sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Gonzaga, de Pai para Filho - Festival de Cinema Rio


Começando do começo. Tapete vermelho, com pedras em baixo, mas era um verdadeiro tapete vermelho. Pessoas bem vestidas falavam dos próximos filmes e suas metas de quinze milhões. Flashs disparados para todos os lados e fotógrafos gritando, “Solano”, “Regina”, “Domingos”. Sobrou espaço para outros e alguns, bem alguns se escondiam. Mas tinha também quem não acreditasse que não eram reconhecidos. Tinha pra todo tipo na estreia do Festival de Cinema do Rio 2012.

Já dentro do cinema, um festival extra de celebridades, de pessoas. Sorri ao ver que ali rolava a tal da democracia, mas só depois que já se esta dentro do cinema, com luzes fracas e outros focos. A apresentação ficou por conta de Regina Duarte, (http://robertabonfim.blogspot.com.br/2012/09/espelhos-e-alma-exposicoes-de-regina.html), que em comemoração aos seus cinquenta anos de profissão; apresentou e poetizou ainda mais o momento.
Subiram ao palco, Sérgio Sá Leitão (Rio Filmes) as coordenadoras do Festival, Sr Emilio Kalil e até Marta Suplicy. Depois de algum tempo e muitos agradecimentos merecidos, sobe a equipe do longa “Gonzaga, de Pai para Filho”, a pedido do diretor.Breno Silveira que mostrou sua sensibilidade em “Dois Filhos de Francisco”, toda equipe presente subiu, abraçaram-se sorriram, explanaram sobre o processo que durou sete anos e desceram para que, comece a projeção.
E...
Começa o filme, na realidade ouve-se a voz e os dizeres. É Lula, que conquistou o Brasil e o mundo com a politica da sobrevivência, ao som do baião. É Lula do Exu, do Nordeste, da macheza, É Lula lutando e Luiz, também. São os dois Gonzagas, pai e filho, filho e pai e um monte de amor. É a força da música que fala mais que o sangue, é coisa da vida e são os chamados da morte.
Com uma fotografia maravilhosa e com atores viscerais, músicas de dois gênios e muita vontade o filme emociona. Assumo que como nordestina na luta pelo amanhã em terras outras, quis mesmo foi cantar auto “Minha vida é andar por esse país...”, ou chamar caranguejo, ou quem sabe venço e então me declaro na arte sem pudor, dor e amor, dor por amor, amor por dor pela dor. São tantas mensagens.
Com um roteiro rico, sem dificuldade, já que a história desses dois homens já é o roteiro. De boa pesquisa. O filme chega naquele lugar guardado, onde por mais que o tempo passe e as relações mudem; mantem-se.  Podendo inclusive transforma-se em vários. O diretor Breno Silveira, acerta muito a mão na direção e assim, conseguimos ver a passagem do tempo, para além dos detalhes. Além de um elenco maravilhoso, Breno dirigiu três GonzagaS e três GonzaguinhaS.

Apesar de algumas cenas onde a naturalidade foge, todos tiram de letra e consegue com leveza ver nas entrelinhas dessas histórias, desses desencontros culturais, dessas bagagens não compartilhadas. De um lado Luiz Gonzaga, Rei do Baião, cabra macho do sertão, pobre de doer, humilhado por coronel, guerreiro, esperto, participou de uma porção de revolução e não deu um tiro. De outro Luiz Gonzaga Jr., carioca do Morro do São Carlos, jovem confuso e louco pelo pai.
E assim levam uma vida para se verem e conquistarem. E só se entendem, quando se ouvem, pois tanto contam em suas canções. O filme acabou na tela e não acabava em mim e confesso, fui tiete, senti uma vontade do fundo do meu coração de agradecer alguém por seu trabalho e assim o fiz com Julio Andrade, para que chegue a todos.
Assim, assumo também que filme quando mexe com meu coração, pode até falhar em uma questão aqui ou ali, mais eu nem vejo. Grata mais uma vez a possibilidade de assistir tal filme, de ser emocionada com e por ele, e estou feliz demais pela qualidade do cinema brasileiro.
E torçam ai para que eu consiga assistir mais filmes. J

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