Mantendo as Atualizações.
Depois de muito me questionar
sobre assistir ou não o filme Serra Pelada, me rendi e assisti. E se pego as
minhas expectativas finais e faço um paralelo com o visto, então o filme é
maravilhoso. No entanto, se faço um paralelo com as minhas primeiras
expectativas então o filme deixa a desejar.
Falar sobre Serra Pelada é falar
sobre um fato importantíssimo da história do nosso país. Pois no nosso
contexto, nunca há um fato isolado. Assim, penso que com esse tema, um elenco
tão competente e grana para uma produção desse porte, então Heitor Dhalia fez pouco, aproveitou menos do que podia seu
elenco, bem como contexto. Mas ainda sim fez, concretizou, trouxe a tona uma
possibilidade de realidade, mesmo sendo ela pano de fundo outras relações e
romances, e traz na narrativa, e nas imagens elementos experimentais muito interessantes,
como no momento em que se fala sobre sensação da malária.
Algumas fotografias são chocantes
e a força de Júlio Andrade em cena, emocionam. E todo o conjunto me remete ao
Poderoso Chefão, me lembram dos velhos (ainda existentes) coronéis que matam
indiscriminadamente e do legado deixado pela necessidade capitalista, onde
dinheiro é poder, esquecendo-se que poder precisa estar aliado a
responsabilidade. Enfim, se o objetivo do filme é provocar essa reflexão, então
ele precisaria sinalizar com mais foco, pois o que parece por vezes é um
batismo à essa violência da Serra Pelada, e do cotidiano.
Ao tempo em que sinto o não
aproveitamento do todo artístico e contextual, é inegável a percepção de um
cinema tecnicamente mais preparado e bem cuidado. E como bairrista não escondo nem de longe o
orgulho de ver tantos Nordestinos, cearenses e amigos conquistando espaço no
cinema nacional. Grata satisfação ver pessoas tão talentosas e queridas em
cena. Longa vida as muitas possibilidades do cinema Brasileiro.
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