segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Serra Pelada, de Heitor Dhalia


Mantendo as Atualizações.


Depois de muito me questionar sobre assistir ou não o filme Serra Pelada, me rendi e assisti. E se pego as minhas expectativas finais e faço um paralelo com o visto, então o filme é maravilhoso. No entanto, se faço um paralelo com as minhas primeiras expectativas então o filme deixa a desejar.
Falar sobre Serra Pelada é falar sobre um fato importantíssimo da história do nosso país. Pois no nosso contexto, nunca há um fato isolado. Assim, penso que com esse tema, um elenco tão competente e grana para uma produção desse porte, então Heitor Dhalia  fez pouco, aproveitou menos do que podia seu elenco, bem como contexto. Mas ainda sim fez, concretizou, trouxe a tona uma possibilidade de realidade, mesmo sendo ela pano de fundo outras relações e romances, e traz na narrativa, e nas imagens  elementos experimentais muito interessantes, como no momento em que se fala sobre sensação da malária.

Algumas fotografias são chocantes e a força de Júlio Andrade em cena, emocionam. E todo o conjunto me remete ao Poderoso Chefão, me lembram dos velhos (ainda existentes) coronéis que matam indiscriminadamente e do legado deixado pela necessidade capitalista, onde dinheiro é poder, esquecendo-se que poder precisa estar aliado a responsabilidade. Enfim, se o objetivo do filme é provocar essa reflexão, então ele precisaria sinalizar com mais foco, pois o que parece por vezes é um batismo à essa violência da Serra Pelada, e do cotidiano.

Ao tempo em que sinto o não aproveitamento do todo artístico e contextual, é inegável a percepção de um cinema tecnicamente mais preparado e bem cuidado.  E como bairrista não escondo nem de longe o orgulho de ver tantos Nordestinos, cearenses e amigos conquistando espaço no cinema nacional. Grata satisfação ver pessoas tão talentosas e queridas em cena. Longa vida as muitas possibilidades do cinema Brasileiro.  

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