Após a repetição de algumas
pessoas sobre a importância desse espetáculo para suas vidas, me vi quase
obrigada a assisti-lo, lembrei que logo que cheguei ao Rio de Janeiro tive a
chance de assisti-lo no Teatro Leblon, mas por qualquer razão que bem lembro
qual, mas que não tem a menor importância nesse momento, A questão é que não
assisti. Hoje, no entanto, ao chegar ao Parque das Ruínas onde fica em cartaz
até o dia 16 de setembro (se eu não me engane), cheguei com a certeza de que
era hora.
Compramos talvez os dois últimos
ingressos para apresentação dessa noite, tamanha a quantidade de pessoas que
queriam conhecer essa alma imoral. A apresentação foi ao ar livre, usando-se da
lona existente no Centro Cultural. E
apesar das falhas de produção na distribuição e acomodação das cadeiras, valeu
demais ouvir e sentir tudo que foi possível. Quero talvez mais duas ou três
doses de Alma Imoral.
Mas pra resumir, é um espetáculo
interno. Pois apesar da carismática e forte apresentação da atriz Clarice Niskie,
que desde o inicio nos convida ao bom humor e a leveza, mesmo ao tratar de um
assunto tão sério e urgente; O Humano, a alma, a vida e os tempos. Entendi
então, que era agora o meu tempo, já que só agora estou.
O espetáculo orientado por Amir Haddad começa antes de
começar, a atriz nos apresenta a trajetória, história e o por que. Justifica sua escolha pela temática e explica
que tudo começou de um equivoco de produção de um programa de entrevistas. O
fato é que ali, enquanto falava sobre outro espetáculo denominado Buda, Clarice
conheceu o rabino Nilton Bonder e dali pra cá, esse encontro plantou sementes. Isso porque, Clarice baseou-se no
livro escrito pelo rabino Nilton Bonder, para sua adaptação para o
teatro, assim surge o espetáculo A Alma Imoral. Um espetáculo que tecnicamente
é bom, mais sem grandes destaques, tudo muito harmônico. O grande lance a meu
ver é a simplicidade de Clarice em ser-se, despida de corpo. Ver-se então a
alma.
Além de tantas outras reflexões,
o bom, do correto, justo e suas não definições são temas abordados. Mesmo por que, como defini-las?
E se erramos deve ser afim de acertar, de aprender. Evoluir, talvez. Não por
que vá se viver por toda eternidade, mas por que vive-se agora, o agora.
Clarice Niskier que
já foi premiada com o Shell de melhor
atriz, encanta e convida-nos a essa nudez de nós mesmos, pois é isso que se desenrola
internamente. Eu pensei em pessoas queridas, pensei em minha vida, lembrei de
amigos, quis que alguns estivessem ali junto comigo.
Assim, o espetáculo é na
verdade uma quase meditação grupal. Todos tão ali e tão em si. Dessa forma
novas luzes são acesas em nossas almas tão imorais.
Finalizo esse texto agradecendo a Dona Léa, responsável por esse
desenvolver de reflexões e fabulas. Assim, Clarice discorre sobre a nudez e a imoralidade da alma e usa, para
tanto, conceitos que vão além da religião e da filosofia com pitadas de bom
humor, para nos dizer que: "não existe
tradição sem traição" e tantas outras coisas.
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