festival de Cinema do Rio 2012.
Já dentro do cinema, um festival
extra de celebridades, de pessoas. Sorri ao ver
que ali rolava a tal da democracia, mas só depois que já se esta dentro do
cinema, com luzes fracas e outros focos. A apresentação ficou por conta de
Regina Duarte, (http://robertabonfim.blogspot.com.br/2012/09/espelhos-e-alma-exposicoes-de-regina.html),
que em comemoração aos seus cinquenta anos de profissão; apresentou e poetizou
ainda mais o momento.
Subiram ao palco, Sérgio Sá Leitão (Rio Filmes) as coordenadoras
do Festival, Sr Emilio Kalil e até Marta Suplicy. Depois de algum tempo
e muitos agradecimentos merecidos, sobe a equipe do longa “Gonzaga, de Pai para
Filho”, a pedido do diretor.Breno Silveira que mostrou sua sensibilidade em “Dois
Filhos de Francisco”, toda equipe presente subiu, abraçaram-se sorriram,
explanaram sobre o processo que durou sete anos e desceram para que, comece a projeção.
E...
Começa o filme, na realidade ouve-se a voz e os dizeres. É
Lula, que conquistou o Brasil e o mundo com a politica da sobrevivência, ao som
do baião. É Lula do Exu, do Nordeste, da macheza, É Lula lutando e Luiz,
também. São os dois Gonzagas, pai e filho, filho e pai e um monte de amor. É a
força da música que fala mais que o sangue, é coisa da vida e são os chamados
da morte.
Com uma fotografia maravilhosa e com atores viscerais, músicas
de dois gênios e muita vontade o filme emociona. Assumo que como nordestina na
luta pelo amanhã em terras outras, quis mesmo foi cantar auto “Minha vida é
andar por esse país...”, ou chamar caranguejo, ou quem sabe venço e então me declaro
na arte sem pudor, dor e amor, dor por amor, amor por dor pela dor. São tantas
mensagens.
Com um roteiro rico, sem dificuldade, já que a história
desses dois homens já é o roteiro. De boa pesquisa. O filme chega naquele lugar guardado, onde
por mais que o tempo passe e as relações mudem; mantem-se. Podendo inclusive transforma-se em vários. O
diretor Breno Silveira, acerta muito a mão na direção e assim, conseguimos ver
a passagem do tempo, para além dos detalhes. Além de um elenco
maravilhoso, Breno dirigiu três GonzagaS e três GonzaguinhaS.
Apesar de algumas cenas onde a naturalidade foge, todos tiram
de letra e consegue com leveza ver nas entrelinhas dessas
histórias, desses desencontros culturais, dessas bagagens não compartilhadas.
De um lado Luiz Gonzaga, Rei do Baião, cabra macho do sertão, pobre de doer,
humilhado por coronel, guerreiro, esperto, participou de uma porção de
revolução e não deu um tiro. De outro Luiz Gonzaga Jr., carioca do Morro do São
Carlos, jovem confuso e louco pelo pai.
E assim levam uma vida para se verem e conquistarem. E só se
entendem, quando se ouvem, pois tanto contam em suas canções. O filme acabou na tela e não acabava em mim e confesso, fui
tiete, senti uma vontade do fundo do meu coração de agradecer alguém por seu
trabalho e assim o fiz com Julio Andrade, para que chegue a todos.
Assim, assumo também que filme quando mexe com meu coração,
pode até falhar em uma questão aqui ou ali, mais eu nem vejo. J Grata mais uma vez a possibilidade de assistir tal filme, de
ser emocionada com e por ele, e estou feliz demais pela qualidade do cinema
brasileiro.
E torçam ai para que eu consiga assistir mais filmes. J