sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Azul É a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche.


Até onde somos quem somos? E o que somos? Sabemos? Mais do que qualquer coisa o longa de Abdellatif Kechiche, mostra a busca do ser por si. É essa busca por si  traçada por Adèle que deixa o filme tão vivo e em um tempo tão ímpar. E me pergunto se foi um tempo proposto pela direção, ou se é o tempo da descoberta da jovem atriz, o fato é que o filme acontece no que me parece o tempo exato do ato. Nada é uma plena surpresa, mas nem de longe cai no obvio e/ou no clichê.

O filme apresenta-nos Adèle, vivida por... Adèle Exarchopoulos, que além de linda, estimula carinho e atenção, e assim como o filme, busca o seu tempo de acontecer. Mas, junto mostra-nos Emma (Léa Seydoux) seus olhos e cabelos azuis, e sua vontade de arte. E assim, entre amigos, família, trabalhos, sonhos, arte e referências como, Sófocles, Rimbaud e Alain Bousquet, as histórias dessas mulheres se entrelaçam e há tantos entres. E nascem tantas reflexões... Lembro-me de amigas e amigos, lembro de que alguns perdi para intensidade da descoberta do ser.
Enfim, o filme que traz referências explicitas e implícitas, dialoga com movimentos sociais parisienses, como manifestos políticos e a parada gay, mas dialoga também com o preconceito, com os medos, trocas, verdades e mentiras, desejos, pois é no corpo que essas duas mulheres se entendem plenamente. Mas fala ainda de classe e gênero, fala dos subsetores e mostra em pinceladas os artistas. Junto ainda propõem fotografias belas e bem cuidadas e uma trilha sonora gostosa. Com tudo isso, a premiação em Cannes não me parece surpresa. Talvez especialmente por não tratar de sexualidade, mas da busca do ser que é Adèle.


Super ótimo e sensível. Compartilho também entrevista da jovem atriz. (http://www.youtube.com/watch?v=GTDLBk7A4Cw)



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