Cheguei ao Rio, para abraçar um caminho mais artístico, teatral, musical e logo de chegada, no primeiro dia na cidade, me deparo com um projeto que me parece em absoluto interessante; Projeto Nova Dramaturga Brasileira.
O projeto apresenta jovens escritores e diretores de diversos estados brasileiros (por mais que eu tenha a sensação de que todos acabam por comungar das mesmas referências, pelo menos foi o que senti, nos dois espetáculos assistidos; “Concerto Para Quatro Vozes e Alguma Memória” e “Terror”).
São quatro espetáculos inéditos sob autoria de: André de Leones (GO), Xico Sá (PE), Joca Reiners Terron (MT), João Paulo Cuenca (RJ), Cristina Moura (DF), Fernando Yamamoto (RN), Haroldo Rego (PB) e Pedro Brício (RJ). A abrangência de estados deveria permitir traçar um panorama da dramaturgia no país, mas nem sempre se alcança o objetivo traçado.
O que é sensacional é o fato de que os textos são inéditos e escritos especialmente para o projeto e os diretores tiveram a liberdade de escolher o material com o qual mais se identificavam. Um projeto livre e novo no âmbito sentindo da palavra.
Minha recepção foi dada pelo espetáculo, “Concerto para Quatro Vozes e Alguma Memória” de autoria de André de Leones e direção de Cristina Moura. Na trama o presente e o passado de dois casais são trazidos à tona, sendo a memória o território desconhecido e instigante. Um homem e três mulheres exploram este universo mutável do cotidiano, passando pelo fantástico e obscuro, com momentos que vão da extrema alegria a mais profunda tristeza. É como diria eu mesma, um texto bipolar.
O cenário simples me chamou atenção, assim com a atuação de Raquel Rocha. Pena que o final tenha deixado a desejar. O uso do áudio visual me pareceu em absoluto dispensável. Alguns artifícios só combinam bem em outros contextos. Mas no geral gostei do que vi e me senti bem vinda, tanto que nesse final de semana passado fui assistir “Terror” sob autoria de João Paulo Cuenca e direção de Pedro Brício. Aborda o encontro entre dois amantes no Rio de Janeiro no dia da queda das Torres Gêmeas. Ela? Mora em NY com seu namorado, e está com a volta marcada para o dia seguinte. Ele? Seu amante, nada ver com seu namorado. Onde? Ambos no Brasil, após uma noite de amor. Em NY? A queda das Torres provoca uma crise mundial e também entre os dois. Desencadeiam-se em conflitos, gerando dúvidas sobre qual será o futuro de ambos.
O texto é uma delicia, sem deixar de ser o arroz e feijão, pois se fala do amor, da vida e suas dualidades. A atriz Nina Morena, além de linda é de um talento inspirador, João Velho mostra coragem para tanta exposição em um espaço tão intimista. A luz do espetáculo é um espetáculo a parte, por ser simples, talvez.
Gosto do espetáculo, mas não pude deixar de me sentir em frente à Televisão e sinceramente não e isso que busco no teatro, isso tenho na TV. Senti falta de uma vicinalidade que nesse pseudo realismo absoluto não cabe.
Semana que vem entram em cena os nordestinos: O que esperar?
Frase de Impacto: “Tenho medo que mintas para mim, como minto pra ti.” (Terror)
Serviço: A Mulher Revoltada
Direção: Fernando Yamamoto
Autor: Xico Sá
Data: 04 a 07 de agosto (quinta a Sab. 21:30hrs. Domingo 20hrs.
Local: Espaço Sesc Copacabana, Rua Domingos Ferreira, 160.
Fichas técnicas:
Concerto para quatro vozes e alguma memória
De André de Leones
Direção – Cristina Moura
Elenco: Branca Messina, Raquel Rocha, Marina Vianna e Pedro Henrique Monteiro
Terror
De João Paulo Cuenca
Direção – Pedro Brício
Elenco: João Velho e Nina Morena
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