domingo, 16 de setembro de 2012

O Belo Indiferente


Com texto de  Jean Cocteau (1889-1963), o espetáculo “O Belo Indiferente” foi escrito para Edith Piaf (1915-1963). Onde a personagem principal, vivida pela atriz Djin Dganzerla, é uma cantora de cabaret que espera por seu homem sozinha na sua casa. Assim, as horas passam e a insegurança aumenta até que a loucura aparece. O homem chega e a ignora, não diz se quer uma palavra, indiferente à verborragia da mulher. Dessa forma desenrola-se o espetáculo belamente indiferente, assim vi o espetáculo “O Belo Indiferente”, que tem direção de André Guerreiro Lopes e Helena Ignez. Logo de cara a ideia de teatro no palco. Amo teatro de arena, mas teatro no palco ainda é algo que me causa estranheza. O cenário me confundiu, não conseguia identificar uma época e nem tão pouco senti o atemporal, dessa forma o espetáculo acontece em lugar nenhum do tempo.
Com muita fumaça e um jogo de luz que me remeteu a uma rave, o espetáculo começa. Uma mulher nervosa e chorosa entra em cena e... Bem daí pra frente uma linearidade surpreendente, como se a situação inicial se repetisse e mais uma vez. A atriz é sensacional mais por algum motivo durante quase todo espetáculo não alcança. A questão é que a atriz não usa bem os muitos recursos que se apresentam. O começo do espetáculo é tão repetitivo que o publico se distrai. Felizmente no final do espetáculo Sganzerla surpreende positivamente ao ganhar ritmo e usar-se bem de suas expressões faciais.
O figurino de Simone Maia é sensível. Em se tratando na parceria entre cenógrafo e concepção, a ideia das pedras no lugar do colchão, dos espelhos, são opções interessantes, por oferecerem sentidos outros para a situação.
Fui esperando mais da cena e do texto de Cocteau, que sim é forte e merece reconhecimento, mas me pareceu por si um tanto linear (pelo de acordo com o visto). O grande lance do espetáculo ao meu ver são os sons, que mesmo com algumas falhas tentavam dá ritmo a narrativa. E penso que esse seja o caminho, a protagonista se deixar guiar por esses ritmos repletos de pesquisa. Os sons são belos não indiferentes. E por falar no Belo, o homem, o macho, bem, não senti segurança em sua indiferença.  
É um espetáculo audacioso, isso é certo e a questão é que paga-se um preço para tanto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Some:

Corpos Velhos: Para que servem?

Por Roberta Bonfim Tudo que se vive é parte do que somos e do que temos a comunicar, nossos corpos guardam todas as memórias vividas, muit...